O I Fórum MilkPoint sobre Pagamento por Qualidade, realizado na manhã do dia 14/09, teve a participação de Aldo Ibarra, da Universidad de la República, do Uruguai, Athaíde Silva, da DPA, Ernesto Krug, da Avipal/Elegê e Humberto Monardes, da McGill University. O painel foi coordenado por Marcelo Pereira de Carvalho, do MilkPoint. O Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite, escalado para proferir a palestra "Pagamento por qualidade: motivações e obstáculos" teve uma indisposição e ficou impossibilitado de participar. Entretanto, o resumo de sua palestra foi enviado e publicado na seção Conjuntura. Clique aqui para ler.

Da esquerda para direita: Monardes, Ibarra, Krug, Carvalho e Silva.
Ibarra comentou sobre as etapas para se implantar um sistema de pagamento por qualidade, a partir do exemplo do Uruguai, da Dinamarca, da Nova Zelândia e da Costa Rica.
Para ele, é necessário pelo menos 1 ano de coleta de informações prévias, antes da implantação de um programa de pagamento por qualidade, seguido pela definição do sistema de pagamento, mais 6 meses a 1 ano para que o produtor possa implementar as mudanças necessárias e, só então, implantar de maneira efetiva o programa. Na opinião de Ibarra, o Brasil está no caminho certo, ao trazer para a mesa de discussão o pagamento por qualidade, reunindo os principais agentes interessantes.
Sobre esse assunto, Jan Kerkhof, especialista em qualidade do leite e resíduos de antibióticos da DSM, da Holanda, representada no Brasil pela GlobalFood, concorda: "os sistemas de pagamento por qualidade não podem ser colocados em prática de uma hora para outra, mas é importante definir etapas para que realmente se avance na qualidade do leite".

Jan Kerkhof, da DSM
Ibarra mencionou também o escopo geográfico do pagamento por qualidade, que pode se dar a nível regional, nacional ou mesmo em determinadas empresas, bem como o tipo de estímulo para pagamento: bonificação, bonificação/punição ou apenas punição.
Esse assunto foi discutido por meio de perguntas que vieram do público, entre elas: "Ao se pagar por qualidade, como evitar que um laticínio perca fornecedores para outro que não paga? ". Para Monardes, esse questão envolve um erro de conceito, pois a qualidade traz benefícios para todos os elos. Assim, ao pagar por qualidade, a indústria estará atrelando o valor de sua matéria-prima ao rendimento industrial e tempo de prateleira dos seus produtos.
Athaide Silva, da DPA, colocou a importância do Brasil começar a remunerar por sólidos, visto cerca de 50% da produção de lácteos nacional tem no teor de sólidos um item importante. Ao se analisar os produtos de exportação, esse número sobe para 90%. O interesse da DPA em implantar um sistema de pagamento por qualidade, com boa ênfase em sólidos, reforça, segundo diversos participantes do evento, o interesse da empresa em trabalhar o Brasil como base exportadora de lácteos.
Ernesto Krug comentou a experiência de pagamento por qualidade da Avipal/Elegê, iniciado há vários anos: "temos hoje 11,7% do mercado de leite longa vida no país, mais do que a segunda, a terceira e a quarta colocada, juntas. Somente com qualidade é possível obter esse resultado, uma vez que nosso leite precisa ser comercializado em todo o país", afirmou.
Outro assunto que veio à pauta foi a questão de fraudes no leite, que mina a competitividade das empresas que seguem a legislação e respeitam os consumidores. Vários participantes do congresso sugeriram a implantação de um Selo de Qualidade para o leite. Krug disse ser possível, mas que seria necessário fazer algo muito bem elaborado e implementado, pois são vários os exemplos de Selos de Qualidade que não funcionaram. "É preciso que haja certificação por uma entidade independente, além de ser necessário que a fiscalização contra fraudes seja intensificada", concluiu.
Em breve, traremos mais informações sobre o evento, bem como abriremos a comercialização do livro "O compromisso com a Qualidade do Leite no Brasil", que reúne as apresentações, bem como o CD-ROM com todas as palestras e os 93 pôsters apresentados.
Fonte: MilkPoint