Parmalat deve faturar R$ 1,18 bilhão, com lucro maior

Publicado por: MilkPoint

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Um ano e meio depois do estouro do escândalo financeiro que abalou a Parmalat, a subsidiária brasileira está mais eficiente e rentável, ainda que a participação de mercado não tenha sido totalmente recuperada. A Parmalat Brasil deve registrar este ano seu primeiro lucro operacional na história da empresa no país.

"Hoje, nossa rentabilidade, com uma captação mensal de 50 milhões de litros de leite, é maior do que quando captávamos 73 milhões de litros", diz o diretor-superintendente de operações, Othniel Rodrigues Lopes. Quanto maior é essa rentabilidade é difícil dizer, pois as contas da empresa pré-crise não são consideradas confiáveis.

"Nosso foco é rentabilidade e não participação de mercado", explicou Lopes. "Fizemos um esforço de recuperar a confiança dos produtores e de retomar espaço na gôndola. Agora, a meta é retomar os canais de distribuição perdidos durante a crise".

Quando isso acontecer, calcula Lopes, o faturamento da Parmalat deverá ser até 10% acima do que era antes, mesmo que a participação de mercado seja inferior. Isso se dá porque em alguns casos a empresa reposicionou preços para ampliar margens.

Nos últimos 12 meses, o trabalho da Íntegra, consultoria contratada em abril de 2004 pela matriz italiana para dar mais rentabilidade ao negócio, concentrou-se em retomar a produção com o máximo de eficiência. "Começamos a ligar as unidades produtivas e saímos vendendo sem preocupação com volume. Produzíamos o volume possível, diante da falta de capital de giro e da desconfiança inicial do fornecedor", lembrou Lopes. Por isso, explicou, a recuperação em volume foi mais lenta. "Tínhamos de retomar aos poucos, com firmeza de decisão e demonstrando crescimento consistente".

Só de gasto fixo com logística, a empresa conseguiu uma economia de R$ 700 mil por mês. Nas embalagens, pequenas alterações aqui e ali, como a eliminação de rótulo, trouxeram economia de R$ 5 milhões ao ano. A empresa reduziu de 280 para 191 as opções de tamanhos e formatos de embalagens em todas as linhas. Além disso, buscou-se reduzir a ociosidade das fábricas com a venda de capacidade para terceiros e também com a produção de marca própria para grandes redes varejistas.

Em outros casos, visando economias em transporte e armazenagem, por exemplo, a empresa transferiu sua produção para fábricas de terceiros. "Procuramos acordos que agreguem algum valor ao nosso negócio", contou Lopes. Um exemplo é o contrato com a empresa gaúcha MuMu, que irá processar um milhão de litros de leite pasteurizado para a Parmalat em sua unidade de Viamão (RS). Em troca, a Parmalat processará igual volume de leite UHT para a MuMu, que não trabalhava com esse tipo de leite, em sua unidade de Carazinho (RS).

Queda

No auge da crise, entre dezembro de 2003 e março de 2004, a produção geral caiu 70%, sendo que duas fábricas pararam completamente a produção. Hoje, de uma capacidade real de 60 mil toneladas de produtos, a empresa está produzindo 35 mil toneladas. "A empresa tem grande potencial, sem necessidade de grandes investimentos", disse Lopes. "A base operacional é boa, as plantas são razoavelmente modernas", considerou.

Depois de ver seu faturamento cair pela metade no ano passado, de R$ 1,5 bilhão para R$ 753 milhões, a Parmalat caminha hoje para encerrar 2005 com R$ 1,18 bilhão em vendas. Com a casa arrumada, a empresa começa até a falar em inovação. "Estamos preparando novidades em leite para o ano que vem", revelou Lopes.

Credores

As próximas quatro semanas serão decisivas para a Parmalat. No dia 2 de julho, quando o pedido de concordata completa um ano, vence o prazo para a conclusão da renegociação das dívidas com os credores, estimada em R$ 1,8 bilhão. No total, são 17 bancos, sendo que cinco compõem o comitê de credores. A proposta inicial da matriz italiana era transformar os atuais credores em acionistas da empresa, que então assinariam um acordo de licenciamento de marca de dez anos com a Itália.

Modelo semelhante foi adotado recentemente na Argentina e no Uruguai. No entanto, a proposta enfrenta resistência de alguns bancos no país. No mês passado, o próprio presidente do conselho de administração da Parmalat, Nelson Bastos, admitiu que o modelo no Brasil não deve passar pela troca de ações por dívidas. Uma alternativa seria a emissão de debêntures (títulos de créditos) e o alongamento do prazo de pagamento.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Mariana Barbosa), adaptado por Equipe MilkPoint
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