Para Antônio Carlos de Lima Jr, consultor em Goiás, "o país precisa tomar uma decisão rumo a profissionalização do setor. O prazo já não é mais tão grande mas todos tivemos tempo suficiente para o enquadramento. Aliás, já foi postergada o suficiente. Quem não se adequou, até aqui, também não se adequará em qualquer que seja um possível novo prazo", sintetiza.
A mesma opinião tem Paulo César Alvim Resende, produtor de leite em Minas Gerais: "será um verdadeiro absurdo se mexerem neste prazo, que foi muito longo; quem não se adaptou é porque não quis ou não pode. Se o prazo for alongado novamente, provavelmente não vão querer ou não poderão". Outros leitores tiveram opiniões semelhantes, como Jaime Nishio, da empresa Johnson Diversey.
Ricardo Soares, consultor em Abaeté, Minas Gerais, acha que a IN 51 deve ser implantada, para o bem do produtor profissional, mesma posição de Alessandro Noronha Rodrigues, médico veterinário da Confepar, Paraná: "O Brasil deve deixar de ser aspirante como produtor/exportador de leite, tornando-se mais profissional no segmento e a IN 51 vai demonstrar isto com sua implantação, desde que seja realmente aplicável e exigida". Mesma opinião tem Décio José Schnack, produtor de leite em Lajeado, RS, e Airton Ahlert, da Parmalat-RS.
Agostinho Pedrosa, da Granja Leiteira Sol Dourado, de Goiânia, Goiás, acredita que com a IN 51, o produtor só tem a ganhar, de forma que deveria ser implantada.
Hermann Bruchmann, consultor em Tenente Portela, RS, considera que o prazo é factível, mas alerta: "não vejo grandes esforços, no sentido de produtores, governo e empresas/cooperativas tirarem vantagem de o país ter um leite de melhor qualidade e preparar-se para ser um dos grandes exportadores do setor".
Prazo é estreito
Um número considerável de participantes (38%) entende que o prazo é estreito, mas que a IN 51 será implantada, ainda que parcialmente.
Entre eles, Paulo Sebastião Leme, produtor de leite em Quirinópolis, Goiás, para quem "é necessário forçar a implantação ou ficaremos mais 50 anos com má qualidade, fora dos mercados mais exigentes, inclusive dentro do Brasil. Não se consegue grandes avanços sem que haja uma certa obrigação, pois além de não haver recursos sobrando nas mãos dos produtores, há muita desconfiança quanto à seriedade das normas, regulamentos ou leis, mas, aos poucos é possível mostrar a importância dessa Instrução, que vem para ficar e ser fiscalizada". Para Marcos Túlio Maia, extensionista em Resende Costa, no Pará, "se não doer no bolso, não pega".
Marcos Custódio, Assessor de Qualidade da Leite Nilza, concorda: "Neste momento de busca de melhoria da qualidade é necessário que produtores e indústrias se unam para a implantação dessa normativa que nos levaria a condições melhores de preço e produto, aumentando nossa produtividade".
Já Ricardo Azambuja, sócio dos Laticínios Fazendão, em Niterói, RJ, acho que haverá problemas em algumas regiões, mas que não impedirão a implantação da IN 51.
Mais cético, Fausto Coimbra, estudante da Universidade Federal de Viçosa, MG, acha que a maioria dos produtores do Brasil ainda não possui condições para se adequar à IN 51, no curto prazo. "Acho que já passou da hora dos produtores se adequarem, pois ganha todo o setor leiteiro, consumidor, produtor e indústria".
Para Charles Picinatto, dos Laticínios Milpar, em Dois Vizinhos, Paraná: "o produtor brasileiro ainda está se adaptando à normativa, mas somente com a ajuda financeira do governo a IN 51 poderá ser implantada com sucesso no passar dos anos, e não sob pressão".
Maurício Menezes, produtor em Araxá, MG, acha que a implantação da IN 51 está sob risco pela falta de verba e crédito para produtores e indústrias, que precisam adquirir tanques de expansão e equipamentos de ordenha. "O problema está principalmente nos pequenos laticínios", lembra ele.
Nesse ponto, vale lembrar que, desde o início do processo de granelização, foram comercializados cerca de 100.000 tanques de expansão no país. Considerando que sejam 400.000 produtores de leite (um número conservador) na região contemplada pela primeira fase da IN 51, haveria a necessidade de comercialização de 300.000 tanques até julho. Mesmo considerando a possibilidade de tanques de expansão comunitários, que reduziriam essa demanda, o desafio continua considerável.
Vai complicar
Cerca de 14% dos votantes apontam problemas para a implantação da IN 51. Para José Otaviano Ribeiro, produtor de leite em Cambe, Paraná, existe pouco interesse real na implantação da IN 51. Opinião semelhante tem Marcelo Barbosa Avelar, da Leite Nilza: "o prazo foi mais do que suficiente, que não se adequou é porque não tem interesse nisso", afirma.
Daniela Zantedeshi de Fernandópolis, SP, aponta a necessidade de alteração do RIISPOA, que trata da inspeção de produtos de origem animal, sem a qual a IN 51 não valerá.
Marcos Antônio de Jesus, da Cooperativa Regional de Campinorte, Goiás, também aponta a necessidade de participação do poder público e os problemas de infra-estrutura: "a implantação da normativa 51 depende muito do poder público municipal, estadual e federal: as estradas rurais são sempre capengas, com pontes caindo ou caídas; o fornecimento de energia elétrica, constantemente é interrompido e não existe nenhuma forma de manutenção nas linhas de transmissão, fazendo apenas a política de apaga-fogo. Estes aspectos influenciam diretamente na qualidade do leite", lembra. A mesma opinião tem o engenheiro agrônomo Lírio Rebelatto, de Lapa, PR.
José Pedro Junqueira, médico veterinário em São Lourenço, MG, é mais taxativo: "a medida vem sem bases para um país como o nosso. É interessante, porém anti-social, pois excluiria muitos pequenos produtores e provavelmente os jogaria para a informalidade", lembra ele.
É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. Nessa enquete, 69 pessoas votaram.

Fonte: MilkPoint
