Chile: Produtores de queijo apostam na diversificação do consumo
Publicado por: MilkPoint
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O queijo faz parte da sociedade do Chile, país de tradição leiteira. Apesar disso, a categoria é uma das mais imaturas da indústria de lácteos, pois os chilenos ainda têm hábitos conservadores no consumo e em provar novas variedades que existem no mercado.
O mercado interno fatura cerca de US$ 170 milhões. De todos os queijos vendidos, cerca de 75% são do tipo gouda. Depois vem o classificado como manteigoso ou branco e, muito depois, os chamados "queijos finos". Cerca de 85% das vendas correspondem a queijos a granel, sendo assim, um dos desafios das grandes empresas é promover o consumo de produtos pré-embalados, como uma maneira de assegurar a qualidade do produto.
Este é, também, um mercado relativamente fragmentado, pois, apesar da metade do mercado estar concentrada com poucas empresas de grande porte, o restante é dividido entre centenas de indústrias pequenas e fabricantes artesanais.
"O Chile tem um consumo per capita de 125 litros de leite. Quando se decompõe cada uma das categorias, percebe-se que a grande maioria está em uma etapa de alto desenvolvimento ou maturidade, exceto os queijos. Nosso país consome cerca de quatro quilos per capita de queijos, enquanto, em outros países como Argentina, o consumo é de 12 quilos. No Uruguai, o consumo é de cerca de 10 quilos. Isso sem falar de países como França, que consome 22 quilos per capita; Espanha, com 18 quilos per capita", disse o vice-gerente comercial da Soprole, Rodrigo Palacios.
Isso dá a noção do enorme potencial que o mercado chileno de queijos tem, cada vez mais incorporando este produto em novos horários e ocasiões, como aperitivo ou no fim de semana. Além disso, têm sido incorporadas novas variedades diferentes do queijo gouda ou manteigoso.
"Há espaço para novos queijos. O mercado, em geral, tem crescido entre 6% e 7% e os queijos finos, que são novos no Chile, têm crescido entre 15% e 20%. Interessa a nós incorporar os queijos que antes não eram consumidos", disse o gerente geral da Quillayes, Eugenio Tagle Barriga.
Sob esta premissa, a Surlat investirá cerca de US$ 6 milhões em uma nova fábrica de queijos, onde esperam processar 100 milhões de litros de leite por ano. "Nosso objetivo é produzir diversas variedades deste produto lácteo para o mercado interno e para exportações. A fábrica deverá estar funcionando dentro de um ano", disse o presidente executivo da Surlat, Eugen Roth.
O vice-presidente das empresas Calán e Parmalat, Carlos Heller, também tem uma visão positiva do setor. Segundo ele, entre os anos 2002 e 2003, o consumo de queijos apresentou um decréscimo. "No entanto, este ano se tem visto uma maior estabilidade no mercado".
O que todos concordam é que, por ser uma categoria tão fragmentada, é muito competitiva. "Existem muitas empresas médias como nós e isso gera grande competição. Há margens muito estreitas e, por isso, é muito importante exportar para reduzir a pressão no mercado interno", afirmou Tagle.
Queijos para o México
Cerca de 12% da produção de queijos do Chile já são exportadas, o que representa 36,8% dos envios lácteos do país. De acordo com a ODEPA, entre janeiro e junho desse ano foram exportados US$ 15 milhões, o que significa um aumento de 189% com relação ao mesmo período de 2003. Disto, US$ 14 milhões correspondem aos envios ao México (95% do total), seguido de longe pelos Estados Unidos, Cuba e alguns países latino-americanos. Para a Europa quase não são exportados queijos, com exceção de um pequeno volume vendido ao Reino Unido.
"Apesar dos tratados firmados, no caso dos EUA, temos uma cota de 3,5 mil toneladas para produtos lácteos e, para a Europa, 1,5 mil toneladas, somente a Soprole exporta ao México mais do que toda a cota que se fixou a estes dois mercados. Além disso, as cotas são repartidas entre os diferentes produtos e as empresas nacionais, o que dificulta ainda mais a exportação a esses países", explicou o vice-gerente de marketing da Soprole, Rodrigo Cubillos.
Por sua vez, a Quillayes, consciente que o mercado nacional tem muito potencial de crescimento, mas poucas margens, iniciou os trâmites para exportar seus produtos em curto prazo. "Primeiro, nos interessa entrar no México e, depois, ampliamos a outros países que demandam queijo, como Colômbia, Venezuela, América Central e EUA. O mais provável é que exportemos queijo gouda para começar, mas nosso desafio é conseguir entrar nos mercados externos com queijos gruyere e parmesão, ou seja, queijos de maior valor agregado", disse Tagle.
Fonte:Diário Estratégia, adaptado por Equipe MilkPoint
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