A União Européia (UE) quer manter barreiras para cerca de 200 produtos agrícolas e os Estados Unidos não estão dispostos a reduzir seus subsídios domésticos aos agricultores. Essas são duas das principais conclusões da reunião do Brasil com os principais atores das negociações da OMC, na sexta-feira, em Paris. O encontro, sem nenhum resultado concreto, revelou que os países ricos não estão preparados para liberalizar seus mercados para os produtos agrícolas dos emergentes.
A reunião foi entre Brasil, EUA, UE e Índia (G-4). Muitos analistas acreditam que sem um entendimento entre eles não haverá um acordo na OMC. Porém, a dez semanas da reunião ministerial da entidade em Hong Kong, os negociadores se mostram cada vez mais preocupados diante da falta de um consenso. A meta da OMC é de que, em Hong Kong, seja definido o ritmo dos cortes de tarifas e de subsídios.
Para o Brasil, um acordo exigiria que tanto europeus como americanos dessem demonstrações de que podem fazer concessões. Mas para surpresa do Itamaraty, Bruxelas pôs ontem na mesa de negociações uma proposta que acabaria criando uma lista de cerca de 200 produtos que terminariam a negociação da OMC protegidos de qualquer concorrência externa.
A idéia dos europeus é aceitar uma certa abertura no comércio de bens agrícolas, mas mantendo barreiras elevadas para produtos considerados sensíveis como o açúcar, item fundamental na pauta de exportações do país.
O Brasil sempre soube que haveria uma lista de produtos sensíveis que teria de ser negociada, mas acreditava que a lista não passaria de 50 produtos. Com os europeus desejando um volume quatro vezes maior de protecionismo, a proposta foi rejeitada pelo Itamaraty.
Os EUA também deixaram claro que não vão apresentar agora uma proposta de redução de seus subsídios à produção doméstica, como espera o Brasil.
Sem a sinalização dos americanos de que poderão reduzir seus subsídios domésticos, os europeus não tomarão qualquer iniciativa ainda em aceitar o fim dos subsídios às exportações em um período de cinco anos, como quer o Brasil. Para Bruxelas, o corte deverá ser gradual.
Enquanto no setor agrícola o processo não avança, os países ricos insistem que os emergentes abram seus mercados para produtos industriais e serviços. "Não avançaremos no capítulo da agricultura se não rompermos os impasses nas negociações sobre o setor industrial e de serviços", insistiu o comissário de Comércio da UE, Peter e Mandelson.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe MilkPoint
UE que manter barreiras para 200 produtos
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