Exportações crescem e animam setor

Publicado por: MilkPoint

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O Brasil está batendo recordes na exportação de produtos lácteos. As vendas só tendem a aumentar e, segundo os especialistas do setor, o país, a exemplo do que já ocorreu com a soja, o suco de laranja, o açúcar, as carnes e o café, vai tornar-se também nos lácteos um grande player internacional. "Temos uma capacidade imensa de produzir leite a baixo custo", diz o consultor na área de Leite da FNP Consultoria, Gustavo Marin.

"Há espaço para ampliar ainda mais as exportações", confirma o presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação de Agricultura (CNA), Rodrigo Alvim.

Além do baixo custo de produção, o Brasil reúne no leite as mesmas condições que já foram verificadas em outros setores da agroindústria exportadora: produção sem subsídios, com plenas condições de ampliar consideravelmente a safra leiteira, que hoje está em 21,5 bilhões de litros/ano. Até 2010, o Brasil deve produzir por volta de 30 bilhões de litros/ano, num crescimento previsto de 3,6% ao ano, conforme o Anualpec, anuário voltado à pecuária, editado pela FNP.

Como ocorreu com setores francamente exportadores, porém, os produtores de leite também devem partir para a organização para não ficarem à margem do mercado dolarizado. Embora pontuais, já há exemplos bem-sucedidos de organização dos produtores, principalmente pequenos. Em Muriaé, na Zona da Mata mineira, uma bacia leiteira de 250 mil litros de leite/dia, com cerca de 1.200 produtores, o Sindicato Rural do município estimulou o associativismo e conseguiu, além de aumentar o volume produzido e entregue em conjunto, a melhoria da qualidade do leite, o aumento de produtividade e também baixar custos mediante a compra conjunta de insumos. "Aqui em Muriaé o pequeno, unido, tornou-se grande produtor", diz o ex-presidente do Sindicato Rural, Abílio Guarçoni de Almeida.

Atualmente, a Central das Associações dos Produtores de Leite de Muriaé e Região, fundada em fevereiro, conta com dez associações e volume diário de 16 mil litros de leite. "Já há mais 15 associações querendo entrar e o volume deve chegar a 45 mil litros/dia", diz Almeida. "Agora nós escolhemos para quem vender e quem faz o preço do leite somos nós", diz Almeida. Fora da associação, o pecuarista recebe por volta de R$ 0,45 o litro de leite. Na associação, fica por volta de R$ 0,53.

Exportações

Para o produtor de leite em Oliveira (MG), Leonardo Moreira Costa de Souza, vice-presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais, a maneira de o produtor não ser excluído do processo de exportações que se inicia e começar a reivindicar melhores preços é se unir, fortalecendo-se em cooperativas. "A indústria privilegia o grande produtor, tanto pela maior garantia de qualidade do leite quanto pela facilidade de captar grandes quantidades num só lugar, obviamente com menores custos", explica Souza. "Os laticínios até premiam quem entrega em grande quantidade, pagando um pouco a mais pelo litro do leite", completa Marin, da FNP.

Na cooperativa mineira Itambé, por exemplo, uma das fundadoras da Serlac, a principal trading exportadora de lácteos do País, com 40% do total exportado até setembro deste ano, para o cooperado que entregar até 500 litros de leite por dia, o preço pago por litro é igual. Quantidades maiores que isso são melhor remuneradas por litro, numa escala até quatro mil litros. "A partir daí, também os preços ficam nivelados", explica o produtor cooperado Jacques Gontijo, que também é vice-presidente comercial da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB).

Alvim acredita, porém, que, em função das crescentes exportações, os preços internos do litro do leite podem até melhorar, além de manter as cotações estabilizadas, como já vem ocorrendo. "Mas as cotações internas nunca chegarão ao que é pago ao produtor neozeolandês, por exemplo, que recebe por volta de US$ 0,25 a US$ 0,30 pelo litro de leite", diz. No Brasil, segundo ele, o produtor recebe em média US$ 0,17/litro. "Somos competitivos no mercado internacional porque conseguimos produzir a baixo custo", diz Alvim.

Para os produtores ganharem força na queda-de-braço com os laticínios, que já têm planos traçados para exportar cada vez mais, Alvim também vê como única saída a organização do setor. Para ele, os pequenos devem se fundir em cooperativas, e as cooperativas fundirem-se com outras cooperativas e assim por diante, até reunir uma quantidade significativa de matéria-prima que propicie maior poder de barganha na formação de preços. "Esta deve ser a regra geral para o setor", defende Alvim.
Segundo Alvim, na Nova Zelândia, onde os produtores são extremamente organizados, embora 95% do leite do país seja processado por um único laticínio, a negociação é de igual para igual.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Tânia Rabello), adaptado por Equipe MilkPoint
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