RS: projeto melhora genética de rebanho

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Um projeto que surgiu no sul do Rio Grande do Sul, mas que pode ser utilizado em qualquer região do país, com as devidas adaptações, tem por objetivo melhorar geneticamente o rebanho leiteiro de pequenos produtores, tornando os animais mais produtivos, por meio da transferência de embriões. É Clube do Embrião, iniciativa da Emater-RS e da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), com o apoio de produtores parceiros, prefeituras municipais e cooperativas da região.

O banco genético do programa é formado por vacas doadoras das raças holandesa e jersey PO e PC, com controle leiteiro e sanitário, dos rebanhos da Emater, da Embrapa e dos produtores parceiros, com a coordenação das médicas veterinárias Mara Helena Saalfeld, da Emater-RS, e Lígia Pegoraro, da Embrapa. "A única diferença em relação a outros programas é a socialização da transferência de embriões para o pequeno produtor", afirma Mara. "O produtor entra com a vaca receptora e o Clube do Embrião faz o processo de transferência do embrião (TE)", diz Ligia.

O programa já tem vários animais nascidos de TE. Entre eles, um touro holandês nascido no Centro de Treinamento de Agricultores (Cetec) da Emater. Ele está, agora, em coleta de sêmen, visando à distribuição aos produtores, na Central Rio-Grandense de Inseminação Artificial (Cria), em Esteio (RS). "Desde outubro de 2004, distribuímos duas mil doses de sêmen desse touro", diz Lígia. As crias nascerão este ano.

Segundo Mara, as receptoras podem ser de qualquer raça, até mestiças. "A exigência é que passem antes por um rigoroso controle sanitário e reprodutivo. A receptora pode ser a própria vaca produtora, não acarretando, assim, custos de compra de receptoras". As doadoras entram no projeto a partir dos 14 meses, com peso ao redor de 230 quilos, no caso da raça jersey, e 350 quilos para a raça holandesa.

O primeiro passo é a retirada do embrião, que pode ser transferido na hora ou congelado. A veterinária explica que o uso de embriões congelados na forma convencional funciona bem em vacas holandesas, mas ainda está em pesquisa a melhor forma de congelamento para vacas jersey, por causa da dificuldade no congelamento do embrião, que parece ser mais sensível. "Nesse caso, a saída encontrada foi o processo de vitrificação, que é feito em laboratórios", conta.

A sexagem dos embriões é feita em laboratório, a partir de sete dias de vida ou por ultrassom com 30 a 35 dias de vida. Após constatada a prenhez, a receptora é devolvida ao produtor.

Curso

Depois de um ano de ajustes, em 2004 o Clube do Embrião iniciou nova fase, com a inclusão de assentados. "Além dos produtores da agricultura familiar, estamos atendendo aos assentamentos do programa da reforma agrária", conta Mara. "Todos fazem parte de cooperativas ou associações".

Segundo ela, o clube possui um banco de 200 embriões e 2.700 doses de sêmen das raças jersey e holandesa e beneficiará cerca de 500 famílias nesta primeira fase. Ela informa que todo produtor, para entrar no programa, tem de fazer o curso de gado leiteiro no Centro de Treinamento de Agricultores (Cetec) para profissionalizar-se na atividade. "Não adianta dar um animal de uma genética melhor se o produtor não tem como dar alimentação e manejo adequado", alerta.

Para a nova fase, Ligia informa que foram adquiridos seis animais holandeses PO, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e iniciada a reforma das instalações do laboratório de reprodução animal na Embrapa. "O produtor só tem gasto com o veterinário, que faz os testes sanitários e ginecológicos e a inovulação do embrião", afirma Mara.

O serviço custa na faixa de R$ 100 e inclui a assistência técnica para a inovulação e o preço dos exames sanitários. "Esse valor equivale a cerca 150 litros de leite e é pago à cooperativa".

Depois de um ano de afastamento, a veterinária Elenice de Lima Gonzalez, da Estância Costinha, em Pelotas (SP), voltou a participar do Clube do Embrião, ao qual ela entrou em 2003, como parceira, fornecendo uma vaca doadora da raça jersey para a coleta de embriões. Em contrapartida, recebeu assistência da Emater na sincronização do cio, visando à superovulação, além dos medicamentos necessários ao processo.

Ela conta que, depois de fazer a inseminação, Mara coletou os embriões, que foram selecionados na propriedade por Lígia. Dos embriões coletados, 40% ficaram propriedade e os 60% restantes foram repassados aos produtores por meio do clube.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Beth Melo), adaptado por Equipe MilkPoint
Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?