Assim como ocorreu na sessão da véspera, a aversão ao risco dominou as negociações dos grãos na bolsa de Chicago sexta-feira passada (20/08). Os investidores liquidaram ativos considerados mais arriscados, entre eles as commodities agrícolas, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) indicou a possibilidade de começar a retirar os estímulos à economia do país até o fim do ano.
Hoje, os contratos de soja que vencem em novembro, atualmente os mais negociados, recuaram 2,2% (29,25 centavos de dólar), a US$ 12,9075 por bushel. Conforme Enio Fernandes, analista de mercado da Terra Agronegócio, o corte dos estímulos por parte do Fed reduziria a liquidez de um mercado que, no momento, encontra sustentação mais em fatores financeiros do que nos fundamentos de oferta e demanda.
Ainda segundo o analista, os técnicos têm identificado produtividade acima do esperado durante a Pro Farmer Crop Tour, tradicional expedição às lavouras americanas. “Pode ser que a safra não seja tão pequena quanto a projetada pelo USDA”, disse ele, em referência ao Departamento de Agricultura dos EUA.
Nas negociações do milho, os papéis com vencimento em dezembro, sendo atualmente os mais negociados, fecharam em queda de 2,5% (13,75 centavos de dólar), a US$ 5,37 o bushel. De acordo com Enio Fernandes, da Terra Agronegócio, a pressão que surge com o temor de diminuição da liquidez sobrepõe-se aos fundamentos.
O analista diz, ainda, que, apesar de confirmar uma queda na safra americana, a expedição Pro Farmer Crop Tour deve trazer números de produtividade um pouco acima do que o mercado previa. Com isso, a produção tende a crescer.
O analista Jack Scoville, do Price Group, afirma que o mercado climático segue influenciando os preços. “Algumas previsões apontam para uma melhora do tempo, especialmente no cinturão leste [dos EUA]”, disse.
O trigo também fechou a sessão em baixa. O vencimento para dezembro, o mais negociado atualmente, caiu 1,95% (14,50 centavos de dólar), a US$ 7,2825 o bushel.
Segundo Enio Fernandes, da Terra Agronegócio, além da aversão ao risco, a volta das chuvas à Rússia exerceu pressão adicional sobre as cotações. O aumento da umidade tende a melhorar os resultados da colheita.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela Equipe MilkPoint.