Exportações brasileiras de lácteos chegam a US$ 41,8 milhões em 2004

Em julho, o Brasil registrou o maior volume de exportações de produtos lácteos em um só mês deste ano, com remessas de 7,5 mil toneladas, somando receitas de US$ 12,2 milhões. Em julho do ano passado, as exportações de lácteos foram de 5,1 mil toneladas, gerando divisas de US$ 5,4 milhões. Para o presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNPL/CNA), Rodrigo Alvim, esses dados reforçam a projeção de que o País poderá encerrar o ano com saldo positivo na balança comercial de lácteos, exportando mais do que importa.

No ano passado, a balança do setor lácteo registrou saldo negativo de US$ 63,8 milhões. O pior resultado foi registrado em 1998, com déficit de US$ 503,6 milhões no saldo entre importações e exportações.

Entre janeiro e julho de 2004, as exportações de lácteos somam US$ 41,8 milhões, sendo que em todo o ano de 2003, as remessas do setor ao Exterior chegaram a US$ 48,5 milhões. Isso significa que nos primeiros sete meses deste ano o setor lácteo já exportou 86,1% do total obtido durante todo o ano passado.

Em julho, destaca-se nas exportações do setor a venda de US$ 5,6 milhões em leite em pó para o Iraque, em compras da ONU para missões humanitárias. Também houve a comercialização de US$ 2 milhões de leite condensado.

As importações de lácteos somaram US$ 8,9 milhões no mês passado, 39% a mais que os US$ 6,4 milhões registrados em julho de 2003. Alvim explica que já havia expectativa de aumento das importações de lácteos, atendendo a demanda interna em momento de entressafra. Trata-se, portanto, de situação isolada e que não deve comprometer a previsão de que o Brasil terá uma importante queda nas importações em 2004, ressalta o presidente da CNPL. Até julho, a balança de lácteos registra déficit de US$ 4,1 milhões. No ano passado, porém, no mesmo período o saldo estava negativo em US$ 47,9 milhões.

Na busca da ampliação de possibilidades para as exportações de lácteos, a CNPL/CNA está acompanhando os entendimentos da nova rodada de negociações do Comitê Negociador Birregional Mercosul/União Européia, que está ocorrendo esta semana, em Brasília. O setor lácteo brasileiro defende que os europeus estabeleçam não apenas o fim dos subsídios às exportações na sua produção de leite, mas também acabem com as ajudas de apoio interno. "Não há prazo, na reforma da Política Agrícola Comum, para o fim das ajudas de apoio interno, que distorcem preços finais dos produtos lácteos", diz Alvim.

A CNPL/CNA defende também que sejam reduzidos os valores das tarifas intracotas. Conforme propõem os europeus, as exportações do Mercosul estariam sujeitas a tarifas de US$ 640 por tonelada de leite em pó e de mais de US$ 400 por tonelada de manteiga ou queijo. "Essas tarifas inviabilizam as exportações de lácteos para a União Européia", afirma Alvim. A pecuária de leite nacional pede também o estabelecimento de regras claras que evitem a aplicação de barreiras sanitárias com fins comerciais, ou seja, que dificultem a importação de lácteos como forma de proteger o produtor europeu.

Fonte: CNA (por Ayr Aliski), adaptado por Equipe MilkPoint