Viva Leite: entrega de leite é realizada em intervalo maior

Nos municípios com os menores IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do Estado de São Paulo os programas sociais adotados pelo governador Geraldo Alckmin ajudam, mas não são suficientes. Nas três cidades visitadas pela reportagem a entrega do leite, que deveria acontecer três vezes por semana, segundo a Secretaria da Agricultura, se dá, no máximo, duas vezes.

Em Itapirapuã Paulista (392 km de São Paulo), que ocupa a última posição no IDH-M paulista, a diretora de Promoção Social, Fabiane Cristina de Oliveira, disse que o leite, às vezes, chega azedo. De acordo com ela, a entrega do produto era feita duas vezes por semana, mas, atualmente, isso acontece apenas uma vez.

"Antes o caminhão vinha às segundas e às sextas-feiras, mas reduzimos só para segunda porque não chegava no horário e o produto azedava", disse. Quando o leite estraga, as famílias fazem doce de leite ou queijo.

Fabiane, que é filha do prefeito Moraci Carlos de Oliveira (PSDB), disse que são atendidas 312 crianças pelo Viva Leite. Outras 60 famílias recebem o Renda Cidadã. O município tem 3.672 habitantes. A diretora só faz elogios ao programa, mas critica o Bolsa-Família, do governo federal, que estaria falhando no pagamento do benefício às famílias.

O leite também não chega três vezes por semana a Barra do Chapéu (344 km de São Paulo), penúltima posição no IDH-M do estado. Porém, a prefeita reeleita Maria Anunciata da Silva Leme (PSDB) não reclama de deterioração do produto. "Só aconteceu uma vez, mas ligamos para a empresa e ela repôs". São atendidas 320 crianças na cidade.

O primeiro prefeito eleito em Barra do Chapéu, que tem 12 anos de existência, foi o marido de Anunciata, Osmilton Alan Leme. Atualmente ele é secretário municipal da Agricultura.

Uma vez por semana também é a freqüência da entrega do leite em Barra do Turvo (375 km de São Paulo), que ocupa a 641ª posição no IDH-M do estado (São Paulo tem 645 municípios). A responsável interina pelo Departamento de Assistência Social, Talita Rodrigues Olimpio, informou que são atendidas 420 crianças com idades entre seis meses e quatro anos. A população do município é de 8.620 habitantes.

No dia da distribuição do leite, cada criança recebe quatro litros. Como a população é pobre, muitos não têm geladeira. Mas Talita minimiza o problema. "Eles deixam com os vizinhos".

Fonte: Folha de S.Paulo, adaptado por Equipe MilkPoint