Evento do Sebrae/MG discute desafios da assistência técnica

Publicado por: MilkPoint

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O Sebrae/MG, através do seu programa Educampo, realizou na última terça-feira (22), em Belo Horizonte, um Debate sobre Assistência Técnica e Gerencial ao Produtor de Leite.

"O objetivo foi gerar informações que contribuíssem para ampliar o número de produtores assistidos e melhorar a qualidade da assistência", informou o Prof. Sebastião Teixeira Gomes, o mediador e um dos organizadores do evento.

Para atingir esse objetivo, foram convidados 3 especialistas para ser entrevistados a respeito do tema, bem como 8 entrevistadores com vasta experiência no setor. Os entrevistados foram o Dr. Eliseu Alves, da Embrapa, o Prof. Vidal Pedroso de Faria, da ESALQ/USP e o consultor Sérgio Reis, da empresa de consultoria Prodap.

Os entrevistadores foram Paulo do Carmo Martins, da Embrapa Gado de Leite, Marcel Barros, da DPA, Alberto Duque Portugal, da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Jacques Gontijo, da Itambé, Elmer Luiz de Almeida, da Emater, Roberto Simões, da FAEMG/SENAR, Clovis Correa, do ReHagro, e Priscilla Magalhães Gomes Lins, do Sebrae/MG e coordenadora do evento.

Em sua fala inicial, Sérgio Reis disse que o consultor deve sempre ter em mente que seu papel é fazer o produtor ganhar dinheiro. A partir daí, é preciso trabalhar outros aspectos fundamentais, como a comunicação com funcionários e com o produtor, o gerenciamento de pessoas, a análise econômica e financeira da atividade, o enfoque gerencial e, por fim, a produção animal. "Esse é apenas o sexto item, mas infelizmente é único que é ensinado nas universidades", diz ele, que foi professor universitário por vários anos antes de se dedicar exclusivamente à consultoria.

Reis apontou ainda que não acredita em consultoria gratuita. "O produtor pequeno precisa pagar o preço justo pela consultoria, o que é gratuito tende a não funcionar", sentenciou.

Segundo ele, sua empresa trabalha com 40.000 vacas em lactação e mais 1 milhão de cabeças de bovinos de corte em confinamento, e só não aumenta pela falta de pessoal qualificado. "A formação de recursos humanos demanda pelo menos 3 a 4 anos de trabalho, sendo hoje a principal barreira que temos para crescer. E isso investindo bastante em treinamento interno", disse Sérgio.

Para o Prof. Vidal Pedroso de Faria, "a produção de leite é uma atividade complexa e difícil, talvez das mais difíceis. Por outro lado, existe a noção que a atividade é fácil. É comum situações nas quais o produtor, se não consegue fazer mais nada, vai produzir leite. Isso ocorre no país todo, inclusive em assentamentos de reforma agrária. Isso impede o estabelecimento de programas de assistência técnica", alertou.

Segundo ele, os resultados da assistência técnica oficial em várias culturas foram muito bons, enquanto em leite, não, dadas as particularidades do setor e também e conceitos equivocados. "O conceito de custo baixo prevalece sob o conceito de lucro máximo. Isso cria um problema sério para a assistência, pois tecnologia é associada à elevação de custo", sentenciou.

Vidal apontou ainda que leite é a única atividade que não tem uma linguagem universal. "Ninguém fala em cruzar ave de corte com ave de postura. Ninguém fala em alimentar suínos com dejetos de baixo valor nutricional. Ninguém fala em desenvolver uma soja rústica, resistente a solo ruim e que produza mais do que as outras. Já no leite e na carne, se busca ainda a forrageira milagrosa há anos", analisou.

Eliseu Alves, da Embrapa, concordou. "A produção de leite não tem uma definição tecnológica, como suínos, soja, frango. Essas atividades têm um pacote tecnológico que escolhe o produtor. No leite, o produtor ainda escolhe a tecnologia".

Eliseu citou que, de todos os produtores rurais brasileiros, cerca de 700.000 a 1 milhão adotam tecnologia e estão em maior ou menor grau, inseridos no desenvolvimento. "Para esses, o problema está resolvido, são atendidos pela assistência técnica privada, tem linhas de financiamento", comentou. "O problema é cuidar dos outros 3 milhões que o governo quer - como fazer?", perguntou. Segundo ele, o governo precisa de alguma forma financiar a assistência técnica a esses produtores, mas não da forma que vem sendo feita hoje. "Uma idéia seria o governo financiar, mas cabe ao produtor ter a iniciativa e a decisão de contratar", ponderou.

Segundo ele, criar tecnologias para pequenos produtores ou produtores que estão à margem do processo de desenvolvimento é uma atitude errada. "O que é preciso é remover as barreiras que impedem o produtor que está à margem de acessar a tecnologia de ponta, não criar uma tecnologia para ele", afirmou. "Isso interessa apenas a quem quer restringir o acesso ao capital e à tecnologia, ou seja, de quem quer manter o status atual", criticou.

Fonte: MilkPoint
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Antônio Carlos de Souza Lima Jr.
ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/04/2005

Parabéns a Dra. Priscilla e ao Prof. Sebastião pelo evento.



Sugiro que publiquem o conteúdo do evento. A cadeia leiteira nacional reclama uma solução urgente para esta difícil equação.



Em Goiás, por exemplo, apesar de variadas tentativas, os produtore de leite, trabalham com pouca ou nenhuma orientação.



Concordo com o Prof. Sérgio Reis ao afirmar que as Universidades necessitam dar mais atenção à formação dos técnicos para que os mesmos estejam habilitados a fazer uma intervenção voltada ao gerenciamento dos negócios da produção e não simplesmente aos aspectos relacionados às técnicas de produção.



Antônio Carlos de Souza Lima Júnior

Gerente de Qualidade do Laticínios Morrinhos

Prof. da UEG

Membro do Comitê Assessor Externo da EMBRAPA - Gado de Leite

Antonio Carlos Lievore Júnior
ANTONIO CARLOS LIEVORE JÚNIOR

CARLOS CHAGAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/03/2005

Estive em tal evento, e gostaria de parabenizar ao projeto EDUCAMPO pelo sucesso que está sendo em todos os cantos do Brasil.
Joelma da Rocha Monteiro
JOELMA DA ROCHA MONTEIRO

CAMPINA VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/03/2005

Esse artigo é muito bom. Pois são entrevistas e comentários que os produtores discutem sobre a produção de leite. Mas esse tipo de coisa deve ser feito entre todos os laticínios.



O produtor no geral é muito carente de informações de manejo de seu rebanho. Falta muita informação. Eu estou numa região assim. Estas informações devem chegar em cidades menores.



Com mais informações o produtor de leite teria mais lucro.



Obrigada.



Joelma Monteiro
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