Dólar derruba preço do leite

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A baixa cotação do dólar, que ontem, 12 de julho, fechou a R$ 2,343, está trazendo mais benefícios para o consumidor: leite e seus derivados estão nas prateleiras dos supermercados com preços até 21,5% mais baixos. Segundo analistas, o aumento das importações do produto traz impactos positivos na inflação, reforçando os índices baixos que já vêm sendo registrados nas últimas apurações.

Segundo Carlos Humberto Carvalho, presidente do Conselho Nacional da Indústria de Laticínios (Conil), o câmbio valorizado, o dólar já caiu 11,7% no ano em relação a o real, tornou os produtos importados mais atrativos. Estes, por sua vez, aumentaram a oferta do produto no mercado, baixando os preços do leite. Além disso, o tímido crescimento do consumo, de 2% ao ano, contribuiu para o atual quadro.

"Enquanto o consumo interno estagnou, a produção aumentou 9,6% em seis meses. Então, começa a sobrar leite. E muito," disse Carvalho.

No supermercado Princesa, que integra a Rede Economia, por exemplo, o queijo esférico Vitória caiu de R$ 14 em junho para R$ 10,98 (-21,57%). E as quedas não param por aí. No Mundial, o litro do leite Parmalat saía por R$ 1,86 mês passado e agora custa R$ 1,79 (-3,76%). Nas Sendas, a marca Elegê caiu de R$ 1,95 para 1,75 (-10,25%) e a Sarita, de R$ 1,69 para R$ 1,45 (14,2%). Ainda no Princesa, o queijo minas Camponato sai por R$ 11,98, uma queda de 20,13%.

"Como há uma superoferta de leite, podemos negociar com outras marcas. É o caso do leite Milenium, que começamos a vender, por R$ 1,09 na quarta e quinta-feiras. E até o dia 28, por R$ 1,19. Marcas similares eram vendidas a R$ 1,49", disse João Márcio Castro, diretor do Princesa.

Deflação no setor ajuda a conter IPCA

Os consumidores já começam a notar a queda de preços. Caso de Ana Valéria Oliveira, que é dona de um restaurante no Centro. Todo mês, ela compra para sua empresa cerca de 40 litros de leite. Em sua casa, gasta três litros por semana, para completar a alimentação de sua filha Vanici, de 7 anos. "Já notei que o leite está em queda. É que eu costumo comparar os preços antes de fazer as compras. Isso é ótimo porque tenho muito gasto com esses artigos", diz.

Segundo João Gomes, economista do Instituto Fecomércio-RJ, a queda de preço do litro do leite vem sendo verificada desde maio. No período de 20 de maio a 22 de junho, o recuo médio foi de 0,55%, segundo o índice da cesta de compras calculado pela instituição. Na análise seguinte, queda de 1,02%. No período de 7 de junho a 7 de julho, caiu 0,85%, um fenômeno atípico para a época, já que no período mais frio há redução na produção (entressafra).

Gomes acrescenta que leite e derivados apresentaram peso significante no IPCA de junho, de 2,4970. Para se ter uma idéia, diz ele, o peso da carne, variável que preocupa os analistas na entressafra, é de 2,7890. O IPCA é o índice que determina o sistema de metas de inflação do Banco Central, e por tabela, a política de juros no país.

"O leite, sem dúvida, ajudou e ainda ajudará os índices a permanecerem em patamares reduzidos", afirma Gomes, que prevê, para julho o IPCA entre 0,25% e 0,30%.

Ainda que o leite acumule alta de 6% no ano, indicando uma recuperação no início do ano, contra 3,18% da inflação, os produtores começam a se mexer. Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, conta que já começaram as negociações com o governo, para que sejam prorrogados os prazos de financiamento de linhas de crédito voltadas para o estoque. Mas, por enquanto, não há medidas de curto prazo em estudo pelo governo.

"Se isso não ocorrer, os produtores inundarão mais o mercado", alerta.

Arthur Voorsluys, diretor da Parmalat, diz que a oferta de leite lhe trouxe preço negociado com o produtor 10% menor em junho. Em julho, a previsão é de outra queda de 10%. Com isso, diz ele, produtos da marca que eram vendidos, há um mês, na faixa de R$ 1,45, hoje estão entre R$ 1 e R$ 1,09, em média.

Fonte: O Globo (por Fabiana Ribeiro), adaptado por Equipe MilkPoint
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Antonio Cesar Ferreira
ANTONIO CESAR FERREIRA

CAJOBI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2005

Pessoal, nós temos que mudar nosso enfoque. Nós temos que mudar nossa direção de pensamento. Não é o dólar alto ou baixo que vai mudar nossa situação. Nós temos que pensar um pouco mais alto. Nós temos que nos reunir e exigir políticas e planejamento para o agro-negócio.



O preço do leite no exterior é de US$ 0,21 a US$ 0,23. Esse é o preço internacional e nós temos que competir com esse valor.



Valorize ou desvalorize o real, o preço do leite em dólar é esse. Nós temos que exigir que na flutuação do dólar os preços (insumos e etc.) para o produtor produzir leite também flutue igual.



No Brasil o efeito do dólar engana a todos nós. Quando o dólar valoriza, tudo aumenta de preço, e quando o dólar cai os insumos não acompanham a queda.



Veja o petróleo, temos certeza que é só o real se desvalorizar o preço da gasolina vai subir novamente. Depois o real se valoriza e o preço não acompanha. Esse tem que ser nosso enfoque.



A lei do mercado é competição, nós temos que produzir leite ao preço competitivo com o mercado externo, não existem milagres no mundo do negócio. Simplesmente valorizar e desvalorizar a moeda não nos torna competentes.



Temos que exigir a queda dos impostos nos insumos do agro-negócio. Temos que exigir a mudança nessa leis trabalhistas. É isso que nos atrapalha, se nos der condições tenho certeza que seremos competitivos.



O que não pode são essas leis antiquadas aplicadas no Brasil com um mundo moderno. Ficar preocupado com valorização ou desvalorização da moeda não vai solucionar nossa situação.



Antonio Cesar Ferreira
João Ziraldo Maia
JOÃO ZIRALDO MAIA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/07/2005

Em comentário a um artigo anterior alertei sobre o efeito "manada", com muitos correndo para a produção de leite, impulsionados por uma euforia em relação aos preços, logicamente, comparados com os anos anteriores.



Uma demanda interna estagnada e um aumento de produção de aproximadamente dez por cento, somados ao baixo valor do dólar, o que impulsiona a importação, só fará o setor retornar ao fundo do poço.



Sem coerência na análise de resultados, a euforia sempre se instala e a gangorra se faz presente, e olha o setor já de píres na mão pedindo socorro ao governo em um quadro negativo de pouco mais de um mês. É muito pouco tempo para a mudança. Certo é que a euforia era artificial ou desmedida.
Qual a sua dúvida hoje?