EUA: Estudo revela que vacas poluem menos a atmosfera do que se pensava
Publicado por: MilkPoint
Publicado em: - 3 minutos de leitura
Divulgados na semana passada pela Universidade da Califórnia, Davis (UC Davis), os dados preliminares vieram em um período crítico para os produtores de leite, que estão enfrentando leis mais rígidas referentes à qualidade do ar.
No primeiro estudo controlado deste tipo, o especialista em qualidade do ar da UC Davis, Frank Mitloehner e uma equipe de pesquisadores descobriram que as vacas leiteiras produzem somente metade das emissões que se pensava antes que eram emitidas. Eles também descobriram que as emissões dos compostos orgânicos voláteis, que são os precursores do ozônio, não vêm dos excrementos das vacas, mas sim, de emissões de gases provenientes do estômago (eructação). Esses resultados são considerados preliminares porque ainda não foram revisados por outros cientistas.
As estimativas anteriores de um estudo conduzido em 1938 sugeriram que a vaca produz 5,806 quilos de compostos orgânicos voláteis por ano. Esses dados colocaram o setor de lácteos como o segundo maior poluidor da atmosfera do Estado da Califórnia, atrás somente dos carros, e se tornaram a base para a regulamentação dos novos padrões referentes à qualidade do ar na Califórnia.
"Isso equivale a dizer que 700 vacas emitem a mesma quantidade de compostos orgânicos voláteis que 60 mil carros", disse Mitloehner.
As novas informações revelam que as vacas e seus excrementos produzem cerca de 2,903 quilos de compostos orgânicos voláteis por ano, sendo que 1,134 quilos vêm do esterco.
"Obviamente a ciência estava atrasada", disse a diretora de assuntos ambientais da California Farm Bureau Federation, Cynthia Cory. "Nossos dados científicos mais atuais eram de 1938, e eu acho que realmente precisamos atualizar isso. Desta forma, não é surpresa que tenhamos agora cerca de metade do que foi calculado há 70 anos".
Essas novas estimativas que reduzem as emissões das fazendas leiteiras pela metade podem mudar as decisões de regulamentação que afetam a forma como as propriedades leiteiras operam.
O diretor executivo da Western United Dairymen, Mike Marsh, disse que, apesar deste novo estudo representar boas notícias aos produtores de leite, ele alertou que se tratam ainda de dados preliminares e "que ainda serão necessários processamentos dos dados" para determinar onde as propriedades leiteiras se encaixam na hierarquia das emissões.
Ele disse também que as agências governamentais dos EUA continuarão focando nas propriedades leiteiras como uma fonte de emissões de gases. Como Estado número um na produção de leite, a Califórnia possui 1,5 milhão de vacas leiteiras.
Financiado pela Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency - EPA) dos EUA e pelo San Joaquin Valley Air Pollution Control District, o estudo de US$ 85 mil da UC Davis foi estimulado devido à preocupação com relação à qualidade do ar em San Joaquin Valley, que tem uma alta concentração de fazendas leiteiras que emitem poluentes na atmosfera.
Usando estabelecimentos com o ambiente totalmente monitorados para abrigar as vacas, Mitloehner mediu os gases orgânicos voláteis emitidos pelos animais e por seus excrementos. "Toda vez que os animais estavam ruminando, subia o pico de gases". Essa descoberta é significante porque as lagoas das propriedades leiteiras, onde são coletados os excrementos dos animais, têm sido o principal alvo das regulamentações da Califórnia que pretendem reduzir a poluição atmosférica.
"Se descobrirmos que os dejetos não são o principal problema, porque tornarmos obrigatório o uso de digestores, por exemplo, ou aeradores?", disse Mitloehner."Considerando que esta não é a principal fonte de emissão, porque os produtores de leite gastariam milhões para reduzí-la?". Mitloehner disse que espera que os grupos ambientais mantenham sua atenção em outras fontes de emissão, como a amônia da urina de animais, por exemplo.
Fonte: California Farm Bureau Federation (Ching Lee), adaptado por Equipe MilkPointM
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