Cálculos do Centro indicam que nos últimos seis anos, as dietas à base de silagem de milho para vacas de 15 litros/dia subiram 176% e as dietas à base de cana picada, também para vacas de 15 litros/dia, tiveram aumentos de 195%. No mesmo período, o leite tipo C, na média ponderada (por volume) dos seis estados pesquisados subiu 107,3%.
Além dos custos terem aumentado mais que os preços, o valor pago aos produtores também está defasado frente à inflação medida pelo IGP-DI. Nos últimos 12 meses, a variação deste índice foi de 8,03%, enquanto que o preço do leite variou apenas 6,04%, isto é, houve uma queda no poder de compra do produtor por volta de 2,4% nos últimos 12 meses. Para que esse pecuarista tivesse mantido sua renda real inalterada, sua produtividade deveria ter crescido 3,14% no período. Nos mesmos 12 meses, a dieta à base de silagem de milho registrou aumento de 16,5% e à base de cana picada, de 18% (base SP).
Pesquisadores do Cepea observam também que as variações entre os preços do leite pagos aos produtores estão cada vez maiores. Aqueles com volumes superiores a 3.000 litros/dia e com uma qualidade de leite razoável, segundo critérios de alguns laticínios, chegam a receber R$ 0,65/litro de leite em São Paulo. Já os pequenos produtores, que entregam menos de 50 litros/dia em latão, podem receber até R$ 0,38/litro no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, variação de 71%.
De maio para junho
Nos três principais Estados produtores de leite do País, os reajustes ao produtor chegaram na casa dos 9% em São Paulo, 10% em Minas Gerais e 11% em Goiás. Tais variações podem ser atribuídas aos indícios de consumo aquecido de leite e derivados, auxiliado pelo frio mais intenso e duradouro deste ano, justamente num período em que a produção de leite é reduzida (entressafra).
Em Minas Gerais, algumas cooperativas estão incentivando a produção leiteira, principalmente daqueles produtores que tendem a direcionar suas propriedades para o setor agrícola. Já no Paraná, as geadas ocorridas em maio surpreenderam os produtores e laticínios, que se depararam com uma queda significativa na oferta do produto, valorizando o preço do leite ao produtor.

Fonte: Cepea, adaptado por Equipe MilkPoint
