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Com preços maiores, mercado interno sinaliza estabilização; cenário internacional pode interferir

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARLIZI M. MORUZZI

PANORAMA DE MERCADO

EM 16/04/2010

5 MIN DE LEITURA

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Preços em alta, produção reduzida com o início da entressafra, mercado atacadista aquecido e valores no varejo reajustados. Esse foi o cenário do mês de março, na maior parte do país. Os produtores receberam, na média nacional, 10% a mais pelo leite produzido em fevereiro, segundo dados do Cepea-Esalq/USP, reflexo da maior concorrência pela matéria-prima em função do recuo na produção e da Páscoa. A média nacional em março (leite de fevereiro) ficou em R$ 0,6795/litro, com a captação mostrando recuo de 4,04% de janeiro para fevereiro, de acordo com o Índice de Captação de leite do Cepea (ICAP-L).

No final de março o IBGE divulgou os dados referentes à produção formal de leite no 4º trimestre, com os quais pudemos conhecer o valor da captação formal em 2009: foram 19,6 bilhões de litros, representando uma alta de 1,6% frente à captação de 2008 (gráfico 1). Apesar do recuo na produção no 1º bimestre, a produção este ano está maior: se comparado o ICAP-L de fevereiro/10 com o de fevereiro/09, a produção registra aumento de 2,9%. Ou seja, 2010 começou com mais leite em comparação com 2009.

Gráfico 1. Captação formal de leite no Brasil, por mês, em mil litros.
 

Clique na imagem para ampliá-la.

As regiões Sudeste e Centro-Oeste abrem a entressafra com condições mais favoráveis aos produtores: em muitas regiões as chuvas caíram por um tempo maior, proporcionando maior período de pastejo; de outro lado, houve uma melhora na relação de troca (preço do leite/custos com alimentação), considerando os menores preços do milho e farelo de soja. Em regiões mais especializadas, os produtores já iniciaram a alimentação do gado, resultando em aumento da produção. Nos próximos meses também deverá aumentar o leite vindo do Sul do país, com o início da safra na região: as pastagens de inverno (aveia/azevém) já começaram a ser plantadas.

No atacado os preços podem já ter alcançado o teto. Algumas indústrias de leite longa vida parecem não estar conseguindo colocar margem maior nos produtos. Segundo agentes consultados pelo MilkPoint, na 1ª semana de abril as cotações para o leite UHT no atacado ficaram em R$ 1,70-1,80/litro. Os queijos e o leite em pó mostraram leve reação em março, e neste início de abril os preços de atacado ficaram entre R$ 9,50-11,00/kg para queijos e R$ 9,50-10,00/kg para o leite em pó. Segundo informações dos agentes consultados, as vendas em outros setores da indústria alimentícia também mostram-se aquecidas, com registros de aumento de vendas de leite em pó para produção de massas, bolachas, sorvetes e iogurtes, o que repercutiu nos reajustes de preços (mesmo que leves) para este produto.

No campo, os produtores devem ter um novo reajuste (de cerca de 4 a 5 centavos) neste pagamento de abril, segundo informou a maioria dos agentes consultados pelo MilkPoint. Os preços médios devem ficar em R$ 0,78-0,83/litro no Sudeste (SP e MG), R$ 0,65-0,70/litro no Sul e R$ 0,75-0,80/litro no Centro-Oeste. Mas algumas indústrias já sinalizaram estabilidade para o pagamento de abril, sendo esta a posição da maioria das empresas consultadas em relação ao pagamento de maio (referente ao leite de abril).

No varejo as altas também foram mais evidentes em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, registrou alta de 4,22% para o leite e derivados, com o maior reajuste no leite pasteurizado (no qual o IBGE engloba o leite UHT): 8,03%. Na pesquisa realizada pelo MilkPoint no varejo de Piracicaba-SP, o preço médio do leite longa vida, em março, foi de R$ 1,87/litro, mostrando uma alta de 11,7% em relação ao preço médio de fevereiro e de 8,6% frente a março/2009 (valor nominal).

O que este cenário mostra é que o ciclo do leite, este ano, se antecipou, com a vinda da safra 1,5 - 2 meses antes e, com isso, a entressafra e o aumento de preços também se anteciparam. Os reajustes, até agora, foram motivados pela redução de oferta de matéria-prima em um cenário de demanda forte. Já o mercado internacional mostrava-se instável nesse início de ano, com as atividades comerciais com outros países estagnadas.

No último leilão realizado pela Fonterra, houve um expressivo reajuste no preço médio do leite em pó integral: 21%, com preço de US$ 3.969/ton, como se pode ver no gráfico 2. Os principais motivos para esse reajuste são a produção menor de leite na Austrália e União Europeia, estoques menores nos Estados Unidos (com exceção dos queijos, que ainda permanecem altos; o CWT reativou o programa de assistência às exportações e realizou, no início de abril, uma operação para exportação de queijo cheddar) e aumento das importações da China e Índia. Apenas no 1º bimestre, um total de 27 mil toneladas de produtos lácteos, no valor de US$ 60 milhões, foram importados através do porto de Xangai, na China e, segundo fontes do setor, este volume é ainda maior, considerando as entradas de outros portos do país. Assim, com oferta restrita de leite no mercado mundial, é possível que os preços tenham novos reajustes. A magnitude da nova safra da Nova Zelândia será importante para definição dos rumos do mercado. Segundo informações da Fonterra, o crescimento do volume captado nesta estação será menor do que o esperado, em função da seca que afeta a região de North Island.

Gráfico 2. Preços do leite em pó integral no Oeste da Europa, Oceania e no Leilão da Fonterra (US$/tonelada).



Em relação ao comércio internacional, no mês de março houve uma queda significativa nas importações brasileiras de lácteos, um sinal positivo. No entanto, a notícia do acordo do Brasil com o Uruguai - pelo qual o Uruguai concede ao Brasil abertura parcial do mercado uruguaio à carne de frango em troca da eliminação de barreiras no comércio de lácteos, carne e pescado fresco - deixou o setor lácteo nacional apreensivo. Temos que considerar também as condições de produção de leite na Argentina, e se os acordos em relação às importações, com este país, serão mantidos. O país está entrando na entressafra, período de maior atenção em relação à entrada de leite de outros países, podendo ser um fator a elevar a oferta de leite no mercado nacional.

Parece estarmos em um mês de transição: início da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste, preços reagindo no mercado internacional, mercado atacadista estabilizando, assim como preços no campo. Vamos aguardar os próximos sinais, principalmente aqueles vindos de fora, que no momento, serão os de maior impacto na cadeia como um todo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARLIZI M. MORUZZI

Médica Veterinária pela FCAV/UNESP-Jaboticabal.

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FAZENDA FURNAS DO AMPARO

PASSOS - MINAS GERAIS

EM 29/04/2010

O sistema (Vide grandes empresas e cooperativas, compradores) nos força a profissionalização, até ai tudo bem concordo, entretanto não vejo o feed-back dessas empresas para conosco, fica sempre do mesmo jeito, ou seja a corda aperta e estoura sempre no lado de quem? O produtor. Temos que lutar por um preço mediano/ano (Média não é um dado confiável, desvio padrão baixo) que permita uma gerencia de investimentos e fluxo de caixa salutar para nossa atividade. Você fornece leite 30 dias batido para só depois de mais 25 dias receber (Total do Prazo 55 dias) e o pior para saber o preço que vai ser pago, analisem como gerenciamos financeiramente esta atividade? Para falar verdade acho todo produtor de leite é um héroi em criar seus filhos e tocar sua vida dessa forma.
OSMAR U. CARVALHO

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2010

Obrigado pelas informações, são muito importante para nós
pois entregamos o nosso produto sem conhecer o valor que lhe será dado
pela cooperativa compradora.

Osmar
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/04/2010

Como já havia dito esse cenário de estabilização se confirma. O leite Spot sofreu um ajuste, para baixo necessário a regulação do mercado.
Porém o que tem se conversado nas salas de espera de compradores do varejo é que o longa vida está tendo um recuo de preços na última semana. É natural encontrar o produto à 1,60 em regiões centrais.
Acredito que assim como o Spot, essa não é uma tendência de baixa, mas sim de ajuste.
Vamos torcer para o mercado internacional aquecer ainda mais para inibir as importações, principalmente do Uruguai.
Chama a atenção também a pequena reação dos queijos no atacado.
Não vamos ter altas como no ano passado, mas espero podermos sustentar o maior tempo possível os preços estáveis nesse patamar atual.

Um abraço

Sávio Santiago

ELISEU NARDINO

MARIPÁ - PARANÁ

EM 18/04/2010

Aqui na minha região o preço não sobre mais pelo menos na empresa na qual presto serviços.
LUCAS EDUARDO PEREIRA COIMBRA

PIUMHI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/04/2010

E incrivel como o mercado de leite e insumos se comporta. Não há nenhuma atividade comercial que dê conta de tamanha instabilidade nos valores, tanto do produto final como no de insumos. Precisamos como consultores e produtores trabalharmos para que se diminua esta magnitute, e possamos planejar nossas atividades de maneira segura. Estamos novamente, como pode ser visto no penultimo parágrafo do texto, a beira de uma possivel triangulação de leite, e entrada de leite de forma ilegal ou imoral, como ocorrido em anos anteriores. Esperamos uma atitude mais segura das representações da classe com relação a este problema que pelo visto, é cronico e politico.
Lucas E. P. Coimbra, veterinario, produtor de leite, Piumhi/MG
CAROLINA CASTELLO BRANCO BARROS

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/04/2010

Gostei muito de saber que a quantidade de leite formal aumentou no Brasil. Isso é muito bom e espero que também o preço continue reagindo!!!! E que vocês continuem nos informando sobre essas maravilhas........
FABRICIO ELIDIO DA SILVA

SALGUEIRO - PERNAMBUCO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 16/04/2010

Esse site é muito bom, temos com ele a situação atual do mercado de leite e nos ajuda a fechar negocios.

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