Só em agosto, as importações de lácteos subiram 153,2 %, para 25,9 mil toneladas. Em valor, foram US$ 66,659 milhões, quase o dobro de agosto de 2015. Já as exportações brasileiras caíram 22,4%, para 6,4 mil toneladas, com uma receita de US$ 20,386 milhões (recuo de 46,9%).
De acordo com Marcelo Costa Martins, diretor-executivo da Viva Lácteos, a redução da oferta de leite no mercado interno brasileiro - devido a problemas climáticos e alta de custos de produção - estimulou as importações. Ao mesmo tempo, esse quadro elevou os preços ao produtor brasileiro - que já começam a perder fôlego -, reduzindo a competitividade dos lácteos nacionais no exterior.
Ainda que bem inferior a 2015, agosto foi o melhor mês para as exportações de lácteos este ano, segundo Martins. A razão foi o volume significativo vendido para a Venezuela - 2 mil toneladas de leite em pó. Apesar de viver uma forte crise, o país ainda é relevante para as exportações brasileiras e respondeu por mais da metade da receita de US$ 96 milhões apurada até agosto. O executivo se diz otimista e afirma que as empresas exportadoras de lácteos estão se preparando para uma demanda que "em algum momento passará a existir".
O diretor da Viva Lácteos não acredita que o cenário de grandes volumes de importação pelo Brasil vá se sustentar no médio prazo. A razão é que a entrada da safra de leite na região central do país, com a temporada de chuvas, deve melhorar a oferta de matéria-prima.
Valter Galan, da consultoria especializada em lácteos MilkPoint, tem opinião diferente. Ele avalia que as "importações devem continuar firmes até o fim do ano". Segundo o analista, os preços internacionais, ainda que tenham subido, continuam competitivos no mercado brasileiro.
Vale a pena ler também:
Balança comercial de lácteos: déficit chega a quase 1 bilhão de litros em 2016
As informações são do jornal Valor Econômico.