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EUA: custos e competitividade da produção de leite

POR VALTER GALAN

E CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

PANORAMA DE MERCADO

EM 20/08/2015

5 MIN DE LEITURA

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O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) monitora, mensalmente, informações de custos de produção de leite naquele país. Tomamos algumas informações deste grande banco de dados para uma análise um pouco mais aprofundada do leite americano, a evolução de seus custos e algumas conclusões sobre sua competitividade.

O gráfico 1 mostra a evolução dos custos operacionais de produção, do custo total e do preço do leite.

Gráfico 1. EUA - Custos de produção (¹), preço do leite ao produtor e variação da produção (²)

(1) Custo Total = Custos operacionais + Custos “alocados”.
Como custos operacionais o USDA lista as seguintes contas: todos os itens ligados a alimentação + medicamentos e vacinas + combustíveis, lubrificantes e eletricidade + serviços contratados + manutenções + pagamento de juros sobre capital operacional + outros itens de desembolso mensal.
Custos “alocados” = depreciações + mão de obra familiar + mão de obra contratada + despesas administrativas + taxas e seguros + arrendamento de terra
(2) Produção do mês corrente/produção do mesmo mês no ano anterior (%)
Fonte: Elaboração de MilkPoint Inteligência, a partir de dados do USDA


Este primeiro gráfico permite algumas observações interessantes sobre a produção americana de leite:

• Ainda que a cobertura dos custos totais de produção seja objetivo constante em qualquer atividade econômica, aparentemente ela não vem sendo o principal driver de crescimento da produção nos Estados Unidos. No período analisado, a produção americana de leite cresceu, em média anual, 1,7% e, por outro lado, apenas em alguns meses em 2014 o preço do leite ultrapassou o custo total de produção (na média apurada pelo USDA).

• Em 2014, percebe-se uma redução importante nos preços do leite. Com esta redução de preços percebe-se também uma redução no ritmo de crescimento da produção americana; mas, ela ainda segue crescendo, mesmo que em ritmo menor (o último dado, relativo ao mês de julho de 2015, aponta crescimento de 1,2% na produção versus o mês de julho de 2014).

• Na média, os preços atualmente pagos ao produtor americano (equivalentes a US$ 0,40/litro de leite) cobrem os custos operacionais do produtor (que, no último dado disponível, para maio de 2015, foram em média de US$ 0,33/litro de leite) e, ainda que a redução de preços tenha sido brutal, a situação não é historicamente desesperadora para o produtor americano (a atual diferença entre preços e custos operacionais – de cerca de US$ 0,07/litro – já foi verificada no passado sem impactos relevantes do crescimento da produção do país).

Sobre a composição do custo total de leite, entre operacionais e “alocados” (depreciações + mão de obra familiar + mão de obra contratada + despesas administrativas + taxas e seguros + arrendamento de terra), o gráfico 2 traz uma ideia clara da importância de cada um deles no custo final do pecuarista americano.

Gráfico 2. Composição do custo total de leite – Operacionais e “Alocados”

Fonte: Elaboração de MilkPoint Inteligência, a partir de dados do USDA
* Informações não disponíveis entre março e junho de 2013

Na média do período analisado, os custos operacionais de produção de leite foram de US$ 0,35/litro, representando 66% do custo total de produção. Claramente, os custos operacionais subiram de um patamar de US$ 0,30/litro para valores ao redor de US$ 0,40/litro entre 2010 e 2012 para, posteriormente, voltar ao patamar de US$ 0,30-0,33/litro, até os primeiros cinco meses de 2015.

Já os custos “alocados” mantêm-se relativamente mais estáveis ao longo do tempo, entre US$ 0,180/litro e US$ 0,195/litro, representando, em média, 34% do custo total de produção. Dentre os “alocados”, destaca-se a depreciação que, em média, representa 43% destes custos (observe o gráfico 3, com a composição dos custos “alocados”).

Gráfico 3. Composição dos custos “alocados” (1) de produção de leite nos Estados Unidos

(1) Custos “alocados” = depreciações + mão-de-obra familiar + mão-de-obra contratada + despesas administrativas + taxas e seguros + arrendamento de terra
Fonte: Elaboração de MilkPoint Inteligência, a partir de dados do USDA


Depreciações + mão de obra familiar + mão de obra contratada significam, em média, 92% destes custos “alocados”. Assim sendo, analisando o histórico de preços e custos totais monitorado pelo USDA, pode-se inferir que, na maior parte do período analisado, o preço pago ao produtor não remunerou totalmente as depreciações e as despesas com mão de obra (seja ela familiar ou contratada). Numa nova realidade de Farm Bill e intervenção governamental no mercado americano, por meio da recém-criada MPP – Margin Protection Plan (Plano de Proteção de Margens), os produtores terão de adaptar-se ao uso desta nova ferramenta de proteção de seus resultados.

Chama a atenção a elevada alocação de custos para mão de obra familiar, mesmo considerando que o produtor médio americano é um produtor de porte pequeno, de cerca de 4700 litros/dia. Como aqui no Brasil, nos EUA também está havendo uma migração da produção para os grandes produtores, com mais de 50% do leite vindo de fazendas com mais de 1000 vacas. Certamente, esses produtores maiores possuem outra dinâmica de custos, e provavelmente estão cobrindo com maior facilidade todos os custos. Isso mostra porque o número de produtores cai ano a ano. No final das contas, há concentração nos mais eficientes (e maiores).

Assim sendo, ainda que os dados médios sejam importantes para apontar as tendências de um setor, eles não refletem totalmente as mudanças estruturais que vêm acontecendo. Neste caso, assim como no caso brasileiro, os produtores eficientes estão crescendo e ampliando seus volumes, e isso faz com que o perfil médio do setor vá mudando ao longo do tempo.

Finalmente, à semelhança de muitos sistemas de produção brasileiros com maior nível de especialização, os custos de alimentação são a parte mais relevante do custo total de produção de leite nos Estados Unidos (observe o gráfico 4).

Gráfico 4. Custos de alimentação e sua participação sobre o custo total de leite nos EUA

Fonte: Elaboração de MilkPoint Inteligência, a partir de dados do USDA

Como aqui, soja e milho são as variáveis mais relevantes neste item e, com a grande inserção brasileira no mercado internacional de ambos os grãos, as referências de preços do produtor americano tendem a ser as mesmas que as acompanhadas pelos produtores de leite aqui no Brasil, basicamente traduzidas pelos mercados futuros da Bolsa de Chicago.



ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

Economista formado pela ESALQ/USP; Coordenador de Conteúdo do MilkPoint Mercado

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ALUISIO PUGLIA DE AZEVEDO

MIRACEMA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2015

É muito oportuno êste artigo sobre produção de leite americana,êle veio mostrar que a principal característica setor é abaixa lucratividade com alternancia de preços remuneradores ou deficitàrios em função do período de sêca ou de chuva´da alta do dolar´do desemprego etc.Na verdade, os produtores familiares estão sobrevivendo melhor que os médios já que os grandes ainda em minoria possuem mais possibilidade de progredir,como é normal no regime capitalista;No Brasil,já começamos a adotar uma  postura moderna e salvadora melhorando a qualidade do rebanho,das pastagens,da preservação  ambiental,da mão de obra da mecanização da administração etc.;Êste é o caminho.    
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/08/2015

Olá Marcello,



A partir de 2012, percebe-se uma redução nos preços da soja e do milho no mercado americano, que ocasiona esta redução nos custos de alimentação do rebanho leiteiro daquele país.



Abraço,



Valter
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/08/2015

Prezado Valter



Agradeço as considerações.



Você aponta p aumento do percentual da mão de obra no custo operacional em função da redução do custo de alimentação que é o principal item do custo operacional.



Realmente, me parece que os valores médios do período apontam para um custo médio de alimentação de US$ 0,211, que representa cerca de 48% do custo operacional, bem abaixo dos 55% a 62% do que tenho visto por aqui.



Qual a razão da redução do custo de alimentação nos USA e do mesmo ficar abaixo de 50% do custo operacional?



Abraço



Marcello de Moura Campos Filho
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/08/2015

Olá Marcello,



Muito obrigado pelas observações.



Segundo os números apresentados pelo USDA, a mão-de-obra (contratada + familiar) representa, na média do período estudado, 24,1% do custo operacional de produção de leite. Este percentual vinha apresentando queda desde 2010 (quando foi de 27,7% do Custo operacional) até 2013 (quando chegou a 22,2%), mas voltou a aumentar, em sua participação, a partir de então; em 2015, até maio, o custo de mão-de-obra representou 25,6% do custo operacional - este aumento foi devido, provavelmente, a redução do custo da alimentação (o principal item de custo operacional que, em sendo reduzido, aumenta a importância percentual dos demais itens operacionais de custo).



Um abraço



Valter
JOSE DENER SILVA COSTA

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/08/2015

Reailente e muito dificil gastar mais do que ganha, para conta fechar tem produzir alimentos na propriedade.
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2015

Prezado Valter Galan



Muito bom o artigo.



Normalmente aqui tenho visto o custo da mão de obra ( familiar ou contratada ) incluido na despesa operacional, geralmente ficando entre 16% a 22% do custo operacional.



Olhando de forma geral os gráficos me parece que nos USA a média no período analisado seria:



Custo operacional = US$ 0,35/L

Custo Alocado = US$ 0,19/L

Custo total = US$ 0,54/L



sendo que a média do custo da mão de obra ( familiar + contratada ) incluída nos custos alocados é da ordem de US$ 0,09/L no período. Transpondo esse valor para os custos operacionais teríamos:



Custo operacional = US$ 0,44/L

Custo alocado = US$ 0,10/L

Custo total = US$ 0,54/L



A mão de obra representaria nos USA cerca de 20,5% do custo operacional ( inclusa mão de obra familiar e contratada neste custo ), o que é compatível com o tenho visto aqui ( entre 18% a 22% ).



Está correta essa avaliação?



Abraço



Marcello de Moura campos Filho
CELSO IVAN FERREIRA

LAGOA DA PRATA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/08/2015

Interessante que com esse custo eles comseguem exportar. Como que essa conta fecha?
CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/08/2015

Olá, Júlio. Obrigado pelo comentário.



Sim, com certeza a conta não fecha, principalmente no caso dos produtores menores. Por isso mesmo, nos EUA ocorreu e vem ocorrendo uma grande redução no número de fazendas (de 648 mil em 1970 para 58 mil em 2012). Além disso, 65% do crescimento da produção de leite americana entre 2011 e 2012 veio de 1.730 fazendas (3% do total).



O que ocorre é que a fazenda média hoje não é sustentável economicamente, o que tem estimulado o crescimento das fazendas de maior porte. Você pode conferir essas informações neste outro artigo: https://www.milkpoint.com.br/seu-espaco/espaco-aberto/eua-grandes-fazendas-sao-rentaveis-95497n.aspx
JULIO PACHECO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/08/2015

1o Parabéns pelo artigo. Acredito porém que tão bem quanto as estatísticas os americanos saibam fazer contas.  Como é então que os produtores sobrevivem?  Se por exemplo o preço é R $ 1,00 e o custo é R $ 1,30, quem arca com a diferença?

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