Exportação não impede queda na rentabilidade do produtor

Os ganhos nas exportações do setor leiteiro não têm sido repassados para a produção primária. Na comparação dos preços de maio deste ano com o mesmo mês de 2003, a queda do valor pago ao produtor chega a 7,8% no Brasil. "O produtor tem se mantido de rendas paralelas, como a venda de machos e bezerros, o que não deveria estar ocorrendo. Além da moeda leite, esse fluxo de caixa tem permitido que ele continue no negócio", observa o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Rodrigo Alvim.

Para ele, o aumento nas exportações deveria trazer o incentivo à produção, via preço, mas há dúvidas também quanto à existência de mercado. "Não podemos cair na situação de 2001, quando a produção cresceu 9,6% e o preço caiu 30% pela falta de mercado", observa.

Dados divulgados por Alvim apontam que insumos básicos da produção leiteira, como mão-de-obra, combustível e adubo tiveram aumento de preços de 11,7% a 21,2%, contra alta de 9,8% no preço ao produtor entre novembro de 2002 e fevereiro deste ano. "Ele vem perdendo o poder de troca", reforça.

Numa outra análise, nos períodos de entressafra compreendidos entre janeiro de 2002 e abril de 2004, o produtor precisou vender o dobro de leite para comprar a mesma quantidade de farelo.

Segundo Alvim, o País tem ainda que fazer o dever de casa, trazendo missões de outros países para conhecer a produção e certificar a indústria nacional e eqüalizando normas fitossanitárias. "Precisamos ainda de crédito na hora certa, o que não tem acontecido", reclama.

Fonte: Hoje em Dia (Maria Célia Pinto), adaptado por Equipe MilkPoint