Setor leiteiro se recupera e investe em qualidade
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 3 minutos de leitura
Mesmo assim, todos são unânimes em afirmar que, depois da crise enfrentada pelo setor no início desta década, a tendência é que o desempenho dos dois últimos anos será sustentável no longo prazo. Os leilões de gado leiteiro refletem as boas perspectivas do setor. Depois de atuar na liquidação de plantéis de elite, principalmente no interior paulista, a Embral Leilões agora observa a valorização cada vez maior dos animais. O diretor da empresa, Sebastião Beraldo, disse que os remates de gado leiteiro ainda sofrem resquícios de crises enfrentadas no passado, mas o faturamento em três eventos realizados nos últimos dois meses demonstra que os produtores paulistas voltaram a investir na formação de rebanhos de qualidade.
Um desses leilões, realizado em Fernandópolis (SP) em 16 de abril, comercializou 149 animais com a média de preços de R$ 3,292 mil. Em seguida, o Leilão Anual Girolando, em Passos (MG), vendeu 401 animais à média de R$ 3,653 mil. Neste último, 53% dos animais arrematados foram destinados ao Estado de São Paulo. Dia 14 de maio, em Lins (SP), foram leiloados 215 animais, à média de R$ 3,895 mil, e 62% deles destinaram-se a São Paulo.
Segundo Beraldo, o preço de uma fêmea do grupo racial Girolando, que em 2003 era de R$ 1,5 mil, passou para R$ 1,8 mil em 2004 e este ano gira entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil. "Há dois anos, os preços de todas as raças de gado de leite estavam baixos. Hoje, todas estão bem", observou.
A recuperação dos preços do leite acabou tendo reflexos diretos nos preços finais dos animais leiloados, principalmente do grupo racial Girolando. Os compradores são provenientes de Goiás, que, segundo Beraldo, é o estado que produz leite mais barato, Minas Gerais (maior produtor do País) e São Paulo, que aos poucos vem procurando recompor os plantéis.
De acordo com o leiloeiro, o bom desempenho tem sido motivado também pelo trabalho zootécnico de qualidade. Beraldo disse que o crescimento do mercado será sustentável enquanto houver exportação.
O professor de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa Sebastião Teixeira Gomes afirmou que a retomada do mercado leiteiro criou um ambiente de otimismo que contaminou todo o mercado. No médio e longo prazo, afirmou, o nível tecnológico da produção deverá ser ampliado, o que reduzirá o custo da atividade.
Porém o presidente da Comissão Técnica de Pecuária Leiteira da Faemg, Eduardo Dessimoni acredita que o bom resultado, no entanto, para o pecuarista, não deve ser mantido durante o restante do ano. "A desvalorização contínua do dólar pode mudar a tendência de expansão do preço do leite", destaca Dessimoni.
A média de janeiro a maio ficou em R$ 0,55 o litro. Apenas no mês de maio, a média nacional chegou a R$ 0,59 o litro, valor 15% superior ao mesmo período de 2004, descontada a inflação. Mesmo assim, Dessimoni disse que a remuneração ainda não é atrativa. "Estamos apenas nos recuperando da crise que se agravou em 2001", afirmou.
Além disso, segundo ele, a base de comparação é fraca, visto que o setor registrou prejuízos no ano passado. "A pecuária leiteira tem muito a melhorar para voltar a ser um bom negócio", considerou.
Fonte: O Estado de S.Paulo (por Raquel Massote) e Diário do Comércio/MG (por Paola Carvalho), adaptado por Equipe MilkPoint
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