A decisão de que o Mato Grosso do Sul só poderá comercializar leite e produtos lácteos industrializados para outros estados preocupa os produtores rurais. É que o estado exporta cerca de 200 mil litros de leite in natura por dia, principalmente para São Paulo e Paraná.
A coordenadora da Câmara Setorial do Leite, Adriana Mascarenhas, disse que o parque industrial estadual tem como absorver a demanda da produção, mas precisa ter condições de competitividade. A imposição da comercialização somente de produtos lácteos industrializados foi um dos resultados da reunião realizada na sexta-feira, em Brasília, entre representantes do Ministério da Agricultura e secretários do setor de todo o país e é válida para todos os municípios do Mato Grosso do Sul, com exceção dos cinco interditados e considerados área de emergência: Eldorado, Iguatemi, Mundo Novo, Japorã e Itaquiraí.
Adriana explicou que para que haja competitividade seria preciso a redução da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e da pauta fiscal. Enquanto o litro de leite é recebido por R$ 0,42 na indústria, ele chega ao mercado por R$ 0,65, ou seja, o valor de referência sobe em função da cobrança da pauta fiscal. Fato que torna o preço do produto acima do valor de mercado.
O pecuarista Vitório Maronezzi está há uma semana sem poder vender seus produtos. Ele comercializava toda sua produção para a empresa Nestlé, em Araçatuba (SP), e agora não sabe o que vai fazer. Sua fazenda fica a 80 km de Campo Grande e no local o trabalho prossegue normalmente com seus 35 funcionários fazendo a ordenha de oito mil litros por dia. A diferença é que a cada dois dias saía uma carreta rumo a São Paulo. Agora, o produto está estocado. O pecuarista disse que tem tentado negociar com os laticínios do estado para tentar a industrialização, mas tem tido dificuldade, uma vez que a crise fez com que as industrias baixassem os preços. Ele vendia o litro do leite por R$ 0,50 para a Nestlé, mas há laticínio de Mato Grosso do Sul oferecendo R$ 0,28.
A produção diária de leite em Mato Grosso do Sul é de 1,3 milhão de litros, mas levantamentos da Câmara Setorial do leite apontam que o estado consome apenas de 30% a 40% da produção e o restante vai para outros estados de forma in natura e industrializado. Sem ter como comercializar, o setor teme a saturação do mercado e a redução do preço ao produtor.
Tentativa
Para tentar reverter a situação, os produtores se organizaram e tiveram reunião com o Secretário de Produção e Turismo, Dagoberto Nogueira, e com o Secretário de Receita, José Ricardo Cabral. Os produtores querem que, na situação de emergência, o governo conceda a redução de impostos.
O setor também quer saber se o governo vai destinar recursos para indenizar os produtores que estão impedidos de comercializar leite nos cinco municípios da zona tampão. "Pelo lado econômico é claro que o gado de corte tem impacto maior no estado, mas pecuária de leite tem importância grande na economia do estado e importância social", afirmou Adriana, ao esclarecer que a maioria (80%) é pequeno produtor que trabalha com toda a família.
Outro problema apontado é que o abate é possível suspender, mas a ordenha é precisa ser feita diariamente. "Leite tem que ordenhar todo dia, se não vende, o quê vai fazer com esse produto? Jogar fora?", questiona Adriana.
Fonte: Campo Grande News (por Inara Silva), adaptado por Equipe MilkPoint
Crise na pecuária afeta setor leiteiro de MS
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