Crise abala imagem da Parmalat nos supermercados

Publicado por: MilkPoint

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O abalo sofrido pela Parmalat no final de 2003 pesou na posição e nas vendas dos produtos da marca nos supermercados. Em alguns casos, como o do leite longa vida, a crise financeira vivida pela empresa, concordatária desde julho de 2004, abriu espaço para o crescimento de outras marcas regionais.

A marca perdeu vendas nas categorias de leite longa vida e em pó, chá pronto para beber, leite condensado e creme de leite, revelou uma pesquisa feita pela revista Supermercado Moderno com 2,4 mil executivos de supermercados e hipermercados de todo o país em 2004. Eles escolheram as marcas que julgam as mais vendidas em suas lojas em 190 categorias.

No caso da Parmalat, a pesquisa mostra que o leite longa vida perdeu oito pontos porcentuais nas menções dos supermercadistas. A marca caiu de 19,85% para 11,95% na preferência dos entrevistados. Mas ainda se mantém na liderança. A Elegê, que tinha 6,1% da preferência, subiu para 7,67% .

Com a perda de espaço da Parmalat, a Italac, que em 2003 nem aparecia na lista das mais citadas, ficou em segundo lugar como marca regional em 2004. O leite Milênio, vendido no Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro, pulou do sétimo para o primeiro lugar no ranking da pesquisa das marcas regionais. Subiu de 4,17% no índice de preferência dos supermercados para 15,59%.

A Parmalat perdeu ainda nove pontos porcentuais no leite em pó, 7,5 pontos no chá Santal e 7,8 pontos no creme de leite Glória. "Foi a marca mais atingida em várias categorias", disse Robert Macody Lund, presidente da Informa, que edita a revista.
A pesquisa mostrou também o avanço de marcas lançadas há um ou dois anos e que já estrearam no ranking dos supermercados nos primeiros lugares. A Nestlé, por exemplo, usou a força da marca Prestígio de chocolate em barra para lançar o bombom da mesma marca. Com 11,26% no índice de preferência dos entrevistados, ele aparece em terceiro lugar na categoria bombons.

As marcas líderes e vice-líderes, que investem pesado em divulgação, foram as que mais cresceram na preferência dos supermercadistas em 2004, entre as cinco primeiras colocadas.

O crescimento médio das marcas líderes foi superior a 4,69 pontos porcentuais. No entender de Macody Lund não se notou na pesquisa uma corrida do consumidor para segundas marcas, de preço menor. Ele observa que o preço pesa, mas não é o fator mais importante. Qualidade, inovação e o marketing também são decisivos na escolha da marca.

Parmalat tenta se recuperar

A Parmalat Alimentos e sua holding Parmalat Participações entraram na sexta-feira com pedido de recuperação judicial, mecanismo da nova Lei de Falências, em vigor desde o último dia 9, que substituiu a concordata.

O pedido dará um alívio imediato à empresa e lhe permitirá negociar em melhores condições o pagamento de suas dívidas com os credores, segundo o presidente da companhia, Nelson Bastos.

Em concordata desde agosto de 2004, a Parmalat teria que pagar, no próximo mês, a primeira parcela da dívida. Esse é o primeiro pedido de recuperação judicial a dar entrada nas varas especializadas de São Paulo.

Antes dela, a Varig entrou com pedido semelhante no Rio de Janeiro. "São duas empresas grandes e casos complicados que estão estreando a nova lei", disse o advogado da Parmalat, Tomas Felsberg. Seu escritório, o Felsberg Associados, tem mais dez pedidos de recuperação sendo preparados, entre eles, alguns de migração da concordata para a nova lei.

A Parmalat Alimentos tem dívida de R$ 850 milhões e a holding deve R$ 1,5 bilhão. A maior fatia é com bancos: R$ 700 milhões da dívida da empresa operacional e toda a da holding.

Segundo Bastos, se o pedido de recuperação judicial for aceito, a empresa terá 60 dias para apresentar aos credores um plano de pagamento das dívidas. "Nós já vínhamos negociando há meses com os credores financeiros dentro dos conceitos da nova lei", lembrou Bastos.

A dívida financeira já está vencida e o objetivo da negociação é adequá-la à capacidade de pagamento da empresa, "sem perdas para o credor", segundo Bastos.

Já o pagamento aos fornecedores, aos quais a Parmalat Alimentos deve R$ 150 milhões, "deverá ocorrer num prazo menor", informou Bastos. "Estamos tentando protegê-los. Os 7.000 fornecedores de leite não podem ficar sem receber", acrescentou.

Bastos explicou que a vantagem do novo regime é que o plano de recuperação da empresa e o cronograma de pagamentos podem ser aprovados por maioria em simples assembléia de credores. "Na concordata, precisávamos da unanimidade dos credores na negociação", lembrou o executivo.

A Parmalat, disse Bastos, está operando normalmente e teve resultado operacional positivo em março e abril deste ano, após dez anos negativos.

Julgamento

O fundador da Parmalat, Calisto Tanzi, deverá ser julgado na Itália a partir de 28 de setembro, por suposto crime de fraude fiscal que levou ao colapso do grupo alimentício.

A decisão, tomada por um juiz de Milão, também inclui no julgamento outras 15 pessoas, entre as quais executivos da Parmalat, do Bank of America e da auditoria Deloitte & Touche.

Fonte: O Estado de S.Paulo (por Vera Dantas) e Folha de S.Paulo (por Sandra Balbi), adaptado por Equipe MilkPoint
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