Parmalat informa que está captando 850 mil litros de leite

A Parmalat do Brasil já compra de produtores brasileiros 850 mil litros de leite por dia e prevê recuperar 65% do mercado que detinha em seus tempos áureos no final de 2004. Palavra do presidente da empresa, Nelson Bastos. Segundo ele, os problemas criados pela crise da multinacional estão sendo sanados e não há risco da empresa fechar as portas no Brasil, mesmo se a matriz italiana assim decidir. "Como a Parmalat do Brasil é uma empresa aberta, ela sobreviverá mesmo com a saída do principal acionista". Bastos explicou que "os proprietários das ações serão os credores".

Para Bastos, a Parmalat só não está comprando mais leite dos produtores por falta de oferta, pois, além de ser entressafra, os pecuaristas se mostram cautelosos devido aos problemas financeiros da empresa. "Gostaríamos de captar 1,5 milhão de litros de leite por dia", disse.

O presidente informou ainda que em dois anos espera recuperar a fatia de mercado de industrializados que detinha antes da crise e prevê para o final deste ano a geração de caixa em suas atividades comerciais no Brasil.

Segundo Bastos, na unidade de leite Glória, em Itaperuna (RJ), a intervenção do governo estadual está prestes a acabar. As unidades de Guaranhuns, Pernambuco, e Ouro Preto D'Oeste, em Rondônia, que produzem leite UHT, iogurtes, manteigas, pasteurizados e aromatizados, estão com 100% das operações em dia. "Somadas às unidades de Carazinho, Santa Helena e à produção terceirizada, estamos captando 850 mil litros diários de leite", disse.

Em Carazinho (RS) foram comprados 310 mil litros de leite por dia entre 22 e 28 de junho. Desde então, aumentou para 350 mil litros diários. "Nossa expectativa é chegar a 450 mil litros em um mês e entre 750 mil e 800 mil litros no fim do ano". Muitos dos fornecedores se mantiveram fiéis, mas há novos produtores. A empresa deve a alguns deles, mas como entrou em concordata, o pagamento ficou impossibilitado.

Segundo o gerente regional da Parmalat, Marcos Bruno, a revitalização nessa unidade está sendo possível devido a fatores como a normalização da produção da linha de leites Premium e ao lançamento de novos produtos.

Com o objetivo de ampliar o recebimento, a empresa reformulou a tabela de pequenos e médios produtores, elevando o valor para R$ 0,50 o litro. Bruno lembra que o produtor pode agregar até R$ 0,08 centavos/litro dependendo da qualidade e volume.

Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Carazinho, Leonel Hammel, no último mês os associados subiram de 15% para 25% a quantidade da matéria-prima destinada à planta da multinacional. Para Hammel, o aumento desse volume dependerá do andamento do processo de concordata da multinacional.

A Parmalat vem acertando os atrasados com os que voltaram a entregar o produto. O pagamento da terceira parcela foi feito no último dia 25 de junho. O diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag), Elton Weber, alerta que pelo menos 1,8 mil produtores que não retomaram o fornecimento esperam pelo pagamento. O Departamento Jurídico da Fetag trabalha numa petição a ser entregue ao comissário Aclibes Burgarelli, representante da 29^o Vara Civil de São Paulo, que virá a Porto Alegre. A dívida inicial da Parmalat com 2,5 mil famílias no Rio Grande do Sul somava R$ 7 milhões.

Em Santa Helena (GO), a Parmalat está captando, segundo seu presidente, 230 mil litros por dia desde 22 de junho. Essa planta tem o objetivo de atender a uma demanda de leite em pó da Europa. Já foram fabricadas 200 toneladas do produto, que estão armazenadas no local aguardando embarque.

Fonte: Gazeta Mercantil (Karlon Aredes e Ana Paula Machado) e Correio do Povo/RS, adaptado por Equipe MilkPoint