Com o crescimento das preocupações do mercado para a reta final da safra de soja na América do Sul, o preço do grão atingiu seu maior patamar desde o início de junho nesta sexta-feira (28/01) na bolsa de Chicago.
O contrato para março, o mais negociado atualmente, subiu 1,5% (21,75 centavos de dólar), para US$ 14,700 o bushel. A posição seguinte, para maio, subiu 1,46% (21,25 centavos de dólar), a US$ 14,7525 o bushel, maior cotação desde 11 de junho do ano passado, segundo cálculos do Valor Data.
O suporte para os atuais níveis, como já era esperado, vem da quebra na safra da América do Sul, em especial na Argentina e no Sul brasileiro. O analista Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, lembra que a previsão para fevereiro não é das mais otimistas para essas áreas, o que deve manter o quadro de baixa produtividade nas lavouras.
“Os mapas para fevereiro não apontam melhora na Argentina, e indicam um cenário apenas um pouquinho melhor no Sul do Brasil”, disse ele. Com isso, Roque observa que não será surpresa a oleaginosa retomar o patamar de US$ 15 por bushel, que já foi atingido na metade do ano passado.
“Os carregamentos do Brasil estão agora mais caros do que os dos EUA. Isso sugere que a China precisará voltar aos Estados Unidos para suprimentos até julho”, reforçou o analista Arlan Suderman, da StoneX, à Dow Jones Newsiwres.
Ainda no Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reportou nesta sexta melhora nas condições da safra de soja do Matopiba (fronteira agrícola que envolve os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia). No Centro-Oeste, principal área produtora do país, as perspectivas também são positivas, enquanto a estatal manteve tom pessimista quanto à safra do Sul.
Além do clima sul-americano, o reporte de boas vendas dos EUA ao exterior ofereceu apoio extra à alta. Segundo o Departamento de Agricultura americano (USDA), exportadores do país relataram a venda de 657 mil toneladas de soja. Foram acertadas vendas de 264 mil toneladas de soja americana para a China para entrega na próxima safra (2022/23), 141,514 mil toneladas de soja para o México para entrega na safra atual (2021/22) e 251,5 mil toneladas de soja para “destinos desconhecidos” para entrega também na safra atual.
Com apoio da oleaginosa, o milho voltou a fechar em alta na bolsa de Chicago. O contrato para março, o mais ativo, subiu 1,72% (10,75 centavos de dólar), a US$ 6,360 o bushel. A posição seguinte, maio, avançou 1,65% (10,25 centavos de dólar), a US$ 6,3325 o bushel.
O cereal tem sido direcionado por dois fundamentos importantes para o mercado americano, que é a referência para Chicago. O primeiro são as preocupações dos traders quanto à área que será destinada ao milho na safra 2022/23 no país — existe risco de a área de soja ultrapassar o cereal pela segunda vez na história, o que deixaria o quadro de oferta e demanda dos EUA mais apertado.
Outro apoio vem da demanda do setor de biocombustíveis — vale lembrar que o etanol americano é feito a partir do milho.
Além disso, o cereal tem suporte de outros fatores, como uma possível os problemas na América do Sul e a possibilidade de conflito entre Rússia e Ucrânia, uma vez que os ucranianos disputam o mercado da China com os Estados Unidos.
Esses fatores ajudam explicar a forte posição comprada dos fundos de investimentos no milho, com mais de 325 mil posições líquidas apostando em sua alta no mercado futuro.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.