Enquete MilkPoint: apesar de prazo estreito, maioria acha que IN 51 estará vigorando em julho

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

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Quarenta e quatro porcento dos participantes da enquete que questionou o prazo de implantação da Instrução Normativa 51, que trata das novas normas de produção de leite, acreditam que o prazo é factível e que a IN 51 será implantada.

Para Antônio Carlos de Lima Jr, consultor em Goiás, "o país precisa tomar uma decisão rumo a profissionalização do setor. O prazo já não é mais tão grande mas todos tivemos tempo suficiente para o enquadramento. Aliás, já foi postergada o suficiente. Quem não se adequou, até aqui, também não se adequará em qualquer que seja um possível novo prazo", sintetiza.

A mesma opinião tem Paulo César Alvim Resende, produtor de leite em Minas Gerais: "será um verdadeiro absurdo se mexerem neste prazo, que foi muito longo; quem não se adaptou é porque não quis ou não pode. Se o prazo for alongado novamente, provavelmente não vão querer ou não poderão". Outros leitores tiveram opiniões semelhantes, como Jaime Nishio, da empresa Johnson Diversey.

Ricardo Soares, consultor em Abaeté, Minas Gerais, acha que a IN 51 deve ser implantada, para o bem do produtor profissional, mesma posição de Alessandro Noronha Rodrigues, médico veterinário da Confepar, Paraná: "O Brasil deve deixar de ser aspirante como produtor/exportador de leite, tornando-se mais profissional no segmento e a IN 51 vai demonstrar isto com sua implantação, desde que seja realmente aplicável e exigida". Mesma opinião tem Décio José Schnack, produtor de leite em Lajeado, RS, e Airton Ahlert, da Parmalat-RS.

Agostinho Pedrosa, da Granja Leiteira Sol Dourado, de Goiânia, Goiás, acredita que com a IN 51, o produtor só tem a ganhar, de forma que deveria ser implantada.

Hermann Bruchmann, consultor em Tenente Portela, RS, considera que o prazo é factível, mas alerta: "não vejo grandes esforços, no sentido de produtores, governo e empresas/cooperativas tirarem vantagem de o país ter um leite de melhor qualidade e preparar-se para ser um dos grandes exportadores do setor".

Prazo é estreito

Um número considerável de participantes (38%) entende que o prazo é estreito, mas que a IN 51 será implantada, ainda que parcialmente.

Entre eles, Paulo Sebastião Leme, produtor de leite em Quirinópolis, Goiás, para quem "é necessário forçar a implantação ou ficaremos mais 50 anos com má qualidade, fora dos mercados mais exigentes, inclusive dentro do Brasil. Não se consegue grandes avanços sem que haja uma certa obrigação, pois além de não haver recursos sobrando nas mãos dos produtores, há muita desconfiança quanto à seriedade das normas, regulamentos ou leis, mas, aos poucos é possível mostrar a importância dessa Instrução, que vem para ficar e ser fiscalizada". Para Marcos Túlio Maia, extensionista em Resende Costa, no Pará, "se não doer no bolso, não pega".

Marcos Custódio, Assessor de Qualidade da Leite Nilza, concorda: "Neste momento de busca de melhoria da qualidade é necessário que produtores e indústrias se unam para a implantação dessa normativa que nos levaria a condições melhores de preço e produto, aumentando nossa produtividade".

Já Ricardo Azambuja, sócio dos Laticínios Fazendão, em Niterói, RJ, acho que haverá problemas em algumas regiões, mas que não impedirão a implantação da IN 51.

Mais cético, Fausto Coimbra, estudante da Universidade Federal de Viçosa, MG, acha que a maioria dos produtores do Brasil ainda não possui condições para se adequar à IN 51, no curto prazo. "Acho que já passou da hora dos produtores se adequarem, pois ganha todo o setor leiteiro, consumidor, produtor e indústria".

Para Charles Picinatto, dos Laticínios Milpar, em Dois Vizinhos, Paraná: "o produtor brasileiro ainda está se adaptando à normativa, mas somente com a ajuda financeira do governo a IN 51 poderá ser implantada com sucesso no passar dos anos, e não sob pressão".

Maurício Menezes, produtor em Araxá, MG, acha que a implantação da IN 51 está sob risco pela falta de verba e crédito para produtores e indústrias, que precisam adquirir tanques de expansão e equipamentos de ordenha. "O problema está principalmente nos pequenos laticínios", lembra ele.

Nesse ponto, vale lembrar que, desde o início do processo de granelização, foram comercializados cerca de 100.000 tanques de expansão no país. Considerando que sejam 400.000 produtores de leite (um número conservador) na região contemplada pela primeira fase da IN 51, haveria a necessidade de comercialização de 300.000 tanques até julho. Mesmo considerando a possibilidade de tanques de expansão comunitários, que reduziriam essa demanda, o desafio continua considerável.

Vai complicar

Cerca de 14% dos votantes apontam problemas para a implantação da IN 51. Para José Otaviano Ribeiro, produtor de leite em Cambe, Paraná, existe pouco interesse real na implantação da IN 51. Opinião semelhante tem Marcelo Barbosa Avelar, da Leite Nilza: "o prazo foi mais do que suficiente, que não se adequou é porque não tem interesse nisso", afirma.

Daniela Zantedeshi de Fernandópolis, SP, aponta a necessidade de alteração do RIISPOA, que trata da inspeção de produtos de origem animal, sem a qual a IN 51 não valerá.

Marcos Antônio de Jesus, da Cooperativa Regional de Campinorte, Goiás, também aponta a necessidade de participação do poder público e os problemas de infra-estrutura: "a implantação da normativa 51 depende muito do poder público municipal, estadual e federal: as estradas rurais são sempre capengas, com pontes caindo ou caídas; o fornecimento de energia elétrica, constantemente é interrompido e não existe nenhuma forma de manutenção nas linhas de transmissão, fazendo apenas a política de apaga-fogo. Estes aspectos influenciam diretamente na qualidade do leite", lembra. A mesma opinião tem o engenheiro agrônomo Lírio Rebelatto, de Lapa, PR.

José Pedro Junqueira, médico veterinário em São Lourenço, MG, é mais taxativo: "a medida vem sem bases para um país como o nosso. É interessante, porém anti-social, pois excluiria muitos pequenos produtores e provavelmente os jogaria para a informalidade", lembra ele.

É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. Nessa enquete, 69 pessoas votaram.


Fonte: MilkPoint
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Guglielmo Agostini da Matta
GUGLIELMO AGOSTINI DA MATTA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 15/12/2004

Que venha rapido a IN 51, pois sem ela jamais poderemos ousar o mercado externo de lácteos. Hoje em dia já nao mais somos importadores. O próximo passo e a exportação, mas precisamos de qualidade e qualidade percebida, documentada, legalizada, certificada.

Aí fica minha pergunta: Quem vai certificar as ações de implementação da IN51? Legalmente é o MA, pois este sim tem credenciais para certificação sanitária no mercado internacional. Mas com uma estrutura falida, tanto em recursos humanos como em materiais.

Portanto devemos, sim, cobrar do nosso ministro da agricultura e de nosso presidente, uma estruturacao do MA para implantacao, fiscalização e controle da IN 51.

Guglielmo Agostini
Gerente industrial do Laticinios da Matta Ind. e Com. Ltda.
Miradouro MG
Antonio da Silva
ANTONIO DA SILVA

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 13/12/2004

O Brasil tem todas as condições para ser uma das principais "Plataformas de Exportação" no segmento de Produtos Lácteos. No entanto, quando se trata de dar um passo tão importante como esse (IN 51) para a valorização da matéria prima, surgem todas as dificuldades possíveis e imagináveis, pretexto para continuar prorrogações de prazo para a implantação, etc. Será que não está faltando uma pequena dose de "Profissionalismo" no setor ???

Para Reflexão:

"Existem pessoas que olham as coisas acontecerem"
"Existem pessoas que esperam as coisas acontecerem"
"Existem pessoas que fazem as coisas acontecerem"
Marcos Franqui Custodio
MARCOS FRANQUI CUSTODIO

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/12/2004

Todo processo de transformação gera incertezas e desconfianças. Seria muita inocência de nossa parte imaginar que a implantação da IN 51 não traria alguns transtornos, e que de início, até algum prejuízo para alguns pequenos produtores. Também seria hipócrita de nossa parte dizer que nossa infraestrutura é adequada para implantação no prazo estipulado. A Cadeia Läctea brasileira passou muitos anos achando que todos os seus problemas estavam para ser resolvidos pelo governo (federal, estadual e municipal). Quando esta percebe, que buscando a profissionalização e a qualidade, podemos até exportar nossos produtos, percebeu-se que a solução está dentro de casa. Este é o momento de busca da excelência para novos mercados (tanto internos quanto externos). Hora de inovar e buscar soluções em conjunto com as áreas envolvidas. Quando estivermos prontos, não tenha dúvida que o governo irá apoiar essa área de produção e exportação.

Mas que não fique dúvida que este processo irá causar muitas vítimas (que temos que lutar para que suas perdas sejam as menores possíveis), mas se aplicarmos mais a qualidade e a profissionalização, em futuro bem próximo, seremos um "big player" no mundo do leite.

Marcos Custódio
Assessor da Qualidade
Leite Nilza Ribeirão Preto
José Silva e Silva
JOSÉ SILVA E SILVA

OUTRO - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/12/2004

A "IN 51" deverá ser implantada em 2005 mesmo que parcialmente. Precisamos melhorar a qualidade do leite produzido em nosso país e o nível dos nossos produtores.
Fernando Zaparolli
FERNANDO ZAPAROLLI

PEREIRA BARRETO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 08/12/2004

Sou médico veterinário em um pequeno laticínio em Pereira Barreto -SP, que tem Inspeção Estadual.

Nossos produtores são pequenos, com média de 70 litros/dia. Desde abril de 2003 estamos trabalhando na redução do horário. Faltam apenas 15 minutos para o leite chegar antes das 10h.

Pergunto aos amigos, pois esta é uma duvida de vários amigos na região:

SERÁ PERMITIDA A RECEPÇÃO DO LEITE EM LATÕES DE 50 LITROS PARA O LEITE TIPO C???


<b>Resposta</b>Prezado Fernando,

A Instrução Normativa 51/2002, do MAPA, prevê que o leite C deixará de existir a partir de 01 de julho de 2005 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e a partir de 01 de julho de 2007 nas regiões Norte e Nordeste. No lugar dele, a
matéria prima para a indústria de laticínios no país passará a ser denominada "leite cru refrigerado" em sua totalidade. Uma grande quantidade do leite C que hoje é entregue ã indústria já se enquadra nessa nova denominação, pelo menos no que diz respeito à exigência de ser refrigerado a menos de 7oC na propriedade e
trasportado a granel em tanques isotérmicos até a empresa captadora. Especificamente em relação a sua pergunta, está previsto no "REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE LEITE CRU REFRIGERADO", que:
"13.6. Admite-se o transporte do leite em latões ou tarros e em temperatura ambiente, desde que:

13.6.1. O estabelecimento processador concorde em aceitar trabalhar com esse tipo de matéria-prima;
13.6.2. A matéria-prima atinja os padrões de qualidade fixadas no presente Regulamento Técnico, a partir dos prazos constantes da Tabela 2;

13.6.3. O leite seja entregue ao estabelecimento processador no máximo até 2h (duas horas) após a conclusão da ordenha."

Portanto, não vai mais ser admitida a captação de leite C, mas o tranporte de latões ainda será aceito em situações particulares, como descrito acima. A outra saída para produtores pequenos são os tanques de refrigeração
comunitários, também previstos na IN51. A minha recomendação é que se estabeleça um plano de alternativas técnicas para que estes produtores possam aumentar sua escala de produção em um período de
tempo a ser estabelecido de acordo com as condições do grupo, viabilizando assim investimentos em tecnologias de refrigeração adequadas.

Atenciosamente,

João Dürr
Presidente do CBQL
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