Parmalat lança leite UHT com a marca Glória

A Parmalat Alimentos coloca no mercado carioca, em dez dias, sua nova marca de leite UHT, em embalagem cartonada, desenvolvida pela Tetra Pak. É o primeiro lançamento após a crise sofrida pela organização brasileira a partir de dezembro de 2003. O leite UHT Glória terá duas funções estratégicas para o que a empresa chama de "o retorno".

A primeira função é mostrar ao mercado que a gigante, que se notabilizou muito mais por marketing do que por eficiência administrativa, está de volta, um pouco mais assentada e recatada. A segunda será tornar o leite Glória a segunda marca da Parmalat Alimentos, com abrangência nacional, mas preço mais baixo que o produto premium da empresa.

A estratégia para envase será a mesma adotada para venda na região sudeste. A empresa terceirizou a operação de envasamento em embalagem longa vida e pasteurizado para a Agropecuária Tuiuti, de Amparo, que detém a marca Shefa. No Rio de Janeiro, o envase do leite Glória ficará sob responsabilidade da Laticínios Damata. "A decisão de terceirizar não se deve a custo. A despesa é a mesma, tendo ou não sistema de envase em embalagens cartonadas. É questão de não ter mais uma unidade para nos preocupar", explica o presidente Nelson Bastos, executivo da Íntegra Associados indicado para administrar a Parmalat.

Com o lançamento, a Parmalat pretende ampliar a produção para três milhões de litros no segundo mês da marca. A etapa seguinte será ampliar a base de distribuição do Glória para outros mercados no Brasil.

Esta segunda marca nacional terá, como a primeira, uma gestão de distribuição diferente da adotada pelos antigos controladores. A estratégia é sustentar marcas nacionais com captação, envase e distribuição regionais. A razão para a mudança é simples: baixar o custo logístico. Um dos maiores pesos no preço final do produto é o de transporte. Na atual safra, a Parmalat desembolsa R$ 0,56 por litro captado. O transporte pode custar R$ 0,20 por litro. Por isso, serão mantidas as cinco unidades regionais, Garanhuns, Carazinho, Santa Helena, Ouro Preto do Oeste e Itaperuna.

Captação

Segundo Bastos, a Parmalat não tem mais como objetivo bater recordes de captação. Essa liderança, que levou a empresa a captar mais de 60 milhões de litros num mês, significou só um alto preço. A captação hoje não chega aos 60 milhões de litros, mas não está longe. Em outubro, último balanço consolidado, foram captados 48,549 milhões de litros, o que supera a marca de janeiro, início da crise, de 47,7 milhões de litros. No pior momento, o mês de março, a captação foi de 12,2 milhões.

Lucro

Sob o comando de Nelson Bastos, a Parmalat conseguiu o primeiro lucro operacional pós-crise, em outubro. Nominalmente insignificante, R$ 200,00 mil, o resultado significa que a reestruturação da empresa colocou-a num patamar de custo operacional inferior ao lucro que obtém com o negócio.

Com um novo lançamento e a recuperação de mercado, Bastos acredita que isso será alcançado sem grandes problemas. A previsão da atual administração é gerar um resultado bruto de 10% sobre a receita nos próximos dois anos. O desempenho não é excepcional, mas, segundo Bastos, é uma boa notícia para uma empresa que perdia R$ 100 milhões por ano ao longo de uma década.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Agnaldo Brito), adaptado por Equipe MilkPoint