ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Enfim os números! Vamos a eles!

POR VALTER GALAN

E VINÍCIUS NARDY

PANORAMA DE MERCADO

EM 30/06/2020

4 MIN DE LEITURA

1
8

Números explicam tudo, ou quase tudo! Já dizia a Professora Miriam Bacchi, do Departamento de Economia da ESALQ/USP, uma referência em ferramentas econométricas, que “torturando” os números eles sempre acabam mostrando o que queremos que eles provem!

Definitivamente não é caso aqui – não é necessário “torturar” os números para que claramente se perceba o que queremos demonstrar. Este breve artigo pretende mostrar os efeitos das enormes alterações ocorridas do lado da demanda no equilíbrio do mercado lácteo pós-covid, que têm gerado a fortíssima escalada de preços (semelhante à ocorrida depois da greve dos caminhoneiros, em 2018) verificada até o momento.

Efeito auxílio emergencial do governo federal (o “corona voucher”) no mercado

O PIB brasileiro foi, em 2019, de R$ 7,26 trilhões ou algo como R$ 604,7 bihões mensais. No primeiro trimestre de 2020 a queda (antes da covid) foi de 0,3% e, portanto, o número mensal do PIB deve ter sido algo como R$ 602,9 entre janeiro e março deste ano. Com a pandemia, o governo federal implementou uma série de medidas de auxilio direto às pessoas e às empresas – a mais relevante delas até o momento (e responsável por quase 50% destes gastos emergenciais) foi o auxílio emergencial direto de R$ 600,00/mês/pessoa, entre abril e junho, o chamado “corona voucher”. Na tabela 1 vemos um resumo destes números.

Tabela 1. PIB brasileiro e auxílio emergencial da covid. Fontes: IBGE e Senado Federal: 

Somente a injeção direta de recursos deste “auxílio emergencial” na economia brasileira (cerca de 50% dos gastos emergências) representou um impacto no PIB brasileiro da ordem de 8,5% no segundo trimestre de 2020! Extremamente significativo!

Agregado a este efeito gigantesco, soma-se a mudança de hábitos de consumo de parte significativa da população. Estamos basicamente dentro de casa, cozinhando mais e consumindo mais lácteos (creme, requeijão e outros itens, muito usados nas refeições preparadas em casa). Adicionalmente, depois de uma situação catastrófica no início da pandemia, pizzarias e outros canais de food service voltam a recuperar parte de suas vendas.

Como resultado, depois de pequeno crescimento no volume de vendas no primeiro trimestre do ano, vendem-se muito mais lácteos no acumulado janeiro a maio em relação ao mesmo período do ano passado (observe o gráfico 1).

Gráfico 1. Vendas (em total valor) de algumas categorias lácteas (janeiro a maio – 2020/2019). Fonte: Nielsen, atualização semanal vendas offline FMCG no Brasil - Impactos da COVID-19 (AS + CC + Farma).

Tomando o caso do leite UHT, o faturamento (volume x preço médio) de vendas do derivado cresceu 17,5% entre janeiro e maio deste ano vs o mesmo período do ano passado. Usando o dado da FIPE para preços do varejo, verificamos que o valor médio do UHT subiu 5,8% no período. Assim, por diferença, o volume de vendas aos consumidores finais de leite UHT cresceu este ano impressionantes 11,1% (este número é referendado pela variação apurada por outros institutos de pesquisa de mercado)! Agregando a esta análise a informação (da mesma Nielsen) que indica que no primeiro trimestre do ano o volume vendido de UHT cresceu apenas 1% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, significa dizer que em abril e maio as vendas do derivado no varejo auditado pela Nielsen cresceram quase 28%!

Do lado da oferta, o cenário é extremamente bem descrito pelo artigo dos pesquisadores Glauco Carvalho e Denis Teixeira, da Embrapa Gado de Leite, publicado no MilkPoint Mercado na semana passada ('Baixa disponibilidade de leite eleva os preços na cadeia produtiva').  O quadro descrito por eles resume-se no gráfico 2, que apresenta a disponibilidade per capita de leite até maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Gráfico 2. Disponibilidade per capita de leite – 2020 vs 2019. Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE e do MDIC. Utiliza estimativa de queda na produção de leite em abril e maio de 2020 de cerca de 0,6% em relação aos mesmos meses de 2019.

Nos meses de abril e maio de 2020, com uma demanda bastante maior (28% maior no caso do leite UHT, que absorve 20% do leite brasileiro) e com disponibilidade 3,5% menor, não surpreende, portanto, a movimentação de preços ocorrida nos valores praticados da indústria de laticínios ao varejo, e pelo leite spot. Como no leite ao produtor a informação vigente ainda é aquela do preço pago em maio (pelo leite de abril...), a informação do aumento ainda não chegou, mas certamente chegará para junho e, provavelmente, para julho.

Para finalizar, a pergunta que fica é: até quando vamos com este cenário? O “auxílio emergencial” do governo federal vai até junho e discute-se a prorrogação por julho e agosto, com valor por pessoa inferior ao praticado até agora. Ao mesmo tempo, os volumes da nova (e, este ano, claudicante) safra do sul do país devem começar a aparecer no mercado, talvez mais fortemente em julho, ou provavelmente em agosto. Da mesma forma, e apesar da taxa de câmbio, as importações lácteas voltam a “assombrar” o mercado brasileiro (este um assunto para uma análise específica). Vale aqui o alerta do Marcelo em seu texto, aqui publicado “Andando sobre gelo fino” – ...cuidado com a euforia. A verdade é que estamos andando sobre gelo fino...!

Vale a pena ler também > De programas de incentivo à demanda aquecida: veja a opinião de 3 indústrias sobre o momento atual

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

VICENTE RÔMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/07/2020

Porque não dizer que o produtor está se profissionalizando. Preço baixo colcho baixo, férias para animais com prenhes descansar um pouco mais, dentre outras medidas dentro da porteira. Preço justo, colcho cheio e sem muito empolgação, porque a turma que precisa da matéria prima(leite) certamente não conviveram com esta situação por muito tempo. O país está mudando e porque não dizer o mundo, com seus reais valores dentro dos princípios cristãos, com ( compra e venda) justa para ambas as partes.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures