De acordo com o site Dairy Repórter, os preços pagos pelo leite aos produtores do Reino Unido são bastante baixos, tornando a indústria de lácteos britânica mais apta a lidar com as reformas da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia (UE) e com os cortes de subsídios que estão aumentando.
Na semana passada, uma das três maiores processadoras de lácteos do Reino Unido, Robert Wiseman Dairies, anunciou que reduziria o preço pago pelo leite aos produtores em 0,25 centavos de libra (0,43 centavos de dólar) por litro. Isso não parece muito, mas os produtores estão preocupados com a tendência. A empresa disse que está sendo forçada a fazer isso depois dos recentes cortes feitos por seus principais competidores, como a Arla, que reduziu o preço em 0,35 centavos de libra (0,61 centavos de dólar) por litro em junho.
"Nós não podemos competir em um mercado onde nossos principais competidores estão comprando leite por um preço menor que estamos pagando".
A Wiseman ainda estará pagando mais, 20,11 centavos de libra (35,37 centavos de dólar) do que as outras, mas os preços médios pagos pelo leite ao produtor do Reino Unido estão menores do que os pagos nos 15 países da UE (que já faziam parte do bloco antes da expansão) há alguns anos.
Todavia, o futuro do setor de lácteos do Reino Unido no longo prazo é promissor, de acordo com o conselheiro chefe do setor de lácteos da União Nacional de Produtores Rurais (National Farmers' Union - NFU), Tom Heind. "O mix de produtos que nós temos na indústria de lácteos do Reino Unido e a eficiência competitiva, tem nos tornado melhor preparados para lidar com a reforma da PAC", disse ele.
Além disso, enquanto aumenta a briga entre a Inglaterra e outros estados membros com relação aos subsídios agrícolas e o orçamento da UE, Heind disse que existe "uma forte possibilidade de que sejam feitas mais reformas na PAC nos próximos anos".
"Minha experiência em Bruxelas me faz suspeitar que a reforma irá novamente ser discutida depois que houver mais clareza sobre o orçamento, na próxima rodada de conversas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com a acessão da Bulgária e da Romênia".
A Comissão Européia concordou em publicar um relatório temporário sobre a atual reforma da PAC em 2008 e Heind disse que é possível que novas propostas surjam então.
Ele disse que é provável que ocorra mais racionalização na indústria de lácteos do Reino Unido, mas que a visibilidade de longo prazo é a chave para permitir que os produtores planejem seu futuro. Ele disse também que existe um movimento geral contra os subsídios agrícolas, uma área do orçamento da UE que foi bastante criticada pelo primeiro ministro do Reino Unido, Tony Blair, e pelo chanceler, Gordon Brown, na semana passada.
Além disso, Heind disse que a UE está certa em acabar com a ligação entre subsídios e produção, argumentando que isso não precisa significar o fim do suporte da UE para o setor agrícola. Atualmente, a UE gasta cerca de 40% de seu orçamento com agricultura, um dado criticado pelo governo britânico, que agora controlará a presidência da UE por seis meses.
A Inglaterra é o quinto maior recebedor de auxílio agrícola da UE, recebendo nove bilhões de euros (US$ 10,71 bilhões) por ano, dos quais 3,5 bilhões de euros (US$ 4,16 bilhões) são usados em subsídios. A França é o maior recebedor, ficando com 23 bilhões de euros (US$ 27,38 bilhões) em auxílio, 9 bilhões de euros (US$ 10,71 bilhões) a mais do que qualquer outro estado membro.
A comissária de agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, pediu uma solução para a disputa do orçamento em 2006-2013 que ocorrerá em Paris. Ela destacou uma proposta de Luxemburgo de cortar os gastos com agricultura para 33% do orçamento, e uma proposta da Comissão de gastar menos de 30% antes de 2013.
A França, como maior beneficiário, se opôs veementemente a qualquer mudança e quer manter o acordo original entre os estados membros feito em 2002, que se compromete em manter a PAC gastando 43 bilhões de euros (US$ 51,19 bilhões) por ano até 2013.
Boel disse que a Comissão está pronta para negociar com a presidência britânica, mas alertou que o acordo de 2002 precisa ser respeitado. "Aqueles que querem romper este pacto precisam considerar que os pagamentos individuais aos produtores irão provavelmente ser reduzidos de qualquer forma em 2007", disse ela.
Ao mesmo tempo, Boel disse que o acordo orçamentário precisa logo permitir que a indústria faça um planejamento em longo prazo.
Em 05/07/05 - 1 Libra Esterlina = US$ 1,75890
1 Euro = US$ 1,19050
Fonte: Dairy Reporter, adaptado por Equipe MilkPoint
Reino Unido: reforma da PAC poderá impulsionar indústria
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