Levantamento preliminar da Scot Consultoria aponta para novos aumentos nos preços do leite. Mercado firme.
As exportações de 2004, janeiro a abril, aumentaram cerca de 50% em volume e 80% em faturamento, quando comparadas ao mesmo período de 2003. As exportações são apontadas como a principal razão do aquecimento no mercado "spot", leite comercializado entre as empresas. Em maio, os preços "spot" aumentaram 11,4% em relação a abril. Em cinco meses o aumento já atinge 68%, o que representa um acréscimo de R$0,24/litro em Minas Gerais, São Paulo e Goiás. É evidente o aquecimento da procura por leite no período.
Ao produtor, os preços não aumentaram nas mesmas proporções. Desde 2003 os preços "spot" nos meses de entressafra têm sido, em média, 11,5% superiores aos preços pagos aos produtores. Atualmente, esse valor está em patamares cerca de 18% a 20% superiores aos preços pagos aos produtores, média Brasil, o que sinaliza a provável tendência de melhoria nos preços pagos pelo leite cru. É de se esperar que os preços aos produtores acompanhem a alta do mercado "spot".
Observe, na figura 1, o comportamento dos preços do leite no mercado "spot" e na média dos valores pagos no Brasil ao longo de 2003 e 2004.
Vale ressaltar que da mesma forma que, nesse período de alta, os preços ao produtor não estão acompanhando o mercado "spot", os preços também não caíram na mesma proporção quando os valores do "spot" despencaram a partir de outubro de 2003.
Outro fator de relevância com relação às perspectivas de preços é a participação porcentual da matéria-prima nos preços médios do longa vida no atacado. Observe a evolução dessa participação em 2003 e 2004 na figura 2.
Em média, o leite representa 35% do valor de atacado do longa vida. Em abril, esse valor foi para 39%. Esse número aponta para duas situações possíveis: alta nos valores do longa vida no atacado ou baixa nos preços ao produtor; lembrando que o mercado do longa vida normalmente baliza os preços aos produtores.
No entanto, pelo cenário atual, é pouco provável que os preços do leite recuem no curto prazo. A tendência é de alta e estabilização em patamares próximos ou superiores aos de 2003.
Com relação aos preços do longa vida, é possível baseá-los com o mercado varejista. No varejo, os preços atuais estão próximos de R$1,59/litro, o que aparentemente representa um valor elevado para o mercado, quando se considera a situação econômica do brasileiro.
A diferença de preços do longa vida entre o varejo e o mercado atacadista saiu dos 13,3% observados em abril para os atuais 19,2%. Na figura 3 estão expostos os atuais preços do leite pago ao produtor, média Brasil, e os preços do longa vida no atacado e no varejo.
Caso os preços ao consumidor permaneçam nos atuais patamares, há espaço de reajuste nos valores do atacado, o que sustentará o movimento de alta no mercado.
Por outro lado é comum que aumentos "bruscos" nos preços de varejo acabem provocando uma retração no consumo e conseqüente recuo nos valores dos produtos. Segundo informações, diversas indústrias estariam já em processo de formação de estoques de longa vida, o que daria base a um movimento de baixa.
Na hipótese do mercado do longa vida recuar, e os preços aos produtores se manterem em alta, é de se esperar que o crescente desempenho das exportações esteja atuando favoravelmente no mercado.
Se assim ocorrer, o leite em pó, que representa cerca de 70% das exportações, ganhará gradualmente maior importância em termos de formação dos preços no mercado interno.
Nesse caso, a pecuária leiteira estaria realmente seguindo os mesmos passos da pecuária de corte, rumo ao mercado internacional. Num primeiro momento, as exportações dariam sustentação aos preços para, a partir daí, passarem a conquistar espaços cada vez mais significativos.
Evidentemente que, por enquanto, essas análises são apenas conjecturas. Diversas outras variáveis atuam conjuntamente no mercado.