Foi com muito amor pela atividade leiteira que o produtor Idemar Dalberto contou a sua história para a Equipe MilkPoint. A propriedade é pequena e faz sucesso na região por sua eficiência e excelente gestão dos custos.
Idemar Dalberto
Em meados de 1997, ele começou no leite e todos os processos eram manuais e ‘tocados’ com poucos recursos. Além da propriedade, ele também tinha um emprego externo para conseguir pagar as contas e com o leite em si, o ganho não vinha. Assim, Idemar largou o sítio e foi embora para o Guarujá/SP, onde trabalhou de caseiro por aproximadamente seis anos. Em 2005, resolveu voltar para Nova Prata do Iguaçu/PR, pois com a renda do trabalho no litoral, conseguiu pagar as dívidas e queria desbravar novamente a atividade rural nas terras dos seus pais, estes, que estão vivos e moram junto com ele (o pai com 85 anos e a mãe com 88).
O produtor então adquiriu sete vacas e procurou uma assistência técnica para ajudá-lo, pois ele queria aprender as noções básicas para se desenvolver e sobreviver no leite. Na época, quem o ajudou foi o programa da Embrapa - Balde Cheio - por meio do laticínio no qual ele fornecia a sua matéria-prima. “Passei a receber visitas técnicas que me incentivaram a criar o hábito de usar planilhas, fazer anotações, adubar o solo, melhorar geneticamente os meus animais, entre outros, ações que eu não explorava na primeira experiência com o leite. Após um ano, passei a contar com a assistência do Juliano Alarcon, o Doutor Pastagem”.
Idemar e Juliano serão palestrantes do Interleite Sul 2019, que ocorrerá nos dias 08 e 09 de maio em Chapecó/SC! Confira aqui a programação completa! As inscrições já podem ser feitas!
Sítio Pedacinho do Céu
A propriedade foi crescendo devagar e segundo o próprio Idemar, a gestão foi o que mudou a cara do negócio. “Em 2018, atingimos o pico de 800 litros/leite/dia, mas, na média, produzimos diariamente entre 650-700 litros. No início, eram 90 litros apenas. Eu sempre tive vontade de crescer, mas nunca dando um passo maior do que a perna, sem exageros e conforme as possibilidades. Em todo esse período, de mão de obra, o sítio contou apenas comigo e a minha esposa. Hoje, o meu filho – que tem 14 anos – também já está começando a ajudar na lida. Um desafio para nós é achar alguém que nos cubra quando tiramos férias, mas, sempre damos um jeitinho. Evitamos ter pessoas externas trabalhando para o nosso negócio, pois se tivéssemos, teríamos que dobrar a produção e mexer nas instalações. Mesmo assim, posso dizer de boca cheia que temos uma boa qualidade de vida. Um dos meus outros objetivos sempre foi aproveitar o que ganhamos, sem ser escravo do leite, este, que permitiu que eu tivesse uma casa, conforto e um carro”.
Filho de Idemar, Idemar e a sua esposa
O pecuarista complementou dizendo que um dos problemas dos pequenos produtores é que muitas vezes eles trabalham demais e devido a estafa, abandonam o leite, pois não sobra tempo para eles e suas respectivas famílias. “As vacas dão leite todos os dias, inclusive no Natal e no Ano Novo. Por isso, o produtor precisa ser organizado e assim, conseguir ter qualidade de vida e ganhar dinheiro com a atividade. Quando o Artur Chinelato, pesquisador da Embrapa, vinha visitar minha propriedade, ele sempre frisava para focarmos prioritariamente nos custos para não ficarmos a vida toda brigando com os preços do leite e dependendo estritamente dele. O produtor não pode quebrar porque o preço caiu. Por isso, sempre destaco que - no meu ver - a gestão é o fator de maior importância”.
Ainda sobre o tema e de acordo com ele, muitos não sabem o quanto estão ganhando e misturam contas pessoais com as contas do leite. “A minha dica é anotar tudo, se não, vai ficar difícil. O leite dá dinheiro sim, mas para isso, a chave é a organização. O meu custo de produção ajuda também porque é baixo, visto que trabalho com pastagens melhoradas de Tifton e Jiggs. A raça escolhida é a Holandesa e hoje a média de produção por animal é de 23,5 litros/dia, mas, no inverno, como fazemos a sobressemeadura do pasto com aveia e azevém, essa quantia chega a 28 litros. Também vale comentar que adubamos e manejamos com muita cautela o nosso pasto para que ele seja produtivo e bom para as vacas, o que contribui para a redução nos custos na conta final”. Com isso, Idemar tem um custo hoje por litro por volta de R$ 0,69.
“A minha dica é anotar tudo, se não, vai ficar difícil. O leite dá dinheiro sim, mas para isso, a chave é a organização"
Animais se alimentando na propriedade de Idemar
Rotina no Sítio Pedacinho do Céu
Idemar relata que no período da manhã, as vacas ficam em um piquete com pastejo novo. Por volta do meio dia, os animais são tratados no cocho e no fim da tarde e noite, eles exploram um outro piquete, também com forragem nova.
“Nessas andanças e vivências aprendemos que as vacas comem consideravelmente no período noturno. Por falta de conhecimento, antigamente nós prendíamos elas de noite, pois achávamos que o consumo era insignificante. Mas elas comem sim, pois de noite, o clima é mais fresco. Descobrindo isso, também conseguimos reduzir os custos, já que ração e silagem pesam na conta do final do mês. Também aprendemos muito a trabalhar com o pasto respeitando seu tempo. Antes da assistência, não sabíamos manejá-lo. Cada tipo de pasto tem um período certo para os animais entrarem e sabendo disso, hoje tentamos manter um padrão, fazendo com que os animais sempre ‘comam igual’, sem oscilações”, completou.
O Pedacinho do Céu mantém atualmente 2 hectares de Tifton irrigados e a propriedade se orgulha em afirmar que na região, foi uma das pioneiras no sistema. “Somos muito procurados por gente da área que gostaria de saber com mais detalhes como funciona o nosso dia a dia. Algumas universidades trazem os alunos para cá para aprenderem porque temos dados para mostrar. Somos pequenos, sem extravagâncias, mas somos funcionais e o nosso manejo caprichado e a gestão nos diferenciam. Não é o quanto que tu ganhas que vale, é o quanto que te sobra. Essa frase me acompanha todos os dias, pois não devemos fazer barulho em cima dos valores que entram, pois o que mais importa, são as sobras, já que são elas que nos permitem tranquilidade e vida boa”, finalizou.
Além dessa área, o sítio tem 1,5 hectare de Jiggs sem irrigação e mais 5 hectares de milho para silagem.
E é assim – com toda essa eficiência - que o sítio se tornou modelo para os centros de ensino e profissionais da região. A produção de leite de Idemar é comercializada para um laticínio que fabrica queijos e com toda a sua docilidade, ele fez questão de ressaltar: “somos fiéis a eles, a parceria é antiga. É essa amizade que também fortifica a relação de anos”.
Se interessou pela trajetória do Idemar? Quer entender com mais detalhes como funciona todo o trabalho no Sítio Pedacinho do Céu? Então venha conosco participar do Interleite Sul 2019, que está com uma programação para lá de especial! O tema focal do evento é: “Qual será o próximo salto do leite?”
Assuntos como automação, terceirização, parcerias, diferenciação, escala e sistemas de produção que aproveitam ao máximo a propriedade com sustentabilidade serão abordados. O evento ocorrerá nos dias 08 e 09 de maio em Chapecó/SC. Confira a programação completa aqui > https://www.interleite.com.br/sul/
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