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Falta conhecimento!

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 02/08/2004

3 MIN DE LEITURA

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Na última quinzena de julho participei do principal evento científico brasileiro, que reúne economistas e sociólogos que se dedicam ao agronegócio - o Congresso da SOBER. Ocorreu em Cuiabá-MT. Vários trabalhos sobre leite foram apresentados. Saí de lá com uma certeza: a velocidade de transformação da cadeia produtiva do leite está tão intensa, que estudos realizados com dados de até 2000 já são coisa do passado!

Se analistas estão desatualizados, fico a pensar como deve ser difícil para tomadores de decisão do Governo entenderem os reclamos do setor e como é complexo para pequenos e médios laticinistas e produtores manterem-se competitivos. Sim, pois é impossível ser competitivo sem ser atualizado. E sem informações atualizadas, não se fazem projeções factíveis sobre o futuro. Sem projeções, não se sabe para onde se vai. Passa-se a ser guiado, ao invés de ser guia.

Na segunda metade da década passada o setor fez duas revoluções. Primeiro, foi introduzida a lógica de logística. A granelização na coleta, a reestruturação dos processos nas fábricas e a mudança na distribuição são resultantes desse conceito. A segunda revolução foi o investimento das entidades de representação na contratação de técnicos, para elaborar estudos e assessorar lideranças políticas dos produtores.

Agora, o setor está prenhe de um novo rebento revolucionário. Refiro-me à melhoria da qualidade da matéria-prima e a consolidação do Brasil como player no comércio internacional. Como é típico no Brasil, essas novas transformações acontecerão de modo rápido, profundo e intenso, ao contrário do que nossa cultura teima em nos ensinar.

Mas, estas revoluções, a da década passada e a que se avizinha, são meias revoluções. Na verdade, estamos apenas nos atualizando em relação aos nossos competidores. É correr atrás do tempo perdido. Embora fundamentais, ambas não asseguram vida longa.

Qual o papel que queremos desempenhar no mundo lácteo internacional? Será apenas o de usufruir de nossa vantagem comparativa derivada dos baixos custos de produção? Iremos reproduzir o modelo típico de terceiro mundo, ou seja, por meio dos lácteos, ser superavitário na balança comercial e deficitário na conta de serviços? Isso efetivamente assegura ganhos contínuos de rentabilidade para produtores e laticinistas?

Penso que não. O que assegura é conhecimento pleno do setor e do negócio leite! E, nesse aspecto, estamos muito aquém do que é necessário para sermos efetivamente competitivos. Falta o essencial a todos nós do setor: conhecimento!

Durante a realização de um outro Congresso, o Brasileiro de Laticínios, realizado em Juiz de Fora também no mês de julho, quem lá esteve pôde ver quão complexo e variado é o setor lácteo. Lá estavam em exposição 250 empresas, distribuídas em 4 mil m2. Empresas se frustraram porque não havia espaço para todas (22 não puderam expor seus produtos), ou o espaço disponível foi aquém do desejável.

Isso mostra vitalidade do setor. Circular entre os stands confirma essa afirmação. Várias empresas metalúrgicas, de papel e celulose, de plásticos, de eletrônicos estavam presentes. Leite é tudo isso! E muito mais: é química, química, química. Circulando pelas empresas que comercializam insumos químicos, percebemos como somos dependentes do mercado internacional. Compramos quase tudo do exterior.

Com técnicos do CEPEA e OCB/CBCL, tive oportunidade de desenvolver um estudo ainda inédito, que dentre outros tópicos, procurou entender o que fizeram algumas cooperativas para serem as mais importantes do mundo. Esse assunto é extenso. Fico apenas num ponto: todas elas entendem que, para agregar valor ao leite, é fundamental ter uma estrutura organizacional que gere conhecimento, além de possibilitar a sua incorporação na geração de novos produtos.

Isso significa formar pessoas com esse enfoque, em termos administrativos e técnicos. Significa conhecer o mercado de cada país em que se quer conquistar, o que demanda conhecer a preferência do consumidor, que varia em cada país. Significa gerar novos produtos lácteos continuamente e, principalmente, desenvolver produtos que sejam insumos para outros setores, que têm no leite importante fonte de insumos.

No Brasil, estamos começando a segunda revolução (a da qualidade) que vai assegurar que o leite deixará de ser lembrado, principalmente pelo ministério da saúde, como possível vetor de doenças. Mas nossos concorrentes já estão em outro patamar. Estão concebendo leite como vetor de saúde, pois estão tendo retornos financeiros importantes com a geração de nutracêuticos e alimentos funcionais.

Quando e como iniciaremos os preparativos para que esta revolução definitiva se incorpore a nós, de modo institucional e generalizado?

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MARCELO VIDAL DA SILVA

CURITIBA - PARANÁ - VAREJO

EM 16/02/2009

A profissionalização do setor produtivo é, sem nenhuma dúvida, fundamental para a nossa competitividade internacional; no entanto, sou pessimista quanto ao alcance deste objetivo no médio prazo. Temos a questão do desenvolvimento humano, que no Brasil não é satisfatório e, é claro, a precariedade do nosso sistema educacional.

Será uma tarefa árdua e demorada.
ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/08/2004

Prezado Prof. Paulo Martins,

Realmente é complexo para pequenos e médios laticinistas e produtores manterem-se competitivos. Tenho ministrado cerca de 3 palestras por mês para pequenos e médios produtores de leite em Goiás e percebo o quão distante eles se encontram do processo de profissionalização. Temos um bom desafio pela frente na Cadeia do leite, em especial, no que diz respeito à competitividade do segmento produtor.
A. Carlos de Souza Lima Jr.

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