Enquete: maior cautela sobre crescimento no semestre

Publicado por: MilkPoint

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A enquete realizada entre 01 e 18/08, com a pergunta "Qual será o crescimento da produção de leite no segundo semestre, em relação ao mesmo período de 2004?", apresentou um resultado equilibrado e números mais baixos do que o crescimento verificado no primeiro semestre, segundo as estimativas oficiais (no caso do primeiro trimestre) e extra-oficiais (segundo trimestre). A tabela abaixo traz os resultados.

Apenas 7% dos votantes consideram que o aumento de 10% (tido como o aumento no primeiro semestre) irá se repetir no segundo semestre. Já 15% entendem que o crescimento no semestre será entre 6 e 10% maior sobre o mesmo período de 2004. A maior concentração está na faixa que aponta crescimento entre 3 e 6% e 0 e 3%, com 26% das indicações cada. A enquete apontou ainda 24% de votantes que acreditam em menor produção no segundo semestre em relação a 2004. "Seria uma surpresa, afinal estamos vindo de um período de grande crescimento", afirma Marcelo Carvalho, coordenador do MilkPoint.

Figura 1

Alto crescimento

Entre os que acreditam em crescimento acima de 10%, estão Luis Fernando Tavolaro, dos Laticínios Tavolaro, em Brotas, SP, João Ziraldo Maia, produtor no Rio de Janeiro e Mauro da Rocha Cruz, produtor de leite em Muriaé, RJ.

A opção entre 6 e 10% teve a preferência de Vicente Nogueira, do Sítio Violeta, em Uberlândia, MG, Antônio Julião Damasio, presidente da Colaso, Sorocaba, SP, Edgard de Toledo Pizza, produtor de leite em Andradina, SP, Maria João Serra, dos Laticínios Gege, em Avaré, SP, Carlos Eduardo Freitas Carvalho, produtor de leite em Novo Horizonte, SP e Pedro Luis Nunes, produtor em Santana do Deserto, MG.

"Muitos estão correndo da soja", diz Silvio Doria, consultor da Capritec, em Espírito Santo do Pinhal, SP.

Aumento de 3 a 6%

Cerca de 26% dos participantes entendem que o aumento será entre 3 e 6%. Entre eles, Renato Fonseca, produtor de leite em Belo Horizonte, MG, Luiz Miguel Saavedra de Oliveira, produtor em Santo Ângelo, RS, Marcos Venicio Bruno, consultor em Jundiaí, SP, Carlos Alberto Gomes de Araújo, engenheiro agrônomo da Cooperativa Carlos Barbosa, RS, Paulo Sérgio Tenório da Silva, produtor de leite em Viçosa, AL, Gil Ambrósio Lopes, produtor de leite em Conselheiro Lafaiete, MG, Adriano Rangel, consultor em Natal, RN, Luiz Eduardo Moraes, da Danone, em Poços de Caldas, MG, Celso Ivan Ferreira, da Embaré, Lagoa da Prata, MG, Marcelo Ferreira, representante da Premix, São José do Rio Preto, SP, Matozalém Camilo, consultor em Ituiutaba, MG e Itajar Lamego Filho, gerente geral da Ilpisa - Valedourado, Itapetinga, BA, entre outros.

Para Clóvis Marcelo Roesler, secretário executivo do Sindilat, RS, "O crescimento está em torno de 10%, mas deve cair em função da queda de preços". Porém, segundo ele, os produtores estão estruturados para aumentar seus volumes e mesmo com preços menores a produção deve aumentar, porém em menor grau. "No Rio Grande do Sul o crescimento, que chegou perto de 40% em alguns meses, deve regredir drasticamente a partir de setembro, devido à antecipação das pastagens de inverno e a falta de reserva de alimentos (silagem de milho) devido à seca no verão passado", prevê.

Edivandro Souza, produtor de leite em Betim, MG, considera que "o cenário é incerto em função da taxa cambial x falta de competitividade no mercado internacional. Estimar um aumento de produção nesse ambiente, marcado também pela queda na remuneração ao produtor, aliada a um passado recente de crise na pecuária leiteira, entre outros fatores, é dar um salto no escuro", alerta.

Ele questiona ainda outros pontos, como "Que produção realmente queremos quantificar? Aquela advinda do aumento tecnológico, da melhoria genética e de um mercado consumidor estável ou a outra decorrente da disparidade entre receita e despesa assinalada pela caneta vermelha no final do mês?" Ele finaliza mais otimista: "deixando o pessimismo de lado, os casos de sucessos e prosperidade existem, embora reflitam a minoria de um universo vastíssimo que compreende esta complexa cadeia por este Brasil afora".

Crescimento entre 0 e 3%

Um número considerável de participantes - também 26% - apontou crescimento entre 0 e 3% no segundo semestre, sobre o mesmo período de 2004. Entre eles, estão Marcos Ottoni, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC, Jorge Augusto Portolann, médico veterinário em Chapecó, SC, Marcos Ortiz, agente de compras da Líder Alimentos, em Palmeira, PR, Eduardo Sanches, consultor em Uberlândia, MG, Márcio Humberto de Faria, consultor em Coromandel, MG, Euzébio Neus, produtor de leite em Não Me Toque, RS, Leandro Kuhl, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em Cascavel, PR, Antônio Carlos de Souza Lima Jr., consultor em Goiás, Sérgio Brandt de Carvalho, gerente da Fazenda Ponderosa, em Atibaia, SP, Eduardo Lopes de Freitas, diretor vice-presidente da Coonai, Ribeirão Preto, SP, Bruno Carvalho Rosa, estudante da Universidade Federal de Goiás, Corumbaíba, GO e José Amândio Soares, supervisor da DPA em Teófilo Otoni, MG, entre outros.

Para João Marcos Guimarães, técnico dos Laticínios Alhambra, em Itanhandu, MG, "a produção não deverá ter um crescimento significativo, pois a queda dos preços em pleno período do que ainda podemos chamar de entressafra desestimulará o produtor de leite a investir mais em quantidade". Arthur César Whitaker de Carvalho, produtor de leite em São Paulo, tem a mesma opinião.

Dando um panorama da situação no RS, Airton José Prediger, engenheiro agrônomo e coordenador técnico de leite da Cooperativa Languiru, em Teutônia, RS, informa que "a produção de leite já está diminuindo a nível de produtor, principalmente em nossa região de atuação, devido a vários fatores: falta de alimentação conservada (silagem) em função da estiagem ocorrida no ano de 2004; queda dos preços a nível de produtor; um inverno pouco rigoroso, fazendo com que as pastagens não se desenvolvessem satisfatoriamente, acelerando o ciclo. Analisando todos esses fatores, acredito que a produção de leite nesse segundo semestre permaneça inalterada ou pouco acima do mesmo período do ano passado, principalmente em nossa região de atuação", conclui.

Diminuição

Quase um quarto dos votantes acredita que a produção no semestre diminuirá em 2005, quando comparada a 2004.

Entre os que apontam queda de 0 a 3%, estão Célia Rabelo, das Rações Santa Rosa, em Coromandel, MG, Vinicius Pegoraro, produtor de leite da Associação Leite Oeste, em Cândido Rondon, PR, Luiz Batista de Rezende, produtor de leite em Goiânia, GO e Antônio Carlos Candil Jr., produtor de leite em Marinópolis, SP.

Para Marcos Vinicios Silva, da revenda de produtos Milktec, em Divinópolis, MG, "muitos produtores de minha região estão inconformados com a baixa dos preços do leite, uma vez que preços dos produtos veterinários e insumos não param de subir".

Wagner Milanello, professor em São Paulo, reclama: "não há perspectivas para incrementar a produção leiteira. País onde um litro de água vale mais que um litro de leite!"

Entre os que apontam que maior do que 3%, estão Paulo César Resende, produtor em Contagem, MG, Helmut Venske Jr, produtor em Castro, PR, Antônio Luis Lima Dias, produtor em Mococa, SP,

Fernando Ceresa Neto, produtor de leite no Distrito Federal, desabafa: "com a dificuldade de produção, os empresários do ramo seriamente comprometidos com a qualidade estão sendo desestimulados a investirem e alguns abandonando a atividade em função das oscilações dos preços do leite, em pleno período de entessafra. Quem possui rebanho especializado, cuja sanidade exige cuidados especiais, tem seus custos elevados mês a mês em função de preços de vários componentes, inclusive medicamentos, serem cotados em dólares. Além disso, as maiores processadoras do leite são multinacionais, cuja importação da matéria prima interessa às suas filiais no exterior. Mais grave, autoridades totalmente desacreditadas e alienadas, desconhecem as agruras do setor, o maior empregador do país".

Lázaro Carvalho Lima, produtor em Jataí, acredita também que, dado o momento de crise, a produção não vai crescer: "pelo contrário, deve cair, afinal temos que ajustar nossos custos, resultando em queda na produção". A mesma opinião tem Ronald Hott de Paula, coordenador da Emater em Governador Valadares, MG.

É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto. Nesta enquete, 99 pessoas votaram.

Vote em nossa próxima enquete:

"A queda de preços já atingiu o limite ou ainda há espaço para novos reajustes no leite produzido em agosto?"

Sim, atingiu o limite
Não, vai cair mais

Fonte: Equipe MilkPoint
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