Soro de queijo pode ser melhor aproveitado

Publicado por: MilkPoint

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Em março deste ano, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou um relatório mostrando que quase 50% das crianças brasileiras com menos de cinco anos de idade apresentam anemia causada pela deficiência de ferro. A falta deste nutriente é uma das causas da alta taxa de mortalidade infantil no Brasil. São quase 29 crianças que morrem para cada mil nascidas vivas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000.

A busca de iniciativas simples e baratas já começou. Uma delas é o Probinho, um projeto criado em Viçosa, Minas Gerais, e cadastrado no Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil. A receita é a seguinte: basta misturar o soro de queijo ao suco de manga e daí surge a bebida láctea chamada Probinho. A bactéria probiótica foi a inspiração para batizar o alimento, que contém minerais como ferro e cálcio, proteínas e ainda as vitaminas A e C provenientes da fruta.

Tudo começou a partir do conhecimento de duas professoras da Universidade de Viçosa (UFV), Neuza Maria Costa, do Departamento de Nutrição, e Célia Lúcia Ferreira, do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Elas fizeram uma pesquisa com os ingredientes, em 1999, e descobriram os benefícios do Probinho. Para testar os resultados, em 2002 a pesquisadora Márcia Regina da Silva realizou sua dissertação de mestrado a partir da experiência com 200 crianças de dois a seis anos de idade. Cada uma tomava por dia 80 ml do produto lácteo e, em um ano, foi comprovado que houve aumento de 25% dos níveis de ferritina (reserva de ferro). É bom lembrar que a bebida não serve para curar os anêmicos e sim prevenir a deficiência de ferro.

Desperdício

Segundo dados da Associação Brasileira de Manufatura de Queijo (Abiq), o Brasil possui 500 indústrias produzindo um total de 516 mil toneladas de queijo por ano. Responsável por quase metade desta produção, o estado de Minas Gerais gera aproximadamente dois bilhões de litros de soro. Simplificando a conta: com 100 litros de leite, gera-se dez quilos de queijo e 85 litros de soro. No mundo, estima-se que 47% do soro são desperdiçados. Isto representa uma poluição significativa dos recursos hídricos. O contínuo descarte da substância pode afetar drasticamente a estrutura físico-química do solo, causando sérios problemas nas águas subterrâneas devido à lactose.

Este desperdício é classificado pelo presidente da Abiq, Sólon Teixeira, como um retrocesso. Lembra que, em países como a China, o governo tem estimulado o uso do soro na alimentação infantil e hoje o país é um dos maiores importadores de soro do mundo. "Como não há produção suficiente de leite na China, o soro representa uma alternativa protéica de custo menor e altíssimo valor biológico", diz o artigo.

Para os que argumentam que a distribuição do soro como alimento prejudicaria o comércio de leite, Sólon rebate: "Dizer que o soro diminui a compra de leite é o mesmo que dizer que a venda de clara de ovo prejudica a venda do ovo ou a venda de farelo de soja prejudica a venda de soja. Não se pode produzir soro sem leite. Devemos sim, incentivar, desonerar tributariamente, informar e logicamente organizar o uso deste tão importante alimento, pois isto fortaleceria o setor de queijo no País".

Fonte: Fome Zero, adaptado por Equipe MilkPoint
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OTAVIO A C FARIAS
OTAVIO A C FARIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 21/06/2004

Prezados Senhores,

Com referência ao tema de desperdício do Soro de Leite, importante mencionar a recente análise feita pela IDF (International Dairy Federation) sobre a produção e comércio mundial de ingredientes lácteos "não-tradicionais" como Soro de Leite e Lactose:

LACTOSE: A produção mundial de Lactose cresce a uma taxa de 5% ao ano enquanto comércio mundial cresce a taxa de 15% ao ano:

mil MT variação anual
Produção: 660 + 5 %
Comércio mundial: 270 + 15 %

SORO DE LEITE: A produção mundial de Soro de Leite estaria praticamente estacionada mas o comércio mundial cresce a taxa de 9% ao ano:

mil MT variacao anual
Producao: 2.130 + 1 %
Comercio mundial: 520 + 9 %

Segundo IDF, o valor unitário desses sub-produtos, ainda que aumentando, é relativamente baixo, portanto à medida que haja crescimento na produção, há uma tendência de que este mercado seja mais "commoditizado".

Atenciosamente,

Otavio A. C. de Farias / Hoogwegt do Brasil
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