No varejo, porém, a redução dos preços não acompanhou as mesmas proporções do atacado, sendo que a relação entre os preços no varejo e preços no atacado mostra crescimento a partir de junho. Apesar de termos os dados do atacado somente até agosto, informações de agentes do setor indicam que essa relação se manteve nos últimos 2 meses. De acordo com dados do Cepea-Esalq/USP, o quilo do leite em pó integral, no atacado, ficou em R$ 10,53, queda de 1,5% em relação a julho e 8,3% em relação a junho. No varejo, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), o quilo do leite em pó no mercado paulista foi comercializado a R$ 17,83, mostrando alta de 3,1% em relação a julho e queda de 1,4% sobre o preço de junho. Todos os valores foram corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna).
E na ponta desta cadeia está o produtor, que vem sentindo ao longo dos últimos 4 meses quedas contínuas no preço recebido pelo leite. Considerando a relação de equivalência de 8,2 litros de leite fluido para produção de 1 kg de leite em pó, nota-se que a relação entre preços no atacado e preços ao produtor vem decrescendo a partir de junho, o que pode mostrar que a margem das indústrias, para esse produto, ficaram mais reduzidas nesse período.
Gráfico 1. Preços do leite em pó integral no varejo (SP), no atacado, e recebido pelo produtor (equivalente a 8,2 litros de leite fluido por kg de leite em pó), corrigidos pelo IGP-DI.
No cenário internacional, os valores do produto estão em queda contínua, com preços médios abaixo US$ 2.700/tonelada na Europa e Oceania (leia matéria sobre preços internacionais). No último leilão da Fonterra (04/11), realizado através da plataforma de vendas online - GlobalDairyTrade - o preço médio alcançado para todos os produtos e períodos contratuais para o leite em pó (WMP) foi US$ 2.586 por tonelada, posto na Nova Zelândia.
Para amenizar um pouco a situação, as notícias mais otimistas são de que os preços internacionais tendem à estabilidade. O preço do produto brasileiro exportado nesse mês (US$ 4.730,00/t) refere-se a contratos feitos em períodos anteriores, daí o fato de ainda estarem em patamares bem superiores aos atualmente praticados no mercado. Considerando a exportação, apesar de ainda ruins, estes preços poderão ser parcialmente compensados pela valorização da moeda norte americana, favorecendo o envio de produtos brasileiros ao exterior.
No contexto interno, representantes do setor reivindicam aumento dos recursos disponíveis para Empréstimo do Governo Federal (EGF) para o setor e do limite de recursos por empresa, além de Contratos Privados de Opção e Venda (Prop) para a indústria leiteira. Ações de marketing institucional e privado também são citadas entre as medidas emergenciais, além da inclusão do leite em programas sociais do governo.
Marlizi Moruzzi, Equipe MilkPoint