Preço do leite estimula investimentos

Publicado por: MilkPoint

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Os pecuaristas leiteiros estão recebendo os melhores preços dos últimos quatro anos. No acumulado de 2005, as cotações do leite aumentaram 11,3%, valor 8,9% superior à inflação do período (IGP-DI). A média de janeiro a maio é de R$ 0,55 o litro. Desde 2001 não chegava a patamar tão alto: R$ 0,57 o litro (em valores médios, deflacionados). O aumento da demanda para exportação, no ano passado, e agora a entressafra, foram determinantes para o desempenho.

Os bons preços do leite estão alavancando os investimentos no setor. Ao mesmo tempo em que se espera a construção de pelo menos dez novos laticínios no país, concentrados, principalmente, em Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, muitos produtores voltam a investir na atividade.

O produtor Eurípedes Bassamurfo Costa, de Itaberaí, no oeste de Goiás, aumentou em 30% sua produção, de 1,5 mil litros por dia, com os investimentos de R$ 73 mil, que incluíram melhoria no rebanho, novos tanques de resfriamento e uma ordenhadeira. "Acredito em preços diferenciados para quem tem qualidade", disse.

O setor leiteiro passou por uma grande crise de preços em 2001 quando parte do plantel foi vendido e matrizes descartadas. Naquela época, para pagar as dívidas, Costa se desfez de metade do plantel.

Agora, há uma euforia. Apenas a Embaré Indústrias Alimentícias S.A. gastou US$ 16 milhões na ampliação de sua unidade industrial em Lagoa da Prata (MG). O diretor-superintendente do laticínio, Haroldo Antunes, afirmou que a empresa praticamente não exportava porque não tinha excedente. Com a ampliação da unidade, a capacidade de produção passa de 800 mil litros por dia para 1,1 milhão de litros por dia (37,5%). A empresa passará a produzir leite condensado, creme de leite e bebidas lácteas.

"Ao mesmo tempo em que indústrias investem em melhorias e aumento de produção, os pecuaristas gastam com genética", diz Leandro Ponchio, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Segundo o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, o leite tem poucas barreiras para quem quer começar ou recomeçar na atividade, ao contrário dos grãos, onde o investimento é maior. Por isso, cresce em regiões como oeste do Paraná, Rio Grande do Sul, Pará, Bahia e região Centro-Oeste. "Além dos preços atrativos, as demais atividades agrícolas estão com a remuneração ruim", afirmou.

Preços

Apenas no mês de maio, a média nacional chegou a R$ 0,59 o litro, valor 15% superior ao mesmo período de 2004, descontada a inflação. "Certamente estes preços cobrem os custos de produção", avaliou Martins. Não existem levantamentos sobre o valor despendido na produção, pois o tamanho dos plantéis e a produtividade são muito variados no país.

O bom resultado, no entanto, não deve se manter durante o restante do ano. Analistas de mercado acreditam que os preços estejam chegando ao limite e que, para o segundo semestre, comecem a cair. Há também a entrada da safra nesse período. Em Goiás, o presidente do Sindicato Rural de Morrinhos, Lauro Sampaio, disse que o produto entregue em junho já terá pagamento menor. "As importações aumentaram", comentou. De janeiro a maio, segundo dados do governo, as despesas com as compras somaram US$ 60,5 milhões, 70% superior ao mesmo período de 2004.

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária Leiteira da CNA, Rodrigo Alvim, disse que "por enquanto os preços estão remuneradores", mas teme uma queda acentuada no segundo semestre. Porém Alvim destaca que "com a abertura do mercado mexicano, precisaremos de mais matéria-prima e todo mundo sabe que cotações baixas desestimulam a produção", referindo-se à crise de 2001.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe MilkPoint
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João Ziraldo Maia
JOÃO ZIRALDO MAIA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/06/2005

Não seria o momento de se ligar as luzes amarelas?



É o típico efeito estouro da boiada. Grãos em baixa no mercado mundial e dólar em baixa inviabilizando as exportações, aliado a um excesso (?) de oferta de carne que fez o preço da arroba despencar e não dar amostra de recuperação, uma vez que o consumo interno não aumenta.



Nesse momento todos olham para o leite como a alternativa viável. Penso que se esse cenário não se modificar, em um ou dois anos estaremos contaminados, ou seja, de volta para o fundo do poço, com o leite não conseguindo pagar o custo de produção e a conseqüente eliminação das matrizes. Tenho medo da "euforia" apregoada.

Roberto Peixoto Medeiros da silva
ROBERTO PEIXOTO MEDEIROS DA SILVA

ABAETÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/06/2005

Gostaria de salientar que falta ainda mais incentivo e crédito, por parte dos órgãos governamentais, para os novos produtores de leite e que pouco está sendo feito para o incentivo de novos investimentos na área.



Seria importante abrir linhas com valores em torno de R$100 para investimentos em matrizes de alta produção, treinamento para os novos integrantes nesta atividade como também que estes recursos fossem pagos com o próprio produto final ou seja, o leite. Que as Prefeituras Municipais comprassem diretamente o leite dos produtores para a merenda escolar.



O Governo federal deveria liberar os recursos para aquisição da merenda (Fundef), com carimbo exclusivo que parte dos recursos deveriam ir para este setor tão importante e gerador de empregos e divisas para o município e estado. Lembro também que tanto a Emater como o Sebrae, devem participar mais ativamente nesta área de atuação.

oclacir jose cabrini
OCLACIR JOSE CABRINI

BATATAIS - SÃO PAULO - EMPRESÁRIO

EM 16/06/2005

Embora o título da matéria seja animador, em seu final já se comenta de queda de preços a partir de junho. Pois bem já findou a primeira quinzena de junho e os preços que vinham em alta sinalizam forte queda já para o pagamento do leite fornecido em junho, que, como bem sabemos, representa o meio do período de entressafra.



Quais os motivos? Preços compensadores forçam o aumento da produção, e o mercado consumidor não sustenta este aumento, aliado ainda à queda de exportações e aumento da importação de leite em pó e soro de leite devido à política cambial de supervalorização do real.



O que aconteceu com os cereais (principalmente com soja e milho) agora irá acontecer com o leite e seus derivados? Como acreditar e investir em atividades produtivas que demandam altos gastos e resposta em médio prazo, se o mercado e a política econômica não são compatíveis com estes prazos?



O produtor de leite deve se preocupar, e muito, com o que poderá acontecer a partir de agora até o final do ano, e porque não dizer durante todo o próximo período de safra. Não podemos correr, riscos, a atividade não remunera estas perdas bruscas que o mercado nos impõe.

Fernando Moraes Vilas Boas
FERNANDO MORAES VILAS BOAS

OUTRO - MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA LATICÍNIOS

EM 16/06/2005

É muito bom sabermos que o setor leiteiro está indo de vento em poupa e que é a bola da vez, mas uma pena vermos o Estado de Mato Grosso do Sul fazendo o caminho inverso desta questão, pois as indústrias do estado decidiram pagar o preço do litro do leite R$ 0,05 à 0,07 centavos mais baixos para o produtor, ainda mais que a IN 51 entrará em vigor no dia 01 de Julho onde o produtor de leite vai precisar investir, e se os empresários tiverem essa mentalidade e não mudarem, o setor no estado só terá a perder.

Qual a sua dúvida hoje?