Acumulando estoques por conta da recessão, os laticínios reduziram as compras no mercado spot em setembro, provocando fortes baixas de preços. As cotações recuaram 10,2%, 8,9% e 7%, respectivamente, em Minas Gerais, Goiás e São Paulo, conforme a Scot Consultoria. O "spot" se refere a grandes volumes de leite negociados à vista entre indústrias e cooperativas.

Para Maurício Nogueira, da Scot, a baixa no mercado spot sinaliza queda de preços ao produtor, embora em percentuais menos significativos. "Ficou mais fácil derrubar os preços em outubro", diz o analista. Os laticínios irão pagar em 15 de outubro o leite entregue em setembro.

Para a produção de agosto paga em setembro, os preços ao produtor ficarão estáveis em R$ 0,496 por litro de leite tipo C na média nacional, segundo a Scot. Em Minas Gerais, maior bacia leiteira do país, as cotações chegaram até a subir: 3,3%, para R$ 0,51. Para analistas, a alta é resultado de compras realizadas pelos fabricantes de queijo.

Nas demais bacias leiteiras, os preços cederam. A queda mais acentuada ocorreu no Rio Grande do Sul, onde a safra do leite começa mais cedo. O preço do litro de leite tipo C caiu 3,05%, para R$ 0,48 por litro. Em Goiás e São Paulo, as baixas foram inexpressivas: 0,55% e 0,58%, para R$ 0,50 e R$ 0,51, respectivamente.

"Por incrível que pareça, já que é entressafra, está sobrando leite", diz Domingos Villefort, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Goiás. Mas com a entrada da safra em outubro, cresce a expectativa de baixa de preços. "Se a alta de produção for expressiva, há risco de queda de preço", diz Alexandre Maia Lemos, presidente da Leite Nilza, ressaltando que a diferença entre safra e entressafra diminuiu no país com a tecnologia utilizada na produção.

Fonte: Valor Online (por Raquel Landim), adaptado por Equipe MilkPoint