Reino Unido: falta agregação de valor em lácteos

A indústria de lácteos do Reino Unido está perdendo espaço para outros países da Europa no mercado de produtos com valor agregado, arriscando sua futura prosperidade porque está falhando em inovar a um ritmo suficiente, informou um novo relatório.

O déficit comercial do Reino Unido em produtos lácteos cresceu em 8%, para 744 milhões de libras esterlinas (US$ 1342,70 milhões) durante o ano de 2004, à medida que o país continua importando grandes quantidades de produtos com valor agregado enquanto exporta commodities de baixo valor, como leite em pó e creme de leite. Os dados, publicados no relatório Dairy Supply Chain, do Conselho de Desenvolvimento de Lácteos (Milk Development Council - MDC), mostram que esta tendência ampliou o déficit comercial no Reino Unido em 300 milhões de libras esterlinas (US$ 541,41 milhões) em cinco anos.

O relatório informa que esse crescente déficit mostra que o Reino Unido ainda está atrás de outros países da União Européia (UE) nos mercados cada vez mais importantes de produtos lácteos com valor agregado.

Um exemplo é a gordura do leite, onde o Reino Unido exporta grandes quantidades na forma de creme de baixo valor e importa na forma de manteiga com marcas de alto preço, disse o MDC, destacando as importações das manteigas Anchor, da Nova Zelândia, e Lurpak, da Dinamarca.

"Este é um exemplo claro onde a falta de inovação e comercialização tem permitido que outros países dominem nosso mercado doméstico". Um cenário semelhante tem ocorrido nos setores de queijos e iogurtes.

O Reino Unido somente aumentou a produção de produtos lácteos em 3% entre 1996 e 2004, comparado com o aumento médio na UE, de 56%. A produção de queijos no Reino Unido permanece sem crescimento, enquanto o crescimento médio na UE foi de 14%.

O analista de mercado do MDC, Ken Boyns, disse que o Reino Unido tem sido prejudicado por uma falta de ênfase em inovação entre as antigas comissões de comercialização de leite do país, abolidas em 1994. Ele disse que mais recentemente algumas firmas mantiveram seu foco na produção com menor custo ao invés da inovação.

Um fator que pode contribuir para isso é a pressão que os processadores britânicos estão sofrendo para manter as margens, com os cortes nos preços pelos varejistas e os aumentos nos custos com energia e embalagem. "Frequentemente, novos produtos levam um longo tempo para serem desenvolvidos e se tornarem bem sucedidos, de forma que se você está sob pressão, isso pode ser difícil".

Além disso, o relatório informa que a produção de produtos lácteos com valor agregado tem sido movida para fora do Reino Unido, como aconteceu com a Danone, que transferiu sua produção de iogurtes Shape para a França.

Se o Reino Unido não começar a tirar maior vantagem das tendências de valor agregado, poderá enfraquecer o setor de lácteos como um todo, mantendo os preços aos produtores baixos e expondo o país à insegurança do mercado de commodities mais do que os outros países da UE, informa o relatório.

Existem alguns sinais positivos que mostram esforços das principais processadoras de lácteos do Reino Unido em sair dos mercados de commodities. É o caso, por exemplo, da Arla UK, subsidiária da Arla Foods, que registrou um aumento das vendas do leite fresco Cravendale em 2005, com 1% de gordura, e disse que planeja lançar novas variedades até o final do ano.

A Dairy Crest, outra importante processadora de lácteos do Reino Unido, lançou seu leite fortificado com Ômega-3 St Ivel Advance no começo do ano. A empresa afirma que o leite pode melhorar o aprendizado e a concentração.

As vendas de leites com marcas cresceram 23% no Reino Unido entre 2003 e 2004, enquanto as vendas de queijos com marcas cresceram 11%.

Em 20/09/05 - 1 Libra Esterlina = US$ 1,80470
0,55411 Libra Esterlina = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

Fonte: Dairy Reporter (por Chris Mercer), adaptado por Equipe MilkPoint