Sócio do Laticínios Coronata, Elísio Alves Cardoso trabalha com leite há 30 anos, mas foi apenas em 2005 que ele deu início à sua história de produção leiteira. Com a compra de 17 novilhas prenhas, da raça Holandesa, e um o sonho de produzir 1.000 litros diários, surgiu a Agropecuária Riacho, situada em Coromandel/MG. Ao longo dos anos, com o aumento do rebanho e da produção, os desafios foram aparecendo.
Em épocas de chuva, as condições ambientais pioravam muito e como os animais ficavam alojados em piquetes, junto ao excesso de barro apareciam os já conhecidos transtornos: mastites, problemas de casco, baixa fertilidade das vacas, queda de produção, entre outros. Já com a produção na casa dos 7 mil litros, Elísio se viu entre duas questões: investir em bem-estar animal (BEA) ou parar de produzir leite.
Foi em agosto de 2014 que, com muita alegria, eles celebraram o início da atividade em barracões de compost barn. Foram construídos quatro para o alojamento das vacas em lactação e concomitantemente, investiu-se em uma nova sala de ordenha e pré-espera. Hoje, além dos animais em lactação, todas as vacas secas, pré-parto e parte da recria também se encontram alojadas em barracões de compost.
A Agropecuária Riacho possui 350 ha, um rebanho de 950 animais e um time de 27 pessoas que é gerenciado pelo ‘Maninho’, que está na fazenda há 10 anos. A direção da fazenda é responsabilidade da filha de Elísio, Izabela Côrtes Cardoso, que se formou em engenharia química, mas em 2014 se apaixonou pela produção de leite e decidiu ajudar seu pai nesta jornada.
“O entusiasmo pela atividade leiteira e aquele sonho de produzir 1.000 litros de leite diários hoje já é 30 vezes maior. O propósito da Agropecuária Riacho é de seguir firme na atividade, produzindo leite de qualidade por meio de um negócio forte, conduzido por pessoas felizes e eficazes”, disse Izabela, que será uma das palestrantes do Interleite Brasil 2019 e falará sobre “Conforto e bem-estar: gestão, desafios e resultados da Agropecuária Riacho”.
Hoje o rebanho é composto por 900 animais, sendo que destes, são 400 vacas em lactação com produção de 13 mil litros/dia.
Agropecuária Riacho
Manejo do BEA
Segundo Izabela, há um grande cuidado com este quesito na fazenda e diariamente, as camas do compost são reviradas 3 vezes por dia; a temperatura e umidade máxima e mínima do dia são mensuradas e os sistemas de resfriamento e ventilação são avaliados com o intuito de saber se estão funcionando adequadamente.
“Também sempre avaliamos a temperatura retal no ato da inseminação, o tempo de ordenha e a produção dos animais. Analisamos o fornecimento das dietas e o consumo (pesando as sobras e lançando e comparando estes resultados com nossas referências dos dias anteriores). Mudanças bruscas do consumo nos ajudam a identificar alterações e ações no manejo e BEA”, explicou ela.
Além disso, todas as semanas é realizada a limpeza dos animais (escore de sujidade de vacas) lote a lote de vacas em produção; analisada a qualidade e temperatura da cama e reuniões são feitas para a avaliação dos indicadores e anomalias.
Já mensalmente, os itens averiguados são:
- Escore de locomoção;
- Escore de condição corporal;
- Produção média do mês;
- Qualidade do leite (CCS e CBT);
- Taxas de mortalidade;
- Taxas reprodutivas.
“Esporadicamente avaliamos as vacas com datalogger intravaginal. Também, estudamos de vez em quando o tempo em que elas ficam deitadas, se alimentando, em ócio e na ordenha. Nessa pesquisa, conseguimos saber como elas se comportam nas 24 horas do dia”.
Treinamento da mão de obra na Agropecuária Riacho
A Riacho sempre contou com a ajuda dos seus consultores e das empresas parceiras para explicar ao seu time a importância de garantirem sempre o BEA. Os treinamentos são feitos por meio de bate-papo e acompanhamento das atividades.
“Gostamos e somos adeptos de uma abordagem mais informal, quando todos da equipe trocam informações por meio de uma conversa. Sempre que possível, nossos colaboradores participam de eventos e palestras e cada dia mais os envolvemos nas ações e medições do dia a dia para que eles mesmos vejam os frutos dos seus trabalhos. Nosso gerente faz uma breve reunião semanal com todos os setores, onde é discutido resultados, dificuldades e tarefas. E na verdade, tanto nosso técnico (Robson) quanto nosso gerente (Maninho) estão conosco há mais de 10 anos. Eles vivenciaram a época de piquetes e sabem como era difícil nos períodos das águas. Para nós que trabalhamos na Riacho, o BEA não é apenas necessário, mas sim, obrigatório”, acrescentou.
Todas as ações citadas por Izabela e que compõe a rotina da agropecuária são importantes para que eles tenham a noção de como estão minimizando o estresse nos animais. Como um dos maiores desafios é em relação ao estresse térmico, a avaliação mais importante fica na comparação entre a produção e a reprodução (comparando inverno e verão), sendo que a produção é corrigida para dias em lactação. Como são apenas cinco anos com os animais fechados, a distribuição de partos ainda não é homogênea.
Qualidade do leite, produtividade e rentabilidade
De acordo com Izabela, o BEA está totalmente relacionado à qualidade, produtividade, rentabilidade e longevidade do rebanho. “O BEA é um dos principais pilares que nos oferece condições de manter as vacas mais produtivas ao longo de todo o ano, com um menor número de vacas doentes, menor mortalidade, menos vacas com mastite, melhor reprodução e menos descartes. Uma imensa vantagem foi a redução dos gastos com alimentação, pois com a melhoria do bem-estar, tivemos uma grande diferença de custo alimentar. Saímos de um sistema confinado em piquetes onde tínhamos excelentes números no inverno, mas, quando chegava o verão, a fazenda não era sustentável. Nesta última estação, a reprodução tinha apenas 12% da eficiência do inverno e a produção individual (litros de leite/vaca/dia) também reduzia 42% (15,1 litros de leite no verão e 29 no inverno). Conseguem imaginar como esses resultados nos deixavam em condições complicadas?”, indagou ela.
Próximos desafios...
Um dos próximos desafios que Izabela citou é a gestão das pessoas. “Estamos trabalhando para construir cada vez mais um time forte, eficaz, com conhecimento técnico e emocional. Esperamos produzir nos próximos cinco anos o dobro de leite que estamos produzindo hoje. Não é um crescimento tão rápido, mas queremos fazê-lo de forma sólida. E principalmente, celebrando cada conquista”.
E finalizando, ela ainda deu uma dica para quem está começando a trabalhar com o BEA na fazenda ou para os produtores que têm interesse no tema.
“Faça planos, projetos, contas... rabisque e rasgue papel antes de jogar concreto no chão. Tenha um propósito em mente e simplesmente comece: inicie pequeno, com um passo de cada vez”.
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