Após sete meses de negociação, a Cooperativa Central de Leite Nilza concluiu o processo de reestruturação de seu passivo, avaliado em R$ 54 milhões, e aos poucos retoma a captação de leite com a volta dos fornecedores. Já as cooperativas que se separaram da Nilza em outubro de 2004, Casmil, Coasa, Coopraq e Capril, tomaram rumo distinto nos últimos 12 meses.
A Nilza, que durante a crise da Parmalat ganhou espaço e chegou a processar 750 mil litros de leite por dia em 2004, hoje está com uma captação média de 350 mil litros. Em março, no auge de sua crise, a captação caiu para 90 mil litros/dia, segundo o presidente da Nilza, Daniel de Figueiredo Felippe. "Com a reestruturação das dívidas, a Nilza está conseguindo recuperar a confiança dos fornecedores e aumentar a captação por meio de parceiros antigos e novos".
Das dívidas de R$ 54 milhões, R$ 34 milhões foram renegociados junto a instituições financeiras, fornecedores de matérias-primas e prestadores de serviços, em 44 parcelas mensais, com valores reajustados pelo IPCA e acrescidos de juros de 6% ao ano.
Os outros R$ 20 milhões referem-se a dívidas de longo prazo, que não precisavam ser renegociadas. "O mais importante é que 86% dos credores aceitaram a proposta de renegociação", considera.
O trabalho de reestruturação exigiu, além da renegociação de dívidas, a redução de custos internos, com corte de linhas de produção e fechamento de duas fábricas, em Capetinga (MG) e Brodósqui (SP). Felippe afirma que a Nilza concentra-se na produção de leite longa vida (UHT), leite pasteurizado e manteiga, processados na unidade em Ribeirão Preto (SP).
Felippe diz que as outras linhas de produtos, que chegaram a 40, incluindo creme de leite e iogurtes, serão transferidas para Ribeirão Preto, mas não há prazo para reiniciar a fabricação. "Não podemos perder o foco da renegociação".
Ele espera consolidar a reestruturação até o fim do ano para dar início ao programa de governança corporativa, o que motivou a cisão entre as cooperativas que fundaram a Central em 2004.
Novos rumos
As ex-cooperativas (Casmil, Coasa, Coopraq e Capril) tiveram rumo distinto após romperem com a Nilza. A Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), de Passos (MG), obteve melhor desempenho. Ampliou a produção e estuda instalar uma fábrica para produzir leite longa vida com a marca Radar em 2006.
O diretor secretário da Casmil, Dárcio Del Fraro, diz que a cooperativa concluiu estudo de viabilidade e solicitará financiamento do BNDES para construir nova fábrica também em Passos. Desde que desligou-se da Nilza, aumentou o número de cooperados de 680 para 2.277 e a captação de 130 mil litros diários para 310 mil litros. Do total, 40 mil litros são industrializados com marca própria e o restante é vendido para Danone, Nestlé e Avipal. "A meta é comercializar toda a produção com marca própria".
Fonte: Valor, adaptado por Equipe MilkPoint
Nilza conclui plano de renegociação de dívida
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