Enquete MilkPoint: metade acredita que exportações de lácteos aumentarão em 2005

Opiniões dos participantes são otimistas quanto à exportação de lácteos deste ano

Segundo notícias divulgadas recentemente pela CNA no MilkPoint, o Brasil exportou US$ 20,2 milhões no primeiro bimestre de 2005, um resultado 254,4% superior ao mesmo período do ano anterior (para ver o artigo clique aqui). Esses resultados estão de acordo com a percepção dos usuários que votaram na última enquete, que apurou que metade dos participantes concorda que, neste ano, haverá um aumento nas exportações. A outra metade é dividida entre a manutenção (22%) e a queda das exportações (28%) (Tabela 1).

Tabela 1. Resultado da enquete



As exportações continuarão subindo em 2005

Essa é a opinião dos produtores José Gilmar da Trindade Vaz, de Araxá, MG, e Marius Bronkhorst, de Arapoti, Paraná. "Apesar do dólar estar baixo, continuaremos exportando. Também, é importante que haja um aumento no leque de países para as exportações, para que o aumento continue", diz José Gilmar.

Para Moacy Guilherme Botelho Coelho, técnico de Pinheiros, ES, o setor leiteiro já tem competência e produtividade para competir com os mercados internacionais.

O professor Nilton Vasconcelos da CEFET- Bahia, concorda: "Apesar do câmbio, a elevação de preços e da demanda de algumas commodities, o Brasil manterá a trajetória de crescimento das exportações e do saldo da balança comercial" diz ele.

Milton Gamborgi, produtor em Santa Catarina, pondera que o aumento das exportações "é a forma de se conseguir uma melhor remuneração pelo produto, possibilitando que se pague um preço justo ao produtor".

Contudo, Carlos Cesar Massambani, da Nutriphos, de Umuarama, PR, alerta que é necessário ter uma boa qualidade do produto. "É imprescindível que fiquemos de olho na qualidade, porque os mercados externos não perdoam. Se houver alguma falha na qualidade perderemos tudo o que foi conquistado. As empresas brasileiras devem ter a plena consciência que tem que cumprir o que foi combinado no contrato, pois somente assim ganharemos credibilidade no mercado externo" relata ele.

Entre os que votaram nesta primeira opção também está Mário José de Rezende Netto, supervisor da DPA de Goiânia, GO.

Manutenção das exportações

A manutenção das exportações foi a opção menos selecionada, com 22% dos votos.

Para os produtores da região Sudeste, Cilmar Machado dos Santos, de São Paulo, e Pedro A. Junqueira Ferraz, de Minas Gerais, as exportações continuarão nos patamares do ano de 2004. Cilmar diz que os contratos estão sendo honrados e, portanto, haverá a manutenção deste patamar. "Não há um crescimento robusto na exportação no Brasil devido à falta de investimento da infra-estrutura. Esse é o nosso maior obstáculo" diz Pedro Junqueira Ferraz.

Há opiniões semelhantes em outras regiões. O produtor de Santo Inácio, PR, Fernando Lopes, defende esta posição, pois acredita que apesar de haver um câmbio desfavorável, o preço internacional está em alta, resultando em um equilíbrio.

Martinho Mello de Oliveira, produtor de leite de Paranaíba, MS, argumenta que em 2005 haverá um aumento na produção total, e o excedente será exportado, mantendo estes níveis do ano anterior.

Participantes do setor industrial também concordam com esta posição. Entre eles, o gerente comercial da Frutalat (Cooperativa de Produtores Rurais de Frutal), Antonio da Silva, o Diretor Presidente da Colaso (Cooperativa de laticínios de Sorocaba), Antonio Julião Bezerra Damásio e o consultor de Goiás e especialista em extensão rural, Antônio Carlos de Souza Lima Jr.

Queda nas exportações

Por fim, a última opção foi votada por pouco mais que um quarto (28%) dos participantes, entre eles João Fernando dos Santos, da Vigor.

Para o diretor da Fazenda Agrindus (terceira maior na pesquisa Top 100 do MilkPoint), Roberto Jank Jr., haverá diminuição das exportações. "Já existe um redirecionamento da intenção de exportação para o mercado interno, mais remunerador. A dúvida fica por conta da expectativa da produção do ano, visto que partimos de um patamar mais alto, em janeiro, comparado ao ano anterior, o que nos leva a supor que teremos um ano mais ajustado entre oferta e demanda" defende ele.

Segundo Geraldo Antonio Pereira Coelho, supervisor de compras do Laticínio Bela Vista, em Anápolis, GO, "deixaremos de ser um exportador para sermos importadores, caso o dólar fique nos patamares de R$ 2,60'. Segundo ele, há o risco de superoferta como em junho de 2001, quando leite baixou em pleno entressafra, caso não haja exportação. Para Rubens Jardim Quinet de Andrade, produtor de Juiz de Fora, MG, "com o dólar baixo, devido aos altos juros praticados pelo Banco Central, as exportações irão cair".

O agente de compras e supervisor regional de Palmeira, PR, da Líder Alimentos, Marcos Koch Ortiz diz que há uma certa insegurança nas possibilidades de exportações por parte das indústrias. "Estamos no período de transição de safra para entressafra, o que acarretará uma maior procura pelo produto, somando que algumas regiões fortes produtoras estão sendo muito castigadas pela estiagem. Isto acarretará em um grande direcionamento do produto para o mercado interno" comenta Marcos.

Para Antônio Vilela Candal, produtor de leite em Jacareí, SP, mesmo que não sintamos os efeitos em 2005, em 2006 certamente haverá queda, mantida essa situação.

Maior participação de produtores e do estado de Minas Gerais

O perfil dos participantes dessa enquete mostra um predomínio de produtores e da indústria de laticínios, que juntos, perfizeram mais de 70% dos votos (tabela 2).

O estado de Minas Gerais é o maior participante, com aproximadamente um terço do total. São Paulo ficou em segundo com 19% dos participantes (tabela 3).

Tabela 2. Participação por tipo de atividade




Tabela 3. Participação por estado




É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. Nessa enquete, votaram 65 pessoas.


Fonte: Equipe MilkPoint