Dentre suas experiências profissionais, destacam-se o Prêmio BM&F Nacional de Derivativos Agropecuários com a dissertação "O contrato futuro de boi: uma análise do impacto da introdução da liquidação financeira sobre o risco de base", 16 trabalhos publicados em revistas científicas e congressos e o recebimento por 3 vezes o Certificado de Mérito em Iniciação Científica.
Aprovada para o cargo de Especialista e Políticas Públicas e Gestão Governamental, do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado; Pesquisadora da Embrapa - região Sudeste para a linha de pesquisa Economia, Economia Rural e Recursos Naturais; docente na área de Estatística Econômica e Econometria para a UNESP - Araraquara, tem como última experiência profissional o Departamento de Pesquisa da COINBRA (Comércio e Indústrias Brasileiras S/A), no setor de estimativa de safras agrícolas de cana-se-açúcar, elaboração e análise de balanços de oferta e demanda das cadeias produtivas de cana-se açúcar e suco de laranja, análise de estudos econométricos e suporte nas áreas estatísticas e econometria.
Possui grande experiência em Mercados Futuros e habilidade para discutir sobre este assunto. Nesta entrevista à AgriPoint, ela fala sobre a importância da utilização de mercados futuros para empresas produtoras de carne e leite e suas expectativas quanto ao Curso Online que terá início em 15 de fevereiro.
AgriPoint: Quais commodities agropecuárias que podem ser negociadas em mercados futuros?
Thereza Christina Pippa Rochelle: As commodities agropecuárias negociadas em mercados futuros diferem de uma bolsa para outra. No Brasil, os contratos futuros são negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) para os seguintes produtos agropecuários: açúcar, álcool anidro carburante, algodão, bezerro, boi gordo, café arábica, café conilon, milho e soja.
AgriPoint: Mercados Futuros podem ser utilizados pelos produtores em quais situações?
TCPR: Os produtores podem utilizar o mercado futuro para se proteger de oscilações desfavoráveis nos preços de seus produtos.
AgriPoint: Como o produtor de carne pode atuar com esta ferramenta em sua atividade?
TCPR: Um produtor de carne é um hedger potencial, ou seja, pode utilizar o mercado futuro para se proteger das oscilações desfavoráveis nos preços de seus produtos no mercado à vista. Se o produtor acredita que o preço dos insumos que pretende adquirir (Ex: milho e/ou bezerro) irá subir no futuro, ele pode fixar o preço de compra do milho ou do bezerro através da compra de contratos futuros para a data em que comprará esses produtos no mercado à vista (hedge de compra).
Se o produtor acredita que o preço da arroba do boi gordo cairá no futuro, ele pode fixar o preço de venda de seus animais através da venda de contratos futuros para a data em que venderá os animais no mercado à vista (hedge de venda).
AgriPoint: Existe algum risco para o produtor?
TCPR: Sim. A operação de hedge não elimina completamente o risco da oscilação desfavorável no preço do produto devido à existência do risco de base. Por essa razão, nem sempre é possível obter exatamente o preço alvo estabelecido no início da operação.
Nota: ao decidir fixar o preço de seu produto através da operação de hedge, o produtor deve estar ciente de que ao mesmo tempo em que o hedging oferece proteção contra as oscilações desfavoráveis no preço do produto, o mesmo impede a obtenção de lucros potencialmente maiores caso o preço no mercado à vista oscile favoravelmente ao produtor.
AgriPoint: Quais seriam as principais vantagens para o produtor de carne?
TCPR: Existem diversas vantagens na utilização dos mercados futuros com a realização do hegde, dentre as quais:
a. Transferir o risco de preço (principal papel dos mercados futuros do ponto de vista teórico);
b. Proteger ou estabelecer margens de lucro em transações com a commodity física;
c. Estabilizar fluxos de caixa;
d. O processo de descoberta de preços no mercado futuro permite um planejamento estratégico da atividade;
e. Pode facilitar a obtenção de recursos bancários (os bancos reconhecem que o hedge reduz o risco de preço).
AgriPoint: Em quais situações se recomenda utilizar mercados futuros, pensando nas fazendas produtoras de carne?
TCPR: Nas situações em que o produtor deseja proteger-se das oscilações desfavoráveis no preço dos insumos utilizados em sua fazenda (Ex: milho, bezerro) e/ou no preço de seus animais.
AgriPoint: Quais os passos o produtor deve tomar quando optar em trabalhar com mercados futuros?
TCPR: O interessado deve procurar uma corretora associada à BM&F, que deverá orientá-lo sobre os procedimentos para a realização dos negócios em mercados futuros. É fundamental conhecer os fundamentos e as características dos contratos futuros e tirar todas as dúvidas com o corretor ou mesmo com um funcionário da Bolsa. O passo seguinte é decidir-se sobre quando realizar sua operação à futuro. A decisão de comprar ou vender por determinado preço é de exclusiva responsabilidade do cliente.
AgriPoint: Qual a tendência no Brasil e no mundo quanto a utilização de mercados futuros para a fixação de preço?
TCPR: Os contratos futuros agropecuários têm sido amplamente utilizados como instrumento de gerenciamento de risco de preço em todo o mundo. No Brasil, o volume de contratos futuros agropecuádios negociados na BM&F tem crescido ano após ano, mas ainda é pequeno se comparado aos futuros financeiros. Nesse sentido, nota-se um enorme esforço por parte da BM&F para desenvolver esse mercado e torná-lo cada vez mais útil para seus participantes.
AgriPoint: Em fevereiro você estará iniciando o Curso Online Mercados Futuros como ferramenta para o gerenciamento dos riscos. Qual sua expectativa quanto a este treinamento?
TCPR: Espero que os alunos aprendam os conceitos fundamentais e as principais características desse mercado bem como que entendam o funcionamento dos mercados futuros.