Cresce demanda por vacas leiteiras

A estabilização dos preços do leite em plena safra e os preços relativamente baixos das rações geram um ambiente de otimismo no mercado e, como não poderia ser diferente, traz reflexos também para a demanda por vacas leiteiras.

Esta demanda é real em muitas regiões do Brasil. No estado de Goiás, a FAEG - Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás, confirma este cenário. Segundo o economista da FAEG, Edson Novaes, há uma grande procura por vacas leiteiras na região, com alta comercialização destes animais em Goiás e para a Bahia. "Houve aumento nas vendas destes animais de aproximadamente 10 a 15%, iniciado no fim de 2004", diz Novaes. Ele também diz que os compradores são ex-produtores de leite que haviam mudado para a produção de soja, e que agora estão voltando para o setor leiteiro.

O economista da FAEG acredita que a demanda por vacas continuará, porém não será tão forte, porque muitos produtores ainda estão pagando dívidas dos anos anteriores.

Novaes diz que isto é uma reação dos grandes investimentos no estado. A FAEG estima, com os dados atuais, um aumento de 2% na produção de Goiás em 2005. Neste ano haverá um investimento na construção de novas fábricas, uma da Itambé com capacidade para 400.000 L/leite/dia e outra da cooperativa de Morrinhos, com capacidade de 200.000 L/leite/dia para produção de leite UHT.

Para Maurício Silveira Coelho, proprietário da Fazenda Santa Luzia, uma das principais produtoras de genética girolando do país, em Passos, MG, o mercado para venda de vacas está aquecido. Ele considera normal que o preço das vacas aumente nesta época, uma vez que se caminha para a entressafra. Porém, segundo ele, neste ano o aumento da procura foi antecipado, tendo iniciado no fim de 2004.

A Embral, empresa de leilões rurais, está vivenciando o mesmo quadro. Segundo o diretor técnico e coordenador de leilões, Agnaldo Lelis, este período foi totalmente diferente dos últimos três anos. "Já havia uma melhora nas vendas há alguns meses, mas 2005 superou nossas expectativas. Acreditamos que esta demanda será consistente". Agnaldo complementa dizendo que com a baixa dos preços dos grãos, os produtores estão alimentando e comprando mais animais produtivos.

Uma exceção para esse quadro é o Rio Grande do Sul, onde a estiagem ocorrida nos últimos meses gerou efeito contrário, diminuindo a procura por animais. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul - FARSUL acredita que haverá uma retomada após o fim da seca. "Havia um mercado aquecido no final do ano, porém com a estiagem houve estagnação do mercado de vacas. Mas isto será momentâneo. Há boas expectativas para a compra de animais após superada a adversidade climática, pois a nossa safra de pasto se iniciará" argumenta Jorge Rodrigues, diretor financeiro e presidente da comissão de leite e derivados.

Preços de vacas leiteiras

Devido a maior demanda por esses animais, os preços estão em alta em muitas regiões.

Para Edson Novaes, da FAEG, os preços das vacas girolando estão em torno de R$ 1.500 a 2.000, havendo um aumento médio de R$ 500 comparado ao ano passado. No caso de holandesas, aproximadamente R$ 2.500.

Segundo Maurício Coelho, uma vaca mestiça recém-parida está nos patamares de R$ 2.000 a 2.500. "O preço de referência era US$ 1.000, porém nos últimos anos chegou-se a comercializar a US$ 600. Acredito que neste ano poderemos ultrapassar estes mil dólares", espera.

No mercado dos leilões, conforme os dados da Embral, uma vaca produtiva de 1^a ou 2^a cria está sendo vendida por R$ 3.000. "Na média, o preço das vacas está entre R$ 2.800 a 3.000, mas já vendemos por até R$ 5.000" diz o coordenador dos leilões, Agnaldo Lelis.

Aumento da oferta?

Apesar desse cenário, os especialistas consultados negaram a possibilidade de haver um possível aumento excessivo de oferta de leite causado pela compras de muitos animais.

O economista da FAEG, Edson Novaes, diz que o mercado está com alta demanda e provavelmente o leite será rapidamente enxugado pelos consumidores internamente e externamente.

Maurício Coelho comenta que muitos animais foram abatidos nos últimos anos, havendo também muita inclusão de animais com aptidão para a carne. "Portanto", acredita ele, "há espaço para que a produção cresça".

Fonte: Equipe MilkPoint