Enquanto o Brasil e outros países em desenvolvimento lutam há décadas pelo fim do protecionismo no setor agrícola e por uma redução de exigências para a exportação aos principais mercados do mundo, alguns dos países ricos continuam adotando medidas que vão na direção contrária. A partir de 1º de janeiro de 2006, todos os criadores de gado na Noruega precisarão garantir que todas as vacas durmam em colchões. O governo de Oslo é considerado um dos mais protecionistas do mundo e dos que mais destinam subsídios aos produtores.
O objetivo da medida é garantir uma melhor qualidade do leite produzido no país. Atualmente e, como em grande parte do mundo, o gado norueguês dorme sobre o cimento. Com o colchão, os técnicos esperam que os animais fiquem mais calmos e produzam melhor.
Segundo pesquisas feitas no país, as vacas com 500 a 600 quilos têm produtividade maior se passam a maior parte do dia deitadas. Sem o colchão, os técnicos calculam que as vacas ficam deitadas por sete horas por dia. Com o novo luxo, a estimativa é de que passarão quase 14 horas deitadas.
Cada grande produtor terá de gastar entre R$ 10 mil e R$ 20 mil para adequar a criação de gado às novas exigências do governo. Ao fim de 2006, a Noruega espera que todas as 235 mil vacas do país tenham seu colchão.
Inédito
A Noruega será o primeiro país do mundo a exigir colchões para vacas, mas a realidade é que, em várias economias do mundo, o cuidado com os animais e os subsídios dados evidenciam a diferença entre os países ricos e pobres.
Na Suíça, os cálculos de organizações não-governamentais apontam que cada vaca acaba sendo responsável por mais de US$ 2 por dia em subsídios governamentais. Esses animais recebem, portanto, mais que cerca de um bilhão de pessoas no mundo que vivem com menos de US$ 2 por dia nos países mais miseráveis.
Nas negociações da OMC, tanto os suíços quanto os noruegueses estão entre os países mais extremistas em termos agrícolas. Não aceitam cortes profundos nas tarifas de importação, não aceitam cortes drásticos em subsídios e ainda querem incluir na agenda do debate a questão da manutenção do meio ambiente e da paisagem.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe MilkPoint
Vacas da Noruega dormirão em "colchão"
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RODRIGO BICALHO
OUTRO - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 28/09/2005
Reconheço a importância de ressaltar os subsídios que são fornecidos à agricultura em países desenvolvidos e concordo que países como a Noruega não sejam capazes de competir com os países tradicionalmente exportadores de leite como a Nova Zelândia, Austrália, Uruguai entre outros.
Tenho que ressaltar, entretanto, que o artigo que critica o uso de "Matresses" (colchões) não é apropriado. Bem estar animal é hoje entendido como um dos fatores mais importantes para o aumento da produtividade em sistemas de produção intensivo, como o freestall e o tiestall, que são os sistemas utilizados mais comumente em países de clima temperado como a Noruega.
O uso de colchões em estábulos foi massivamente adotado por produtores rurais dos EUA, mesmo não sendo obrigatório. Atualmente, novas pesquisas têm mostrado que camas de areia são mais confortáveis, porém melhores do que estábulos de concreto cobertos com colchões. A areia se molda bem ao corpo dos animais proporcionando conforto.
O período em que os animais permanecem deitados é importante porque quanto maior for este período menor será a incidência de enfermidades do casco como as úlceras de sola, doença da linha branca e todas as doenças associadas com a laminite crônica, que é uma conseqüência das dietas ricas em energia fornecidas a animais confinados. Outro benefício do aumento do tempo total que os animais permanecem deitados seria o aumento da ruminação. Em um confinamento perfeito as vacas deveriam passar a maior parte do tempo comendo, deitadas ruminando, e demonstrando cio!
Infelizmente em países como a Noruega os subsídios à produção são tão grades que acabam por fazer com que os produtores não se interessem em melhorar a produtividade dos animais, aumentando assim a lucratividades de seus negócios.
Além disso, o sistema de cotas de produção de países como esse permite que proprietários rurais permaneçam lucrativos mesmo sendo pequenos e ineficientes e essa e a principal razão pelo qual o sistema de apoio à produção (subsídios) irá perpetuar. Infelizmente, a incompetência dos produtores rurais faz com que o governo tome medidas regulatórias para garantir bem estar animal.
Em um mundo competitivo a decisão de melhorar o bem estar animal vem sempre do produtor que entende a língua do lucro e a matemática e simples sendo: bem estar animal + boa nutrição = mais leite = lucro.
Dr. Rodrigo Carvalho Bicalho
Especialista em Medicina de Produção
Ambulatory clinic, Cornell University NY, USA
Tenho que ressaltar, entretanto, que o artigo que critica o uso de "Matresses" (colchões) não é apropriado. Bem estar animal é hoje entendido como um dos fatores mais importantes para o aumento da produtividade em sistemas de produção intensivo, como o freestall e o tiestall, que são os sistemas utilizados mais comumente em países de clima temperado como a Noruega.
O uso de colchões em estábulos foi massivamente adotado por produtores rurais dos EUA, mesmo não sendo obrigatório. Atualmente, novas pesquisas têm mostrado que camas de areia são mais confortáveis, porém melhores do que estábulos de concreto cobertos com colchões. A areia se molda bem ao corpo dos animais proporcionando conforto.
O período em que os animais permanecem deitados é importante porque quanto maior for este período menor será a incidência de enfermidades do casco como as úlceras de sola, doença da linha branca e todas as doenças associadas com a laminite crônica, que é uma conseqüência das dietas ricas em energia fornecidas a animais confinados. Outro benefício do aumento do tempo total que os animais permanecem deitados seria o aumento da ruminação. Em um confinamento perfeito as vacas deveriam passar a maior parte do tempo comendo, deitadas ruminando, e demonstrando cio!
Infelizmente em países como a Noruega os subsídios à produção são tão grades que acabam por fazer com que os produtores não se interessem em melhorar a produtividade dos animais, aumentando assim a lucratividades de seus negócios.
Além disso, o sistema de cotas de produção de países como esse permite que proprietários rurais permaneçam lucrativos mesmo sendo pequenos e ineficientes e essa e a principal razão pelo qual o sistema de apoio à produção (subsídios) irá perpetuar. Infelizmente, a incompetência dos produtores rurais faz com que o governo tome medidas regulatórias para garantir bem estar animal.
Em um mundo competitivo a decisão de melhorar o bem estar animal vem sempre do produtor que entende a língua do lucro e a matemática e simples sendo: bem estar animal + boa nutrição = mais leite = lucro.
Dr. Rodrigo Carvalho Bicalho
Especialista em Medicina de Produção
Ambulatory clinic, Cornell University NY, USA