Produção de leite no RS quebra 50% com seca

A peregrinação do gado em busca de água e pasto virou rotina diária e desgastante na região de Santa Maria. Muitos produtores estão levando os animais até quase dois quilômetros para encontrar água. Em muitas propriedades, só restam raízes ressecadas de grama. O reflexo está na perda de peso dos animais, no menor número de nascimento de terneiros e na redução de 50% na produção de leite.

O pecuarista Rosalino Volpatto, que tem 24 vacas de leite, se desespera depois de semanas à espera de chuva. Quatro vezes por semana ele caminha uma hora para levar o gado até uma área onde ainda há pasto. Com a queda na produção, deve perder até as vacas, pois não sabe se terá como pagar um empréstimo que tirou para montar uma agroindústria de beneficiamento.

Hoje, um caminhão cedido pela Base Aérea deve ir à propriedade abastecer os animais.

Além dos danos imediatos, há também o prejuízo futuro. O tamanho do rebanho deve encolher. É que em anos normais, de cada 100 vacas, 55% costumam reproduzir no verão. Devido à seca, essa média deve cair para até 40%.

A Associação Gaúcha de Laticinistas calcula que o prejuízo na produção leiteira do estado no mês de fevereiro chegou a R$ 10,5 milhões.

Segundo o presidente da entidade, Ernesto Krug, o volume de leite recebido nas indústrias, com Inspeção Federal, foi de 112,7 milhões de litros. Houve uma quebra de 724 mil litros de leite por dia, ou cerca de 18% no total de fevereiro.

No ano passado, a produção de leite no RS foi de 1,6 bilhão de litros.

Fonte: Zero Hora/RS (por Deni Zolin), adaptado por Equipe MilkPoint