Indústria teme crise na produção goiana de leite

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A indústria goiana de laticínio já não esconde sua preocupação com um fato que, embora tenha surgido no estado há algum tempo, nos últimos anos ganhou intensidade: o cruzamento intencional das matrizes leiteiras com touros de raças de corte, principalmente da raça nelore. Em geral, a justificativa dos produtores é de que, ao contrário dos bezerros de raça leiteira, a produção mestiça se desenvolve com maior rapidez e consegue melhores preços no mercado, contribuindo para a renda da propriedade.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Goiás (Sindileite), César Helou, esse raciocínio é muito discutível, levando-se em conta a perda de capacidade produtiva da matriz mestiça ou o custo para reposição de matrizes das raças leiteiras. Segundo ele, as matrizes mestiças produzem, em média, 30% menos leite que suas mães, o que praticamente as inviabiliza para a atividade. Helou faz uma conta que não deixa dúvida quanto ao seu argumento: se a mãe produzia dez litros de leite/dia, a filha mestiça vai produzir sete litros ou 750 litros a menos que sua mãe em 250 dias de lactação.

Além disto, como a vaca mestiça também tem cada período de produção de leite reduzido em cerca de dois meses, na verdade ela produzirá aproximadamente mil litros a menos que sua mãe. "A preços de hoje isso representa R$ 500,00, quantia com a qual se compra pelo menos dois bezerros, mesmo mestiços", diz o presidente do Sindileite, acrescentando que isso revela que o produtor não faz uma reflexão correta sobre o assunto. "A situação nos preocupa porque, numa perspectiva de cadeia produtiva, tudo que vier em prejuízo do produtor de leite terá reflexos negativos para a indústria", completa.

Para o presidente do Sindileite, se manter a matriz mestiça como produtora de leite não é fácil, pior seria a política de substituir, por meio de compras, as matrizes leiteiras em final de vida produtiva, pois os preços de animais de boa genética estão acima da capacidade financeira dos produtores, principalmente dos pequenos, que são a maioria no segmento.

Conforme Helou, tudo indica que Goiás perderá o 2o lugar como produtor de leite para o Rio Grande do Sul, entrando em disputa com o Paraná e São Paulo pelo 3ºº lugares. Ele argumenta que não há uma justificativa plausível para uma estagnação da produção leiteira em Goiás, já que há demanda efetiva por parte da indústria. De uma capacidade de recepção de 12 milhões de litros de leite/dia ela só recepciona sete milhões de litros, e os preços médios do produto in natura são superiores aos dos demais estados produtores.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe MilkPoint
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Jeferson Luis Beléia Farias
JEFERSON LUIS BELÉIA FARIAS

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/10/2004

Experiência semelhante passou o Rio Grande do Sul, estado mencionado na matéria, durante e até meado dos anos 80, superando através do trabalho da assistência técnica prestada pela agroindústria e cooperativas. Este trabalho culminou nos dias atuais, onde, por exemplo, a inseminação é uma tecnologia de uso massal e onde a transferência de embriões é realidade, em grande número de unidades produtoras, desde 1999, ou seja, acredito que o desenvolvimento, desta ou de qualquer outra atividade, passa por uma boa assessoria ao produtor, assessoria esta que possa desmistificar tendências como esta verificada em Goiás.

Quanto a freqüente entrada e saída - no caso de cruzamento de vacas leiteiras com touros de raças não especializadas, vejo, de certa forma, como saída da atividade, penso que sempre que isto acontece acarreta em grande prejuízo ao produtor e a cadeia em que ele se insere. Neste caso, vejo que atribuir ao preço toda a responsabilidade pelo "insucesso" é, no mínimo, querer, como diz a máxima "tapar o sol com a peneira".

Eng. Agr. Jeferson Farias
Coordenador Técnico
Avipal S.A.
Márcio F. Teixeira
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2004

Essa alternativa não vem ocorrendo "agora", é reflexo dos péssimos preços recebidos pelos produtores (não só goianos) que "forçaram" a grande parte dos produtores (acho q mais de 70%) colocarem o sangue zebu no rebanho.

Não se justifica somente o fato dos preços do bezerro serem realmente horríveis, o preço escravizante do leite também foi uma realidade.

O reflexo será ,com certeza, a menor produção, mas quem sabe, valorize o preço para aqueles produtores (q é o meu caso) que foram insistentes e mantiveram o melhoramento genético e produtivo de suas fazendas. Tomara que eu esteja certo !!

Abraço

Márcio
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