Sérgio Rustichelli fala sobre os Núcleos Regionais da Embrapa Gado de Leite

Publicado por: MilkPoint

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Sérgio Rustichelli Teixeira é zootecnista formado pela Universidade Federal Rural do RJ (1977), Mestre em Eng. da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1993) e Ph.D. em Extensão Rural pela Universidade de Queensland, Austrália (2004). Trabalha desde 1985 na Embrapa, onde vem atuando nas seguintes áreas: administração de fazendas leiteiras, projeto Acompanhamento de Fazendas, gerenciamento da qualidade do leite - pagamento do leite pela qualidade (tese mestrado) e transporte e resfriamento de leite. Em extensão rural, foi articulador de pesquisa e extensão na Emater Rio, incluindo a prospecção de demandas, bem como articulador junto a FAO, Fepale e Coopavel. O trabalho junto a instituições privadas o inspirou a estudar como trazer para a pesquisa as prioridades do setor produtivo. Antes do trabalho junto à Embrapa, teve uma experiência de cinco anos na administração de uma fazenda particular. Sérgio falou com exclusividade para o MilkPoint, a respeito da importância dos núcleos regionais da Embrapa Gado de Leite.

MKP: O que são os Núcleos Regionais? Durante quanto tempo serão realizados? Quais os locais dos três núcleos?

SRT: O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite tem seu foco de atuação voltado para a inovação tecnológica no segmento da produção da cadeia agroalimentar do leite, visando garantir sua sustentabilidade e competitividade no Brasil e nos trópicos. Em virtude do aumento da produção de leite nas regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste, foram criados em caráter permanente, a partir de 2000, os Núcleos Regionais de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia (NR) visando aumentar a interface entre a Embrapa Gado de Leite, situada em Juiz de Fora - MG, com os agentes do agronegócio do leite em diferentes regiões do Brasil, bem como desenvolver projetos estratégicos nestas regiões através de parcerias com instituições públicas e privadas.

MKP: Qual o objetivo do Núcleo Regional Centro-Oeste estar situado em Goiânia?

SRT: Na verdade o NR Centro-Oeste está situado no Centro Nacional de Pesquisa Arroz e Feijão que fica em Santo Antônio de Goiás, cerca de 15 km de Goiânia. É notória a evolução da pecuária leiteira em Goiás, crescimento de 24,2% entre 1996 e 2002, situando-se entre os maiores produtores de leite do país e contando na região com outros dois estados em franca evolução, Mato Grosso com 24,5% e Mato Grosso do Sul com 15,9% de crescimento para o mesmo período de Goiás. A região Centro-Oeste conta ainda com características climáticas e de produção e comercialização que merecem estudos específicos. Ao mesmo tempo a secretaria de planejamento de Goiás, através do Arranjo Produtivo Local, elegeu o leite como o produto ideal para promover o desenvolvimento regional pelo impulso que dá aos segmentos antes e depois da produção. O APL é uma iniciativa para organizar municípios para alavancar o desenvolvimento sócio econômico de uma microregião. O leite foi escolhido como produto para o APL pela importância econômica, social e ambiental.

MKP: Quantos técnicos irão realizá-lo e o que já se encontra em andamento? Quais são as pesquisas atuais da Embrapa Gado de Leite? Quais são as demandas de pesquisas encontradas até agora, e quais serão as prováveis?

SRT: O NR Centro-Oeste conta com dois pesquisadores e dois bolsistas de desenvolvimento científico regional, ambos com doutorado e estagiários. Atualmente existem mais de 8 ações em andamento, quais sejam:

  • Sistemas alternativos de produção de leite a pasto para a região Centro-Oeste, unidade de observação de produção leiteira e monografias,

  • Avaliação de seis gramíneas forrageiras na região Centro - Oeste, duas regiões do Estado, além de uma tese de mestrado,

  • Produção orgânica de leite em um bioma de cerrado,

  • Teste de variedades de milho para silagem,

  • Produção de sementes de alfafa para diferentes condições climáticas brasileiras.
Essas pesquisas são fruto de demandas do setor produtivo ou de iniciativas que atendam a necessidades identificadas para a produção de leite na região.

MKP: Como será realizada esta "identificação de demandas pelos atores do setor leiteiro para nortear ações da pesquisa e extensão"? Como atuam os NR?

SRT: A identificação ocorrerá com a participação ativa dos diversos segmentos do setor produtivo nas discussões das atividades da Embrapa, principalmente no Centro-Oeste. A ciência da extensão rural tem trabalhado métodos onde o setor produtivo se sinta como co-autor e não objeto do trabalho de pesquisa. Estes métodos, mesmo no exterior, têm citado as idéias do educador brasileiro Paulo Freire, onde o conhecimento local é valorizado e usado para aumentar a motivação dos participantes e obter melhor foco para o trabalho de pesquisa. Progressivamente serão envolvidos os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

MKP: Como ocorreu esta evolução da pesquisa e extensão para maior envolvimento do setor produtivo no passado recente?

SRT: Conforme ilustrado na Figura 1, desde a década de 60 a forma de comunicação com o setor produtivo vem evoluindo de transferir simplesmente a tecnologia, quando se imaginava os produtores como objeto da pesquisa e extensão, mas sem influência efetiva no processo de discussão, para o engajamento do setor produtivo como parceiro de pesquisa e de como comunicar os resultados da pesquisa.


MKP: Como isto irá influenciar os produtores futuramente? Isto será aplicável em todos os três núcleos, ou somente no Centro-Oeste?

SRT: A questão passa a ser a ênfase em produtores e pesquisa se influenciarem mais efetivamente no futuro próximo. Isto já acontece em outros países. Na Austrália, o governo investe AUD $ 1,00 (um dólar Australiano) para cada dólar que o setor produtivo investe em pesquisa. Na Nova Zelândia o sistema é similar. Com isso, cada vez mais a pesquisa dá respostas que têm utilização mais rápida. Mesmo assim há críticas à interação pesquisa / setor produtivo. Entretanto, muitas críticas do setor produtivo são feitas por pessoas que não são pró-ativas e ficam esperando somente as iniciativas da pesquisa e extensão.
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Elizario Pedrozo
ELIZARIO PEDROZO

ENÉAS MARQUES - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/06/2005

A pesquisa é um fator importante e determinante para o desenvolvimento de qualquer atividade.



No meu ponte de vista no setor de Lácteos é uma das questões das mais relevantes. Lógico que novas tecnologias é tão importante quanto melhoramento, manejo e nutrição, controle de custo de produção entre outros, uma vez que a mesma já esta inserida nestes casos, tenho conhecimento dos relevantes serviços que a Embrapa tem prestado ao nosso país.



E tenho consciência da necessidade de novas tecnologias hoje é diária, no mundo da globalização as mudanças são muito rápida. O que gostaria de saber como eu pequeno produtor de Enéas Marques, PR, ligado a segunda bacia leiteira do Paraná, teria acesso a essas novas tecnologias da Embrapa, uma vez que ela é federal e esta regionalizada em nossa região não tem escritório representativo.



<b>Resposta do autor:</b>



Elisiário



Seu contato deve ser com o Núcleo Regional Sul leomatos@cnpgl.embrapa.br (43) 3371 7862 ou com a Embrapa Gado de Leite diretamente, nossa área de atuação é o Centro-Oeste do Brasil e somos ligados diretamente a nossa sede em Juiz de Fora. Você também pode ligar para (32) 32494700 ou encaminhar seus questionamentos para o sac@cnpgl.embrapa.br e pedir para falar com alguém do atendimento.



Sergio Rustichelli Teixeira

Núcleo Regional Centro-Oeste

Wesley Augusto do Prado
WESLEY AUGUSTO DO PRADO

OUTRO - RIO DE JANEIRO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA FRIGORÍFICOS

EM 16/06/2005

Encontrei na matéria muita informação, inclusive para pesquisas futuras. Contudo gostaria que houvesse mais sobre a região sudeste e, sobretudo onde trabalho noroeste fluminense.



Muito obrigado e parabéns ao zootecnista Sr. Sérgio Rustichelli pelo esclarecimento e à MilkPoint por mais esta iniciativa.

Nilson Faria de Moraes
NILSON FARIA DE MORAES

RIO VERDE - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/05/2005

Existiria a possibilidade de acesso as tecnologias através de contatos/visitas dos extensionistas/técnicos.



<b>Resposta do autor:</b>



No Núcleo Centro-Oeste estaremos sempre disponíveis para visitas dos extensionistas/técnicos. O mesmo se aplica à Embrapa Gado de Leite em sua sede em Juiz de Fora.



Sergio Rustichelli Teixeira

Gestor do Núcleo Centro Oeste

Embrapa Gado de Leite





Cleber Medeiros Barreto
CLEBER MEDEIROS BARRETO

SOBRAL - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/05/2005

Caro Sérgio,

peço se possível, que comente sobre a iniciativa a nível de Nordeste (local, andamento, contatos).

Atenciosamente,

Cleber Barreto

Antônio Carlos de Souza Lima Jr.
ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/05/2005

Sugiro que o Dr. Sérgio comente mais sobra a abordagem participativa do setor produitivo.

Em visita aos EUA com produtores e técnicos brasileiros para estudos dos sistemas de produção de leite nos foi apresntado que os produtores se reuniam periodicamente com os pesquisadores para apresentarem suas demandas. Acredito realmente que, um maior envolvimento dos produtores, possa vitalizar os resultados da pesquisa.

A. Carlos de Souza Lima Júnior
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