Leite: Faeg espera preços estáveis até dezembro em Goiás

A perspectiva é de estabilidade para os preços do leite pelo menos até dezembro, ao contrário do ano passado, quando as cotações do produto começaram a declinar a partir de agosto. Conforme o presidente da Comissão de Leite da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Maurivan Siqueira, vários fatores fundamentam essa previsão, dentre os quais redução da oferta, aumento do consumo, queda das importações de lácteos e aumento das exportações.

Segundo Siqueira, levantamento da Faeg em 15 das mais importantes cooperativas de produtores de leite do estado indica que a captação de janeiro a julho deste ano foi 5,44% menor que no mesmo período do ano passado.

De acordo com o economista e assessor técnico da Faeg, Edson Novaes, esse mal desempenho da oferta de leite em Goiás fez com que os preços médios do produto subissem 38,17% de janeiro a agosto deste ano, passando de R$ 0,39 o litro para R$ 0,55. "Sempre lembrando que isso é preço médio, pois para os grandes produtores os preços são diferenciados e em casos especiais chegaram aos R$ 0,64", ressalta.

Segundo ele, embora o levantamento da captação seja feito em apenas 15 cooperativas, o universo é suficientemente representativo para que se extrapole os resultados para o conjunto do estado.

Siqueira argumenta que o aumento das exportações brasileiras de lácteos e o encolhimento das importações também reforçam o quadro de estabilidade dos preços do leite in natura. Coroando todo esse cenário positivo ainda há o crescimento do mercado interno, atestado pela Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Oscilações

O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindileite), César Helou, considera simplista a análise dos assessores da Faeg, pois conclui por uma estabilidade de preços que não encontra respaldo na realidade. "Não quero polemizar, pois cada um é livre para ter sua opinião, mas considero essa análise perigosa porque, partindo de uma entidade de grande credibilidade como a Faeg, pode induzir os produtores a investirem além do razoável na alimentação de seus rebanhos, na ilusão de que de fato os preços permanecerão estáveis", diz o dirigente do Sindileite.

Helou observa que não há dados precisos, mas argumenta que se há queda na captação de leite isso ocorre no segmento de cooperativas, cujas dificuldades vividas são notórias, mas não nos laticínios privados, onde se verifica até um certo aumento. Ele cita o caso específico da sua indústria, que só este ano registrou crescimento de aproximadamente 30% no nível da captação da matéria-prima. Quanto ao aquecimento do mercado, ele argumenta que só nos últimos dias os preços do leite longa vida caíram de até R$ 1,35 para R$ 1,10.

Para o presidente do Sindileite, a análise dos assessores da Faeg peca em pelo menos dois pontos: não reconhecer a tendência de queda dos preços do leite a partir de agosto/setembro, ignora por completo os efeitos do início da safra no Sul do país sobre os principais mercados consumidores e, ao prever a estabilidade dos preços até dezembro, suprime num passe de mágica os efeitos do início da safra goiana sobre o próprio mercado local. "Entendo perfeitamente a insatisfação do produtor com a redução de preços do seu produto, mas essa é uma questão de mercado e não de boa ou má vontade da indústria", diz Helou.

Citando relatório do Centro de Pesquisa Agropecuária (Cepea/USP), o presidente do Sindileite destaca a informação de que a ocorrência de chuvas na região Sul vem favorecendo a produção de leite, principalmente no Rio Grande do Sul e no Paraná. Ele argumenta que grande parte dessa produção é destinada ao mercado paulista, dando início à pressão para baixo nos preços, com reflexos naturais para todos os fornecedores que participam desse mercado. "Como São Paulo é o nosso maior mercado consumidor, a tendência de queda nos preços do leite goiano tem início em plena entressafra", explica.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe MilkPoint