Se na Itália os executivos da Parmalat sentam no banco dos réus, no Brasil os nomes ligados à empresa -que vieram à tona com a crise financeira na filial brasileira em 2004- permanecem à distância da Justiça.
Gianni Grisendi, presidente da Parmalat no país por 11 anos, inclusive durante uma suposta operação de "suborno a inspetores fiscais" brasileiros -como admitiu o alto escalão da Parmalat italiana no ano passado-, tinha cargo na Bombril Holding até cinco meses atrás. Ele chegou a ser interrogado pela Justiça uma vez e sempre negou todas as acusações.
Outro executivo, Carlos de Souza Monteiro, que esteve na Parmalat com Grisendi por dez anos -chegou a ser vice-presidente do Conselho de Administração- foi procurado pelo Judiciário de São Paulo para prestar esclarecimentos. Ele foi citado em investigações na Itália como "conhecedor de desvios de recursos" da empresa, em operação comandada inteiramente por ele e por Fausto Tonna (o ex-diretor financeiro do grupo), segundo afirmou o contador do grupo, Gianfranco Bocchi, em janeiro de 2004, em declarações na imprensa italiana.
No Brasil, Monteiro nunca prestou esclarecimentos em interrogatório à Polícia Federal ou à Justiça, que coletava informações sobre lavagem de dinheiro. Ele não foi encontrado (citado) para que pudesse comparecer. As acusações dos italianos contra Monteiro não foram apresentadas com provas materiais.
Grisendi e Monteiro foram procurados ontem pela Folha, mas não foram localizados. No telefone residencial de Monteiro, agora há uma clínica de psicologia. Na Bombril Holding, onde Grisendi trabalhava, a empresa não tem informações sobre seu novo local de trabalho. Em sua residência, ele não foi localizado ontem.
Grisendi e outro diretor da Parmalat Alimentos, Andrea Ventura, foram procurados pela Justiça de São Paulo no início de 2004 para explicar a denúncia de que a empresa teria feito operações irregulares -havia suspeita de lavagem de dinheiro- com recursos que vinham da matriz na Itália.
Eles foram chamados na 42a Vara Cível para responder a uma denúncia de um ex-funcionário da Parmalat, Adelson Pugliese, ex-segurança particular e motorista de Grisendi nos anos 80. Adelson Pugliese disse na época que a empresa recebia dinheiro da matriz, na Itália, "em contêineres". Ele não apresentou provas, e essa foi a única acusação formal contra os executivos no Brasil.
Ventura chegou a ser localizado pela Justiça para esclarecer o caso. Em depoimento em fevereiro do ano passado, ele disse desconhecer o fato. Como não havia evidências, o caso não andou.
Quanto a Grisendi, o empresário disse que "vieram centenas de milhões de dólares" para o Brasil por via legal, afirmou. "Tínhamos de pagar as empresas compradas", completou na época.
O sigilo fiscal, bancário e telefônico de executivos do grupo no Brasil foram quebrados. Mas a direção conseguiu suspender todas as penalidades na Justiça.
Além deles, executivos ligados à Carital do Brasil, empresa citada pela direção da matriz como "facilitadora" de atividades ilegais da multinacional, nunca tiveram provas levantadas pela polícia, apurou a Folha. Por meio da Carital, o grupo Parmalat teria recebido "um saco de dinheiro" da matriz e tinha "atividades esquisitas", segundo o contador italiano, Gianfranco Bocchi.
No país, os executivos que comandavam a Carital na época eram Carlos Alberto Padetti e Francisco Mungioli. Os executivos já negaram à Folha no ano passado qualquer envolvimento. A Folha entrou em contato com a Carital ontem, na sede, em São Paulo. Padetti continua como diretor, mas não retornou a ligação.
Fonte: Folha de SP (por Adriana Mattos), adaptado por Equipe MilkPoint
Investigação da Parmalat parou no Brasil
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MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO
CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/10/2005
O artigo mostra que Gianni Grisendi, presidente por 11 anos da Parmalat no Brasil, afirmou que centenas de milhões de dolares teriam entrado ilegalmente no País para pagar as diversas empresas compradas no seu processo de expansão. E essa ação da Parmalat não beneficiou nem a própria empresa, que acumulou prejuízos ao longo dos anos.
E lamentável que não se tenha apurado devidamente as fraudes cometidas pela Parmalat, como tem acontecido em outros casos, e que prejudicaram a economia do País.
Mas é preciso lembrar que o crescimento da Parmalat ocorreu junto com o crescimento do consumo do leite longa vida, produto que no passado recente, em várias CPIs estaduais foi colocado sob suspeita de fraudes e de aviltar os preços aos produtores e prejudicar financeiramente cooperativas de produtores. Muitos dos laticínios comprados pela Parmalat foram fechados e abertas novas plantas em outros locais, aparentemente em função de preços mais baixos recebidos pelos produtores e incentivos fiscais.
É lamentável também que não se tenha apurado devidamente os prejuízos que a gestão da Parmalat no Brasil, no mínimo desastrosa, possa ter causado a pecuária de leite e à indústria de laticínios nacional, para que erros do passado não sejam cometidos novamente no futuro.
E lamentável que não se tenha apurado devidamente as fraudes cometidas pela Parmalat, como tem acontecido em outros casos, e que prejudicaram a economia do País.
Mas é preciso lembrar que o crescimento da Parmalat ocorreu junto com o crescimento do consumo do leite longa vida, produto que no passado recente, em várias CPIs estaduais foi colocado sob suspeita de fraudes e de aviltar os preços aos produtores e prejudicar financeiramente cooperativas de produtores. Muitos dos laticínios comprados pela Parmalat foram fechados e abertas novas plantas em outros locais, aparentemente em função de preços mais baixos recebidos pelos produtores e incentivos fiscais.
É lamentável também que não se tenha apurado devidamente os prejuízos que a gestão da Parmalat no Brasil, no mínimo desastrosa, possa ter causado a pecuária de leite e à indústria de laticínios nacional, para que erros do passado não sejam cometidos novamente no futuro.