Em Goiás, o leite pasteurizado foi comercializado a R$ 0,64/litro e também a R$ 1,20/litro, o que indica uma diferença de quase 90%. Situação semelhante para esse derivado ocorreu em Minas Gerais, onde a distância entre o mínimo e o máximo do pasteurizado ficou por volta dos 74%. Em Goiás, chama a atenção os 110% de diferença entre os preços da manteiga e os 83% do queijo mussarela.
Além da diferença em função das "marcas" (imagem reconhecida e valorizada pelo consumidor), as variações acentuadas indicam também as distintas capacidades de armazenagem de cada processador (laticínio e cooperativa), bem como a força de negociação dessas empresas frente aos compradores do atacado.
No estado de São Paulo, as variações mais discrepantes ocorreram com os preços dos queijos prato e mussarela. Enquanto alguns laticínios/cooperativas venderam o quilo do prato a R$ 6,51, outros alcançaram R$ 13,12/kg, ou seja, variação de 101,5%. No caso do queijo mussarela no atacado paulista - média estadual -, o intervalo ficou entre R$ 5,30 e R$ 12,43/kg, o que representa uma impressionante oscilação de 134%.
Para o leite cru comercializado in natura, sem embalagem, as variações entre os mínimos e máximos foram menores. A maior delas ocorreu em São Paulo, limitada aos 22,6%. Os maiores valores dentre as médias dos cinco principais estados produtores no País foram verificados em São Paulo e Minas Gerais. Nas praças paulistas e mineiras, foram observadas também as maiores dispersões entre preços mínimos e máximos pagos ao produtor.
Paraná foi o estado onde os derivados - incluindo leite cru - tiveram as menores variações entre os mínimos e os máximos. A maior delas foi para a mussarela, de 43%.
De dezembro para janeiro - Segundo os responsáveis pelo SimLeite, no mês de janeiro, em relação a dezembro, os preços médios do leite cru apresentaram quedas poucos expressivas em Goiás, Minas e no Rio Grande do Sul. No Paraná, ocorreu a variação mais significativa: baixa de 3,6% em relação a dezembro. Já em São Paulo, os preços oscilaram de maneira contrária a todo o mercado, havendo alta de R$ 0,02/litro em relação a dezembro.
No caso do queijo mussarela, os preços médios em São Paulo recuaram quase 9%. Já no mercado do leite pasteurizado, as variações nas cinco praças pesquisadas foram pouco representativas, oscilando entre alta de 2,65% no Paraná e recuo de 0,75% em São Paulo. Analistas do SimLeite ressaltam que, se a flutuação observada nos anos anteriores se repetir neste, os preços tendem a aumentar a partir de março.
Monitoramento - O objetivo do SimLeite é acompanhar os preços de lácteos pagos do produtor ao atacado em 10 Estados brasileiros. Respeitando a dinâmica do setor, os dados serão sempre apresentados com defasagem de pelo menos um mês. Os trabalhos estão sendo desenvolvidos pela Embrapa Gado de Leite e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), em parceria com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).
Segundo Paulo Martins, chefe da Embrapa Gado de Leite, a cadeia produtiva do leite é carente de informações sistematizadas a respeito dos preços praticados no mercado. "O Simleite vem suprir esta lacuna, reunindo uma parte significativa da produção nacional, e será uma ferramenta de gestão importante para produtores e laticínios".
Os valores que compõem o Sistema estão sendo apurados em 89 cooperativas (representando cerca de 25% da produção nacional) e 270 laticínios. A partir deste mês, os números serão divulgados mensalmente e publicados nos sites das instituições envolvidas no projeto (http://cepea.esalq.usp.br/leite/)

Fonte: Cepea/USP, adaptado por Equipe MilkPoint