Congresso Internacional do Leite pode chamar atenção para setor leiteiro em MS

A realização do 4º Congresso Internacional do Leite, em Campo Grande (MS), no período de 4 a 7 de novembro, está obrigando as lideranças técnicas e políticas deste estado a olharem para o setor leiteiro, setor este que não vem recebendo muita atenção. Além disto, este segmento, a partir de julho de 2005, provavelmente só sobreviverá se os produtores, a grande maioria assentados e pequenos produtores, tiverem apoio técnico e de crédito para produzirem com mais qualidade e competência do que produzem hoje.

O Mato Grosso do Sul é o 10^º estado brasileiro no ranking dos produtores de leite, atrás do Pará e Rondônia. São 32 mil produtores, sendo 80% deles instalados em assentamentos ou pequenas propriedades e trabalhando com baixíssima produtividade, a mais baixa entre os estados da região Centro-Oeste. A produtividade média no estado é de 1,8 litro/cabeça/dia contra 10,3 litros/cabeça/dia conseguidos em Goiás, conforme pesquisa da FNP Consultoria apresentada ao Correio Rural pelo Departamento Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

Segundo a coordenadora da Câmara Setorial do Leite de MS, a economista Adriana Mascarenhas Braga, o congresso internacional só atingirá os objetivos se um grande número de produtores de leite participar do evento. "A falta de assistência técnica é hoje o maior problema da pecuária leiteira de MS", diz.

Ela também afirma que é muito necessário que se crie um programa de apoio aos produtores de leite. Essa seria uma forma de garantir crédito, apoio técnico e gerencial e assim acabar com a sazonalidade que existe e resulta em oscilação no preço de mercado do leite, inviabilizando a produção. "Esta disparidade de produção da safra para a entressafra aqui no estado ainda é alta, da ordem de 40 a 50%", diz a economista.

Adriana considera a vinda desse congresso internacional para o Mato Grosso do Sul fundamental para que o governo estadual, que tem dado significativo apoio a outros segmentos produtivos, se sensibilize e passe também a apoiar a pecuária leiteira, que tem muito a crescer. "Acho que as autoridades já sentiram a importância social que essa atividade tem, especialmente porque é desenvolvida, mesmo que de forma precária, em todos os assentamentos da reforma agrária", ressaltou Adriana.

Por isso ela acredita que, frente a essa realidade, somada a realização do congresso, o segmento passe a ter a atenção que merece do governo e da sociedade.

Fonte: Correio do Estado/MS (por Mauricio Hugo), adaptado por Equipe MilkPoint