A Oficina Européia de Luta contra Fraude (Olaf) está investigando possíveis irregularidades no setor de lácteos da Espanha no valor de 900 milhões de euros (US$ 1,19 bilhão). A investigação teve início devido a uma denúncia apresentada pela Federação Espanhola de Empresários Produtores de Leite (Prolec), organização que defende os interesses dos produtores.
De acordo com esta denúncia, a Espanha ultrapassou em 2,76 milhões de toneladas (cerca de 46,03%) a cota de produção de leite permitida pela Comissão Européia. A Olaf abriu um processo para esclarecer a existência do chamado "leite negro", ou seja, leite produzido fora da cota determinada. O diretor geral da Prolec, Carlos Gil, explicou no último mês de agosto que este leite recebe um preço inferior e não cumpre com os controles de segurança alimentar.
O leite negro provocou nos últimos anos o surgimento dos primeiros compradores, ou sociedades, que se dedicam a comprar o produto fora da cota. Alguns deles, como a empresa El Churtal, já foram condenados pela Audiência Nacional uma vez provada esse tipo de prática.
A origem do problema está no fato de a cota de produção de leite da Espanha ser de 6,4 milhões de toneladas e o consumo ser de quase nove milhões. Isso obriga as empresas a importarem matéria-prima. Apesar de ser um mercado com uma indústria láctea muito potente, a União Européia (UE) tem seis países cuja cota de produção de leite supera a da Espanha, que são Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Itália e Polônia. A Alemanha tem, por exemplo, uma cota de 28 milhões de toneladas e a França de 24 milhões, em ambos os casos mais de quatro vezes a cota espanhola.
A indústria leiteira da Espanha está enfrentando uma das mais graves crises de toda a sua história. Em apenas 10 anos, o número de propriedades leiteiras se reduziu de 137,321 mil para 44,943 mil, as exportações seguem caindo e as importações de matéria-prima aumentando - nos 10 primeiros meses de 2004 houve aumento de 80%.
Diante dessa situação, a Federação Nacional de Indústrias Lácteas (Fenil) advertiu que "as empresas estão sofrendo uma importantíssima perda de competitividade no exterior".
Aumento de custos
A escassez de oferta provocou, por outro lado, um aumento nos custos da matéria-prima. Segundo a Fenil, "os subsídios à produção na UE não estão sendo utilizados para compensar os custos e, por isso, conter os preços, como ocorre, por exemplo, na França". De fato, a produção de leite na França é 12% mais barata que na Espanha.
Para a indústria, este cenário é especialmente preocupante considerando que a capacidade excedente da França, traduzida em termos de produção industrial, quase equivale à cota atual da Espanha. "Ou se tomam medidas de forma urgente, ou só se consumirá leite francês na Espanha", disse a Fenil.
Em 01/03/05 - 1 Euro = US$ 1,32440
0,75506 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
Fonte: El Cronista, adaptado por Equipe MilkPoint
UE investiga fraude de US$ 1,1 bilhão no setor de lácteos da Espanha
UE investiga fraude de US$ 1,1 bilhão no setor de lácteos da Espanha
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