Preço do leite cai 17% em um mês no Paraná

Publicado por: MilkPoint

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O produtor de leite Eurico Spinardi sente no bolso o efeito de mais uma crise no mercado leiteiro. Ele viu o preço despencar 17% em menos de um mês. O litro que Spinardi conseguia colocar no mercado a R$ 0,56, hoje não sai por mais de R$ 0,46. As dificuldades que o atingem são as mesmas sentidas em todo a cadeia produtiva. A combinação de dois fatores ajudou a derrubar o preço: a produção nacional aumentou 6% em um ano e a queda do dólar desestimulou as exportações.

A produção nacional que vinha de históricos de crescimento na casa dos 3,5% acabou aumentando mais do que o esperado, em função do bom momento que o setor viveu no ano passado. Só no primeiro trimestre de 2005, a produção subiu 9,5% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. A relação de oferta e de procura reduziu o preço no mercado interno. Com leite sobrando, uma boa pedida seria a exportação. Mas com o dólar na casa de R$ 2,30, o valor do produto não está colaborando para impulsionar as vendas externas.
Para o presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, o momento pegou de surpresa os produtores. Principalmente porque pela primeira vez em muitos anos o Brasil foi superavitário na balança comercial do mercado leiteiro. O saldo positivo foi de US$ 11,5 milhões. Os números podem parecer ainda pouco expressivos, mas o aumento real nas vendas para o mercado internacional e a redução na compra de leite estrangeiro são significativos.

Em 1998, por exemplo, o déficit na balança era de US$ 504 milhões. Nessa época, o Brasil adquiria muito leite dos países da União Européia, Nova Zelândia, Argentina e Paraguai. Em 2001, o estabelecimento de tarifas e acordos bilaterais reduziu a invasão do leite estrangeiro, principalmente do produto subsidiado da União Européia. Com mais espaço para competir, o mercado nacional começou a exportar. Hoje entre os principais consumidores do leite brasileiro estão Iraque, Argélia, Venezuela e Estados Unidos.

Na pequena propriedade que administra, Spinardi mantém 170 vacas da raça holandesa, que rendem 1,5 mil litros de leite por dia. Atualmente, os custos de produção estão praticamente empatando com o preço recebido. A situação só não é ainda mais complicada porque a despesa com a manutenção dos animais sofreu uma ligeira queda. "O preço da ração caiu", conta.

O produtor está acostumado com as oscilações do mercado leiteiro. Já chegou a receber pelo litro os extremos de R$ 0,65 e R$ 0,35. Mesmo com a experiência de quem já atravessou várias crises, desta vez Spinardi não está mais tão otimista. Ele avalia que o cenário é pior ano após ano.

O espaço tem ficado cada vez mais direcionado para os grandes produtores, que apostam em tecnologia e podem investir em melhoramento genético. Há 30 anos no ramo, ele não pensa em largar a pecuária de leite. Planta milho, soja e feijão, mas a ordenha diária das vacas é o carro-chefe da propriedade.

Fonte: Gazeta do Povo/PR (por Katia Brembatti), adaptado por Equipe MilkPoint
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Marcos Koch Ortiz
MARCOS KOCH ORTIZ

CASTRO - PARANÁ

EM 11/08/2005

PARABÉNS AO PRODUTOR EURICO SPINARDI, QUE APESAR DE TUDO O QUE OCORRE ESTA CIENTE DE QUE A CRISE NO SETOR É GERAL E SABE AVALIAR AS CONSEQUÊNCIAS, BUSCANDO DESTA MANEIRA A DIVERSIFICAÇÃO DA

PROPRIEDADE COMO PONTO DE EQUILÍBRIO.



ESTE TRATA-SE DE UM VERDADEIRO PRODUTOR DE LEITE, E NÃO DE UM AVENTUREIRO DO SETOR QUE VEM PARA O SETOR QUANDO OS PREÇOS FAVORECEM.



MARCOS KOCH ORTIZ

SUPERVISOR REGIONAL - CAPTAÇÃO

PALMEIRA - PR
Elizario Pedrozo
ELIZARIO PEDROZO

ENÉAS MARQUES - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/08/2005

Sou um pequeno produtor, de Enéas Marques Pr., e senti na pele o que representou essa redução de preço. A minha redução foi de R$ 0,10 p/lt - 17,24%, tive até que vender animais, essa redução em % elevado provoca um desequilíbrio em qualquer finança.



A dificuldade ainda é maior em função do momento ser de investimentos no setor, adubação de pastagem de verão, plantio milho/sorgo para silagem e outros investimentos feitos para melhorar a qualidade do leite. Em minha propriedade, mudei a ordenhadeira para maior nº de conjuntos e direcionando para canalização futura, visando a busca da qualidade, uma vez que já atendo a IN/51, e acho que é necessário ajustar para poder exportar. O leite nos padrões atuais da instrução não serve para a maioria dos países, sem contar os custos com exames de brucelose e tuberculose, importantes e necessários, mais que elevam os custos.



Os paraquedistas na atividade elevam a produção e derrubam os preços, depois saltam fora. A entrada de leite através da importação em função da redução do dólar é outro problema. São tantas as adversidades, mas temos que nós organizar, produtor, indústria, governo, cada um fazer a sua parte, e o produtor mais que nunca buscar a sua profissionalização, se a coisa não piorar ainda mais e se conseguir sobreviver na atividade.
Qual a sua dúvida hoje?